Resenhas - Em algum lugar lá fora

Ramon 30/11/2023

Revolta.
É um livro repleto de revolta, seja de forma explícita ou implícita, como na brilhante adoção dos termos "sequestrados" e
"ladrões" durante toda a narrativa. A história é muito fluida, apesar de sofrida e dolorosa, e também ativa (contrapondo-se à pseudo-passividade imposta) e lindamente entrelaçada em cultura, ancestralidade e respeito. Livro lindo!

Anelena 28/11/2023

Uma visão aguçada da máquina colonial
A história se passa em algum lugar dos Estados Unidos escravagista, e é contada por cinco personagens de vozes muito distintas, mas que vivem sob o mesmo infortúnio - William, Cato, Margareth, Pandora e Ramson.

No inicio, eu havia me incomodado com a leitura por achar que seria apenas mais um livro com violência gráfica, mas é muito mais que isso.

Ao dar voz aos Sequestrados, contando a história de seu martírio e de sua busca por liberdade, Jabari Asin consegue ir além do protocolar e acadêmico sobre o tema. Ele inclui a humanidade, o calor e o amor dessas pessoas como força motriz de resistência.

Me agradou muito também a nomenclatura anticolonialista adotada (Sequestrado/Ladrão) e a experimentação única que cada personagem tem com a reverencia aos ancestrais.

Com certeza um livro que vale a pena ser lido.

cammealves 26/11/2023

Para compreender de novas formas a estrutura social-cultural
A frase que marca o título e permeia por todo o livro aparece sempre carregada de muita força, cheia de profundo desejo, esperança, ancestralidade e liberdade. Marca o que todos mais ansiavam e, ao mesmo tempo, temiam. Tanto pela expectativa de uma vida melhor, como pela crueldade da única realidade que conheciam: seria mais do mesmo.

Os personagens são marcantes, demonstrando, cada qual a sua maneira, a força que possuem.

Uma coisa que gostei muito no livro é que o autor traz para a história um valor significativo às palavras. Com as definições de Sequestrados e Ladrões, com as histórias que usam como fonte de esperança, com as palavras sussurradas ao nascimento que são fonte de força, com as palavras que precedem a imaginação incitada pela afirmação ?em algum lugar lá fora?. Em diversos momentos é possível perceber como as palavras salvam.

E paralelamente mostra uma personagem que escolheu não mais falar, guardando para si as palavras que nunca poderia passar ao filho arrancado de seu seio antes mesmo de entender a dinâmica da vida na qual nasceu. A mulher que escolhe emudecer-se luta silenciosamente proporcionando uma arma eficaz contra os Ladrões: envenena pacientemente os biscoitos mais desejados por toda a região.

O respeito pelos ancestrais é outra coisa que admirei na leitura. Faz arrepiar perceber o quanto carregamos conosco aqueles que vieram antes de nós. O autor mostra isso de maneira singela, para Cato de forma direta e consciente, pois estava aberto para isso; para Willian de forma mais sútil e velada, deixando para relevar apenas quando ele estivesse pronto para aceitar o cuidado dos seus.

Tudo no livro é um manifesto contra o horror da escravidão. Contra o horror da crença branca de ser a raça superior. Ao mesmo tempo em que da foco exatamente ao que os Sequestrados podiam conseguir se se permitissem sonhar com o lugar lá fora; a liberdade.

É daqueles livros que nos coloca em desconforto, prende a respiração, chega a causar dor física, porque tem uma narrativa envolvente e precisa.

Além disso, mostra a realidade de vidas vividas antes de nós que podem nos ajudar ver novas formas de compreender ?não apenas as engrenagens da máquina colonial, mas principalmente suas feridas que persistem nas relações sociais, culturais, políticas e afetivas?, como bem pontuou Micheliny Verunschk.

Clarissa130 22/11/2023

?Descendemos dos fortes?
O livro relata a história da escravidão nos EUA predominantemente pela visão dos ?Sequestrados?, os indivíduos negros escravizados pelos ?Ladrões?, os brancos. Nesse sentido, é um livro forte, violento, por vezes até mesmo intragável, ao mesmo passo que é nobre e extremamente delicado em abordar temas como ancestralidade, misticismo, amor e desejo por liberdade. ?Nós descendemos dos fortes? é uma frase repetida inúmeras vezes para que possam lidar com a realidade penosa da escravidão, a única realidade que conhecem.
?Em algum lugar lá fora?, para além da vista do ladrão, além das suas terras, há um chão em que seriam livres, longe dos trabalhos penosos, das humilhações e do tronco em que são punidos. Se permitir sonhar com esse ?lugar lá fora? já é um ato de rebeldia, um início de liberdade perfeitamente narrada nesse romance.
Excelente!

Maria.Luiza 21/11/2023

Escravidão e um mundo fantástico
Apesar de se tratar de um livro com temas tão triste e profundos, o livro trás uma leveza e esperança ao leitor. A leitura é rápida e fluente.

Livia M. 19/11/2023

Impotência x Esperança
Revoltante
Um tema pra nunca ser esquecido
A denúncia constante para não ser repetido
O poder de uma escrita
Impactante

Renata.Mieko 19/11/2023

É sempre devastador ver relatos como esses.
Fico feliz de esse ter tido um desfecho feliz, apesar da maioria não ter tido.

Klelber 12/11/2023

Pesado
Um livro carregado de sofrimento. A gente fica imaginando como era cruel essa época, o tratamento dado a essas pessoas. Terrível...

Gisele567 12/11/2023

Em algum lugar lá fora
Na obra Em algum lugar lá fora, conta a história de escravos, como o próprio texto expõe, sequestrados, e de seus sequestradores e ladrões, faz um apanhado nas engrenagens da máquina colonial, nas feridas criadas por elas que se estendem ao mundo atual.

Lilliancs 10/11/2023

Em Algum Lugar Lá Fora
É uma história muito forte que narra as atrocidades cometidas contra as pessoas escravizadas, ao mesmo tempo que mergulha na afetividade e relacionamentos dessas mesmas pessoas.
Com várias pontos de vista o livro acompanha o desenrolar dos acontecimentos e romances de quatro cativos.
Tem uma prosa muito boa e a leitura flui perfeitamente, apesar de precisar fazer uma pausa em alguns momentos para absorver a crueldade das ações descritas.
A nomenclatura usada pelo autor também chama atenção ao usar os termos ?ladrões? e ?sequestrados?, achei muito apropriado.

Rodolfo 10/11/2023

Leituras abordando o período de escravidão nunca são fáceis, seja ambientado em qualquer parte do mundo.
Nesse livro acompanhamos a história de um grupo de escravos de uma fazenda no sul dos Estados Unidos. 
Tratando das condições imagináveis em que os Sequestrados (escravos) eram tratados pelos Ladrões (donos das fazendas), somente por um único motivo: a cor da pele. Motivo esse que permitia aos escravos serem tratados como mercadoria ou até mesmo como animais.
Alguns recursos utilizados pelo autor soaram bem interessantes, como os diálogos: quando a conversa era entre os escravos, a escrita era correta, mas quando era entre escravos e "sinhô" tinha toda a ausência de estudo e aprendizado da língua presente, mostrando que a comunicação também é característica de um povo.
O fato de os capítulos serem alternados entre os personagens também serviram para mostrar diversos ponto de vista referente a uma mesma situação.
Uma leitura difícil e em algumas partes pesada, mas sem dúvida necessária decido a importância de nunca esquecer dos erros do passado.

ogatoleu 07/11/2023

Desapontada
Fico duplamente triste em não ter gostado desse livro. Um: porque foi o primeiro livro que recebi da TAG. Dois: porque é um tema tão importante e a premissa tinha tudo pra ser bem desenvolvida.

O problema desse livro é que faltou uma certa maestria, uma certa maturidade na escrita do autor. Quando leio um livro, é claro que ele vai me manipular de alguma forma, mas esse livro fez isso de um jeito muito óbvio. Gosto de ser manipulada por um livro sim, mas quero não perceber as cordinhas me suspendendo. Não gostei de como "Em algum lugar lá fora" fez isso.

Recomendaria esse livro pra um público juvenil, porque o tema é de fato importante (principalmente pra quem é jovem e está em processo formativo) e quem está numa fase mais inicial da vida tende a se surpreender mais com as coisas. Não foi o meu caso. Achei tudo muito previsível e os personagens muito estereotipados (principalmente o Zander, que achei um estereótipo ambulante).

Se você gostou desse livro, fico feliz que ele te tocou de alguma forma. Eu sou uma amargurada literária mesmo kk Espero que os próximos livros da TAG sejam mais do meu gosto.

Jedson 06/11/2023

Em algum lugar lá fora
Livro trata das condições de escravidão principalmente do lado religioso e emocional dos personagens. Além de usar termos como Ladroes para os senhores de engenho e sequestrados para os escravizados. Muito bom a narrativa da fuga dos escravos até o lugar de liberdade.

Erica.Barone 26/10/2023

Esperava mais, sob a roupagem de uma distopia, o livro gira em torno das atrocidades que eram cometidas contra pessoas escravizadas, mas sem muita originalidade. Na minha opinião, também o recurso de utilizar múltiplos narradores não contribuiu para a fluência da história.