Mau hábito

Mau hábito Alana S. Portero




Resenhas - La mala costumbre


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Marcelo 24/02/2024

Resenha disponível no Booksgram @cellobooks ?
O romance "Mau Hábito" narra a jornada de um menino através da adolescência enquanto ele cresce em um corpo que não se identifica como seu e que, por consequencia, tem o ?mau hábito? de se vestir de mulher. A história se desenrola desde a infância da protagonista em um bairro operário devastado pela heroína nos anos 1980, até suas experiências nas noites clandestinas de Madri nos anos 1990.

Desde tenra idade, a personagem principal enfrenta o medo de ser diferente do que seus pais esperam, temendo perder seu amor e aceitação. Esse receio é agravado pelas marcas deixadas pelos comentários preconceituosos dos adultos sobre pessoas diferentes. A narrativa aborda temas como identidade de gênero, aceitação pessoal e social, e as lutas internas e externas que acompanham essas descobertas.

O livro é marcado por uma escrita única, poética e feroz, que captura tanto os momentos de amor e beleza quanto os de dor, tristeza e violência. A autora, Alana Portero, oferece ao leitor uma visão sensível e realista das dificuldades enfrentadas por uma criança trans, além de explorar as nuances da vida cotidiana e das relações interpessoais.

Ao longo da narrativa, somos apresentados a um elenco diversificado de personagens que enriquecem a história da protagonista. O contexto histórico e geográfico, assim como as interações com familiares e vizinhos, acrescentam profundidade à trama.

O romance também aborda questões mais amplas, como a experiência de ser trans em uma sociedade hostil e as lutas contra o sistema que busca marginalizar aqueles que fogem do "padrão". A autora desafia estereótipos e discursos preconceituosos, oferecendo uma narrativa essencial e provocativa.

Por fim, "Mau Hábito" é uma história sobre encontrar um lugar no mundo e aprender a habitar um corpo que, embora possa ser diferente, é igualmente válido e digno de amor e respeito.

?Peço que você leia Mau hábito, de Alana S. Portero, para compreender inteiramente o grau de adversidade, dor e perigo enfrentado pelas pessoas que crescem trans.? ? Pedro Almodóvar
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Toni 18/04/2024

Leituras de 2024 | Cortesia

Mau hábito [2023]
Alana Portero (Espanha, 1978-)
Amarcord, 2023, 288 pág.
Trad. be rgb

“Meus primeiros passos de travesti foram os de uma transformista de um metro e vinte que imitava uma anciã bruxa e revendedora de velharias que tinha cheiro de funerária”. Assim, com uma gestação amaldiçoada, começa a história da protagonista de "Mau Hábito", jovem trans nascida em um bairro operário de Madrid. Entre usuários de heroína, misteriosas figuras femininas e a necessidade de performar uma masculinidade que não lhe vinha com facilidade, o romance acompanha sua jornada por algumas décadas em busca de um lugar numa sociedade que muitas vezes se mostra intolerante ou indiferente a suas dores. Para além da protagonista, as personagens são ricamente desenvolvidas, de maneira que não é difícil compará-las às mulheres dos filmes de Almodóvar.

O risco temporal de “Mau hábito” compreende a epidemia de HIV e a efervescência que se seguiu à Movida Madrileña, com várias referências à cultura pop. Nesse cenário, os desafios da protagonista são enfrentados com a coragem de quem trilha um caminho construído a duras penas por quem lhe precedeu, mas sem mapas ou bússolas para o que virá a seguir. O filtro da experiência da protagonista — que se confunde com a autora que também é trans — transforma até mesmo um rito de passagem relativamente “universal”, o primeiro beijo, em uma experiência anticlimática, inadvertidamente marcada por estigmas sociais e demônios internos. Como lidar com os primeiros sinais de desejo do outro por um corpo não sentido como seu?

Com humor afiado, mas sem se furtar a uma sensibilidade única e por vezes poética, a narrativa de Portero é tanto perspicaz quanto comovente. Impossível não carregar por um bom tempo após a leitura a inesquecível personagem Margarida (outra mulher trans) que protagoniza as passagens mais doídas do romance. No cerne de “Mau hábito”, adversidade e aprendizagem compõem um romance de formação por excelência, atravessado, sim, por violências transfóbicas estruturais, mas que não devem — nem serão — capazes de roubar às pessoas trans o direito à narrativas complexas e representações multifacetadas.
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Randriely 10/03/2024

Mau hábito é um presente para a humanidade e uma poesia de adversidade. Com muita leveza eu termino o livro conhecendo um pouco mais do mundo trans.
Sugiro a leitura pra todos, mas principalmente para pessoas que, como eu, são filhas dos anos 90 e criadas na sombra de uma sociedade hipócrita e cruel.
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Livros e Pão 24/03/2024

Queria mais
O livro é bem escrito, mas me incomodou um pouco o diferente grau de profundidade nos capítulos, que acaba culminando também em diferentes ritmos narrativos ao longo do mesmo livro. Gostaria que a autora tivesse se alongado mais em certos momentos da história. Nem sempre senti o apego com os personagens que gostaria de ter sentido.
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Karlesy 09/01/2024

Um dos grandes favoritos de 2023 ?
Narrativa sensível e impressionante de Alana Portero sobre o desabrochar de uma menina transexual. Romance de formação que permite acompanhar os conflitos, angústias, confrontos, medos e, infelizmente, as violências sofridas por essa mulher transexual pós regime totalitário nazi-fascista (franquismo) na Espanha.
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A cada parágrafo senti a voz de muitas mulheres trans que já recebi em meu consultório, nos quase 15 anos de clínica voltada à questões de gênero. As "rezas para ser menina", o medo da puberdade, a disforia do corpo mudado, a tentativa de performance da masculinidade, o pavor de descobrirem seus segredos, a sensação de ter "algo defeituoso", a dificuldade em olhar seu reflexo no espelho e, finalmente, o entendimento da real identidade. A aceitação da verdade que sempre esteve ali e que só não veio à tona antes por conta da transfobia presente em cada canto de nossa sociedade e de nossas famílias.
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Termino esse livro extasiada pela beleza das palavras e pela forma da escrita ?? Queria ser herdeira pra dar de presente um livro desse pra cada paciente transexual que atendo ou que já atendi ao longo de todos esses anos ?
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"Sabia do meu medo da rejeição, sabia de minha vergonha. À medida que crescia, a vida se bifurcava inexorável, como placas tectônicas que se separam, não tinha forma de segurar as bordas e uni-las em uma experiência lisa."
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"Nada me permitia desabafar, não sabia pintar minha desgraça nem me ocorria escrever sobre ela, para não deixar provas. Então, eu a dançava ou me desdobrava e fantasiava com cenários de libertação. Principalmente, escapava através da literatura, do cinema e da música. Era uma espectadora de tudo o que me rodeava, mas não podia tocar em nada."
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"O ritual constituído por vestir-se, maquiar-se e apresentar-se ao mundo foi uma forma de transubstanciação. A passagem de uma vida fantasmagórica à corporeidade [...] Nunca me senti tão forte e tão vulnerável ao mesmo tempo. Como algo tão lindo, algo tão pessoal e tão extraordinário, como compartilhar com o mundo um feito que vibrava pura alegria, poderia ser percebido com tanta maldade por outras pessoas?"
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@emcadacapa 25/01/2024

Impactante!
Mau hábito atravessa a adolescência de uma menina que cresce em um corpo que não sabe habitar. Acompanhamos sua busca em compreender a si mesma e ao mundo em que vive, desde a infância, em um bairro operário arrasado pela heroína, nos anos 1980, até as noites clandestinas no centro de Madri, nos anos 1990.

?Tinha medo de que meus pais deixassem de gostar de mim se soubessem que eu era diferente do que pensavam. Ouvir os adultos falando de pessoas diferentes deixavam marcas que nunca se apagavam.?

Eu já esperava que Mau Hábito fosse me impactar, mas não tinha noção do quanto. Falar sobre essa história é um tanto difícil, é preciso sentir cada página.

Acompanhamos toda a trajetória da protagonista a partir de seus 6 anos, mais ou menos, e seguimos até sua vida adulta. Vários personagens permeiam sua vida e vão adicionando novas camadas a sua história. Um dos pontos principais é sobre o ser trans em um período histórico altamente desfavorável e em um ambiente mais desfavorável ainda.

Durante a narrativa temos pequenas doses de amor e coisas bonitas, afinal a vida não tem só um lado. Mas também temos muita dor, tristeza, pensamentos ruins e violência. É uma história forte e pesada, então indico cautela em relação aos gatilhos.

?Durante esse ano, foi a primeira vez que pensei com seriedade em triturar minha carne por baixo das rodas de ferro.?

No geral, foi um livro que adorei ter lido, a escrita de Alana é totalmente única, poética e feroz. Por mais que exista um pequeno floreio às vezes, ela não deixa de dizer e transmitir exatamente a realidade.
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Cris609 27/04/2024

Sufocante
A história de uma mulher trans que se amordaçou por anos. Super bem escrito, com muitas metáforas e frases bem construídas, o livro é um constante aperto no peito. Essencial para entendermos um mundo diferente do nosso. Indispensável para quem vive nesse mundo.
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C. Aguiar 26/02/2024

Em Mau Hábito vamos acompanhar uma narração em primeira pessoa de uma menina que está tentando lidar com o corpo em que nasceu, sua infância se passa nos anos 80 em um bairro operário completamente devastado pela heroína. 
Desde muito nova a personagem passa por diversas questões, uma delas é o medo de não suprir as expectativas dos pais por ser diferente do que eles e a sociedade esperam que ela seja!

Com o passar das páginas vamos vendo uma escrita feroz e poética que narra uma vida de lutas internas, identidade de gênero e problemas sociais. É um romance cru e cheio de camadas, em muitos momentos o leitor passa raiva e dá aquele nó na garganta devido à quantidade de humilhações e absurdos que a personagem vai sofrendo ao longo da leitura.

Nessa leitura vamos observando vários personagens e suas interações, vemos o quanto para alguns a mulher é vista como "uma coisa", sendo ela cis ou não. O livro aborda diversos assuntos, inclusive violência contra a mulher, a experiência da vivência trans em sociedade, como também vários esteriótipos e discursos preconceituosos!

Essa foi uma leitura muito interessante, entendo porque o livro está sendo considerado um dos 10 melhores livros da Espanha em 2023 pelo jornal El País e foi vencedor do prêmio Time Out Cultura. É um livro que toca sua alma, ele fala que todos são merecedores de respeito não importando qual corpo habitam e fazendo tudo isso com uma narrativa muito provocativa, intensa e envolvente.

Se você está procurando um romance profundo e bastante reflexivo, sugiro dar uma olhada nessa história e aproveite para conhecer os outros livros desse novo selo do grupo editorial record.

site: http://www.seguindoocoelhobrancoo.com.br/ ou https://www.instagram.com/coelhoobrancoo/
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lipelimma 29/02/2024

Mau hábito - Alana S. Portero
Lido 29/02/2024 📖
Nota: 4.0 ⭐
⭐⭐⭐⭐⭐ Premissa ou Primeiras Impressões
⭐⭐⭐⭐ Protagonista(s)
⭐⭐⭐⭐ Personagens secundários
⭐⭐⭐⭐⭐ Conexão com a História
⭐⭐⭐⭐ Page-Turner
⭐⭐⭐⭐⭐ Temas importantes ou Representatividade
⭐⭐⭐ Universo ou Ambiente
⭐⭐⭐ Elemento Surpresa ou Plot Twist ou Final
⭐⭐⭐⭐ Escrita ou Narrativa
⭐⭐⭐ Frases ou Citações
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bobbie 18/04/2024

Que OBRA!
Como Alana S. Portero conseguiu construir - a palavra é construir mesmo - uma obra dessa em sua primeira publicação? A resposta é simples: estudos literários e dor, muita dor ao longo da vida. O resultado é um livro de formação sobre sua construção enquanto mulher trans. Todos deveriam ler livros assim para entenderem os efeitos que a mente pequena, a limitação e o preconceito exercem sobre as vidas dos outros, que em nada interferem nas nossas. Livro crucial.
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Caê 09/04/2024

Sem palavras.
Esse livro deveria ser leitura obrigatória para todas as pessoas, seja trans ou cis, me emocionou em tantas línguas, tocou na ferida, mas foi algo tão importante.
O último capítulo me deixou sem palavras, foi um abraço tão apertado que me deixou sem ar.
Não sou fácil em chorar com livros, mas esse me fez chorar rios.
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Lurdes 21/02/2024

Nascer no corpo errado é f...
Que o diga a protagonista e narradora desta história comovente.
Uma mulher, em sentimento e alma, mas que habita o corpo de um menino.
Um romance de formação que acompanha sua vida desde a infância, onde já se enxergava como uma menina, passando por uma adolescência obviamente conturbada, até chegar à vida adulta, entre os anos 1980 e 2012.

Quanto sofrimento poderia ter sido evitado se a sociedade estivesse preparada e fosse acolhedora o bastante para simplesmente aceita-la e respeita-la.

Ela nasceu e cresceu em um bairro operário de Madri, em que o prédio popular em que morava, igual a tantos outros das redondezas, dividia espaço com terrenos baldios ocupados por jovens viciados em heroína, sem perspectiva de uma vida melhor, sem escolas ou assistência adequada, sinal do descaso das autoridades.

Desde muito pequena, sente afinidade com aquelas mulheres que vivem alijadas da sociedade e delas tenta se aproximar, como a "bruxa" Peruca, a trans Margarida, além de tantas outras, travestis, prostitutas, que vai conhecendo e que a auxiliam a se descobrir e se compreender.
Por um período, ainda tenta se encaixar no papel masculino, inclusive frequentando jogos de futebol, mas é impossível vestir esta capa de masculinidade que não lhe pertence.
Por sorte sua família nunca a rejeitou. Seus pais e seu irmão sempre a acolheram, mesmo que não entendessem o que acontecia com ela.

Mas se nem ela compreendia exatamente o que se passava. Ou quando compreendia, como se assumir publicamente como mulher?
As agressões que sofre por pouco não a levam a tirar a própria vida.

Um livro incrível.
A autora tem uma escrita muito envolvente e consegue passar toda a angústia de sua personagem.

Agradeço ao @grupoeditorialrecord
pelo envio desta pérola, que marca, com outros dois títulos, o lançamento do selo Amarcord.

Nesta semana em que se comemorou o Dia da Visibilidade Trans, eu não poderia ter melhor indicação.
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Maysa 30/03/2024

"Ainda não havia aprendido que a violência machista acontece independentemente do que nós, mulheres, façamos ou deixemos de fazer".

Quando li a sinopse desse livro tinha certeza que iria gostar muito da leitura e, felizmente, foi isso que ocorreu.

O livro lembrou muito a história e narrativa de outro livro, "O parque das irmãs magníficas", então não há como ser ruim.

Nos é narrada a história de uma mulher trans, desde como foi sua infância até a fase adulta e por tudo que ela passou. O livro mostra a realidade: o mundo não é seguro para quem faz parte da comunidade LGBTQIAP+.

Pessoas trans nascem assim, então se deve ver com normalidade crianças trans, pois é nessa fase que começa as descobertas e não é diferente sobre o gênero. Devemos acolher nossas crianças.

A narração em primeira pessoa nos deixa mais próximos da protagonista, e das lutas internas em aceitar quem de fato ela é. Podemos sentir todo seu sofrimento, seja pelo preconceito ou pelo medo. Ser parte da comunidade LGBTQIAP+ é resistência e também saber lidar com o medo de existir, quantas pessoas da comunidade saem para as ruas e nunca mais voltam para suas casas?

É uma narrativa forte, reflexiva e emocionante. Não consigo imaginar alguém realizando essa leitura e não sentindo revolta pela grande parte da sociedade preconceituosa que existe.

É um livro sobre amar a si mesmo e também se aceitar. É sobre luta por ser quem você é. É sobre ter medo, mas também ter coragem para ser quem é.

Um livro perfeito para ser abordado o tema com nossos alunos em escolas e os ensinar a se amarem como são e também o respeito ao próximo, a aceitação ao diferente de você e sobre a empatia.
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Bianca 04/02/2024

Livro simples e lindo
Linguagem simples, direta, clara e bonita, retrata um universo que muitas vezes passa despercebido por muitos de nós pessoas cis ainda que não heterossexuais, é um livro lindo sobre a construção da identidade de uma pessoa, de como a sociedade impõe suas regras? vale bastante a pena especialmente para compreender melhor a dificuldade de aceitação de pessoas trans.
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Andreia410 13/02/2024

Emocionante
Que livro lindo e emocionante. Me abriu portas para conhecer um pouco mais do mundo trans.

Através da narrativa de uma menina trans, o livro vai contando sobre esse universo. Medos, angústias, estranhamentos, aproximações e rejeições. Longe de ser uma narrativa de uma história só, a autora fala sobre as histórias de outras trans e como, aos poucos, ela vai adentrando esse mundo e também conhecendo essa realidade.

Provocou reflexões e gerou aprendizado.
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