M. Araújo 05/10/2023
Um conto de fadas macabro, violento e maravilhoso!
Em 1846, a floresta Latimer bebeu sangue. Em meio as árvores seculares e aos caminhos tortuosos e desconhecidos, um assassino violento aguardava a hora de fazer sua próxima vítima. Enquanto isso, Sophie Jones, é obrigada pela família de criação a fazer trabalhos exaustivos e a passar por situações humilhantes. No entanto, ao conseguir uma oportunidade de emprego na grande Mansão Mohr, Sophie descobrirá segredos sobre si mesma e ficará frente a frente com a verdade sobre o Monstro de Latimer.
“Mansão Mohr” é o livro de estreia de Patrícia Ferreira, e o primeiro livro da série “Cálice da Morte”. Com uma escrita envolvente e arrasadora, Patricia nos guia pela realidade dura de Sophie, que enfrenta grandes embates para sobreviver aos maus tratos de sua madrasta, tendo como apoio somente sua própria coragem e sua melhor amiga. A trama se desenrola com viés de contos de fadas, mas logo pende para o obscuro com divagações angustiantes sobre morte, ocultismo e cenários explícitos de horror e crimes violentos.
Esse é o tipo de livro que te pega na primeira frase, que te conquista em um capítulo e que não dá pra largar até acabar. NÃO DÁ! Perdi as contas de quantas vezes quis abrir mão das minhas obrigações só pra passar mais tempo com essa história, porque cada linha era um encanto diferente.
MM é um sabor de história, com toda a crueza do horror e do sobrenatural. Foi meu primeiro contato com #romancedark, mas não me decepcionei nem um pouco, já que Patrícia sabe como ninguém te colocar de frente a umas situações bizarras que se tornam em cenas muito intensas de paixão. Gostei da coragem da autora ao descrever bizarrices usando palavras bonitas, em nenhum momento senti que ela tinha receio de narrar qualquer coisa, e foi isso que me encantou. Não é uma crueza banal, um vocábulo mal utilizado, usando de ofensas, violências e palavras horríveis a fim de gerar temor e choque. É muito bem escrito, de verdade!
Sophie é uma personagem inocente, mas que cresce muito com a trama e que se torna alguém livre de hipocrisias. Os outros personagens também tem muitos mistérios e camadas, o que te faz ansiar por saber mais sobre eles e procurar desesperadamente por respostas, o que torna “Mansão Mohr” ainda mais viciante – além de ter um CORVO de estimação.
Fui realmente transportada para a Europa medieval e passei um tempo perturbador e enriquecedor por lá, além de sair com satisfação, já que foi uma experiência maravilhosa.
O livro aborda trauma, emancipação feminina e ainda tem tempo pra discutir várias outras questões. Mas também sobra espaço pra romance e hot de milhões, e o melhor que li esse ano, e olha que não curto muito ler essas coisas. O que achei legal aqui é que a autora fugiu do clichê de personagem pura, virginal e incorruptível, dando espaço para uma jovem que se torna uma mulher livre de verdade, tanto mental quanto fisicamente, sem tempo pra repetição de livros desse teor espalhados por aí.
Muito obrigada, Patricia, pela confiança e pela oportunidade de ler essa obra-prima, já tô esperando muito os próximos porque sei que serão INCRÍVEIS.
Se fosse pra elogiar tudo que tem aqui eu ficaria horas, mas acho que por hoje é só, então venha se perder em meio aos demônios da grande “Mansão Mohr”.