Thais Lima 07/12/2022
Temperado com muita confusão e uma dose de insanidade
Quando fiz uma resenha de Avyssos, livro da mesma autora de Entre Naipes, eu disse que Mariana Lucioli tinha potencial de tornar um dos maiores nomes da fantasia nacionais nacional. Entre Naipes só reforçou minha teoria de que nós temos, de fato, um nome muito forte na literatura nacional. Avyssos já era bom, mas a Mari se superou em Entre Naipes. O leitor sente um salto imenso em qualidade de escrita, narrativa e desenvolvimento. De um livro pra outro, ela se desenvolveu muito.
O livro, como sugere a sinopse e a capa dele, é uma história inspirada no já existente Alice no País das Maravilhas, maravilhoso clássico atemporal que já inspirou diversas obras de diversas mídias que expandem ou recriam seu mundo. Eu não sei dizer exatamente qual é o caso do livro Entre Naipes, mas acredito que seja uma recriação da história, já que nesse livro o Chapeleiro Maluco e a Lebre Maluca são mulheres e alguns outros detalhes, que eu não vou contar porque seria spoiler, se modificam do original.
Mas é importante ressaltar que, apesar das nítidas mudanças, a Mari foi cuidadosa o suficiente para trazer a essência do clássico de amamos da sua maneira mais pura. O mesmo grau de loucura e insanidade que nós tanto amamos em Alice, está presente em Entre Naipes. O mesmo universo louco, sem sentido e confuso, a Mari conseguiu trazer pra história de um modo divertido, perspicaz e maduro. Sim, é importante ressaltar: Entre Naipes não é um livro infantil. Inclusive tem umas cenas de gore que eu não recomendo pra menores de 16 anos. Eu, com 27, fiquei ligeiramente tramautizada com uma cena em especial.
A história é muito bem amarrada e a trama é desenvolvida de uma forma que mantém o leitor entretido e envolvido com a história que está sendo contada. E não tem como não gostar dos personagens (mesmo o Cheshire, que aparece mais pro final, mesmo assim é cativante). A vilã, Sigrid, acho que é uma das vilãs mais interessantes que eu li esse ano. Ao mesmo tempo que passa uma vibe de delicadeza, ela pode ser brutal e completamente louca.
Eu gostei muito também dos nomes dos capítulos, eram sempre uma frase que acabava sendo muito engraçada.
Eu, como fã de Alice no País das Maravilhas e seus retellings, amei Entre Naipes. Com certeza um dos melhores que li esse ano!