spoiler visualizarsuesu 11/05/2024
Por amor tudo é possível?
Tenho muita coisa para falar mas tentarei ser concisa. Esse é um livro cheio de potenciais desperdiçados ou mal utilizados. A Sarah criou personagens incríveis e interessantes e não utilizou seu completo potencial nessa conclusão da trilogia e isso me frustrou.
O crossover com Acotar precisava ser feito com muito cuidado, para não descaracterizar personagens já estabelecidos e não criar problemas maiores do que poderiam ser resolvidos. Eu sinto que isso foi parcialmente feito com sucesso.
Os primeiros capítulos, do ponto de vista da Bryce quando ela está em Prythian, são cativantes. Eu adorei ver a interação entre os personagens. Essa viagem até lá serviu para trazer informações necessárias para a Bryce, mas a cena dela com o Azriel e a Nestha matando aquela asteri me pareceu como um treinamento para a batalha final. Me incomodou bastante como foi conveniente demais.
Inclusive, na sequência final em que a Bryce utiliza o chifre para pedir a máscara a Nestha, me surpreendeu bastante a Nestha aceitar tão facilmente. Na ordem cronológica, os acontecimentos desse livro se passam depois do nascimento do Nyx, o que me deixa pensando em como o Rhysand não interferiu mais nessa história, visto que ele deve estar sendo o mais territorial possível após o nascimento do bebê. Fico com esse questionamento.
Toda a sequência da fuga de Hunt, Ruhn e Baxian da prisão dos asteri foi eletrizante, uma das melhores do livro com certeza. Lydia foi um personagem que cresceu bastante pra mim, todas as revelações feitas sobre ela me deixaram surpresa e chocada.
Hunt e Ruhn estão diferentes nesse livro. O Ruhn sendo inflexível com a Lydia no início me deixou ligeiramente chateada. Ele não precisava entender logo de cara, mas deveria ter dado o benefício da dúvida a ela. Mas ainda assim, Ruhn e Lydia são o meu casal favorito e adoraria ler mais sobre eles e a família que eles pretendem construir.
Hunt e Bryce tem diversos atritos, o que é interessante. Geralmente os casais da Sarah trabalham em conjunto, mas aqui, a Bryce muitas vezes trabalhava sozinha e o Hunt só ficava sabendo de tudo junto com os outros personagens. Ele tinha muitas dúvidas, receios e medos, sentimentos que fazem sentido devido a tudo que ele viveu, mas isso foi mal explorado. Bryce e ele estavam desalinhados em vários momentos, com situações mal resolvidas e isso permaneceu durante boa parte do livro.
Fury, Hypaxia e Ariadne, são personagens interessantes que não são explorados o suficiente. Ao contrário de Ithan e Tharion, que tem vários capítulos de ponto de vista e desenvolvimento, que às vezes não levam a lugar nenhum.
Hypaxia, inclusive, ganha muito poder e posição após uma série de acontecimentos (que nós não vemos acontecer, o que é uma pena) e descobre, muito rapidamente, a cura para o parasita que os asteri haviam colocado na água de Midgard. Eu posso me deixar levar e pensar que a Hypaxia conseguiu essa proeza por ser a mais inteligente e esperta entre as demais, masss... Só soou conveniente demais. Um parasita, que ninguém tinha ideia que existia, ser tão facilmente descoberto e tão facilmente remediado.
Ithan, um personagem que não tem confiança em si mesmo, e que precisava passar por esse arco de desenvolvimento em que ele é forçado a assumir uma posição de poder que ele não quer. Isso é interessante de ler? Sim, MAS o Ithan é tão relutante e obtuso em enxergar a si mesmo como uma opção, que se torna cansativo e frustante. É complicado ler ele tentando remediar as consequências de suas próprias atitudes com soluções mirabolantes e difíceis quando nós (e até os outros personagens da história) já sabemos que a melhor solução é o próprio Ithan assumindo esse papel de poder. Esse longo caminho poderia ser encurtado.
Outra observação é todo o rolê com a Sigrid Fendyr não ter dado em nada. Ela ir para o lado da Sabine? Não fez sentido. E também fiquei surpresa com a pequena insinuação que a autora deixou de que Perry e Ithan possam se tornar um casal no futuro, quando a construção em Casa de Céu e Sopro indicava um final Ithan e Sigrid. Me pergunto o que fez ela mudar de ideia ou se estou sendo enganada (espero estar sendo enganada).
Tharion, um personagem carismático que acabou se perdendo e tomado atitudes tão questionáveis... Eu sei que esses são artifícios que ela utilizou para dar brecha para futuras continuações, mas isso me desagradou muito. Ele se metia em alguma confusão, se arrependia, e depois cometia os mesmos erros novamente, como um ciclo, que ficou cansativo de ler. Em alguns momentos esse padrão repetitivo até me arrancou uma risada, mas no geral só fiquei frustrada mesmo. Entendo que Sathia e Tharion provavelmente terão mais destaque nos futuros livros da saga (e sim, eu tenho certeza que terão mais livros).
Bryce nesse livro estava mais petulante e descuidada do que nunca. Os planos criados por ela não tinham sustância, todos pareciam simples demais, e o pior, funcionavam (eu culpo o poder do protagonismo).
Os asteri são uma ameaça quase onisciente, onipresente e onipotente, mas eu sempre fiquei com a sensação de que a Bryce e os outros personagens dariam conta deles muito fácil, e foi o que aconteceu. Não inspirou o medo necessário, não tive aquela sensação de que era um confronto de vida ou morte, parecia fácil demais. Ainda assim, foi legal de ler.
Faz todo sentido a Bryce acabar com a realeza feérica, visto tudo que ela sofreu nas mãos deles. Na verdade, esse final, com a necessidade de reconstrução do mundo após a derrota dos asteri é uma coisa que eu adoraria ler. Um livro sobre intrigas políticas e a busca pelo poder, a tentativa de reestruturar a sociedade e as dificuldades nisso, pena que a Sarah provavelmente não vai escrever...
No final, meu saldo é mediano. Em alguns pontos a Sarah se estende sem necessidade, já em outros, que necessitavam de mais desenvolvimento, ela encurta. Os asteri são os vilões mais fracos que ela escreveu, a história não se sustenta nesse ponto, pelo menos não para mim.
O universo continua sendo o maior ponto forte dessa história, com o uso de tecnologia e magia e como isso se entrelaça.
Outros pontos citaveis: Adorei as pequenas menções a Trono de Vidro e espero que se mantenha assim, PEQUENAS menções. Deixem a Aelin em paz ?.
E no final, por amor realmente tudo é possível.