Ressuscitar mamutes

Ressuscitar mamutes Silvana Tavano




Resenhas - Ressuscitar mamutes


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taaji 09/08/2024

APAIXONADA
??Morrer acontece
com o que é breve e passa sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça, é eternidade.
Carlos Drummond de Andrade, "Para sempre"

??Ressuscitar passados, inventar futuros: ciência e literatura viajam no tempo dos sonhos para chegar ao impossível.?

O livro trás a visão de uma mulher (filha) que fala sobre outra mulher (sua mãe), e é impressionante o quanto é LINDO uma mulher ser essencialmente mulher na escrita. Gosto demais de ler autobiografias ou biografias de mulheres que falam sobre alguma coisa importante na vida delas ou sobre decepções, traumas ou coisas que tiveram que superar.

A autora diz que essa frase abaixo lembra a mãe dela, e isso me fez lembrar a minha também.

??Repito para mim mesmo, uma e outra vez, que há um tempo para cada coisa. Um tempo para a semeadura. Um tempo para a colheita. Um tempo para a chuva. Um tempo para a seca. Um tempo para aprender a esperar a passagem do tempo".
?-Cresci vendo minha mãe se mover pacientemente no ritmo do mundo?

A autora também diz sobre um momento da vida que a mãe dela teve dificuldade em lidar com ser mulher, principalmente depois do divórcio, e sobre como isso influenciou na vida das filhas dela na visão de relacionamentos.

???Conviver com a mãe que renunciava ao desejo com tanta resignação foi difícil para as filhas - tivemos de descobrir como ser mulher sem espelho, sem ter com quem conversar, crescendo ao lado de uma mulher que tinha deixado de ser mulher.
Ela provavelmente não pensava nesses termos, nunca teve consciência do quanto sua desistência nos afetava e de como o mantra homem nunca mais ecoava em nós como a negação de tudo o que poderia ser bom a dois. Amores, homens, prazeres, tudo isso era sinônimo de decepção e sofrimento.?

Não menos importante, ao longo do livro inteiro é retratado o quanto de nossas mães temos em nós.

??É como se ela emergisse de dentro, da camada mais profunda da pele, modificando os traços herdados do pai. Reconheço minha mãe envelhecendo em mim.?.

E também, a autora fala sobre o pai dela, que foi ausente.

???a certa altura ele achou por bem sair das nossas vidas.
Durante muito tempo, meu pai foi só uma voz no telefone e a certeza das contas pagas.?

E por último, e resumindo, a escritora fala sobre o passado, sobre como o presente altera a percepção do passado e como o passado ainda é presente.

??"Não se pode confiar em uma lembrança, pois muito da experiência do passado é determinado pela experiência do presente".
e é a partir da minha experiência que a frase reanima um
presente de muitos anos atrás, a cena que se fixou em mim com a pergunta de antes e ainda: os medos que rondavam aquela época teriam deformado o que vi??

Leitura favoritada?
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wane 09/08/2024

Sobre os nossos mamutes
Comecei a leitura encantada pelo título. Não li resenhas (grande erro) e intuí que seria uma obra de ficção científica. E é, até certo ponto. Muito interessante como a narrativa acíclica se desenrola na nossa mente e pode atingir a nossa permafrost. É uma leitura rápida, mas não menos densa.

Lindo de ler e de sentir.
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Matheus656 19/06/2024

?Ressuscitar Mamutes?, de Silvana Tavano
O tempo e a memória constituem o eixo central desta história, tecida delicadamente com os fios da saudade, às vezes com os do arrependimento e outras tantas com os da consciência tardia que fortalece os laços familiares. Entre acontecimentos científicos do presente e esperanças projetadas para o futuro, uma mulher madura, que se revela como a narradora deste romance, revisita uma história familiar que muitos de nós poderiam reconhecer. Ela enfrenta os conflitos, as tensões e os profundos afetos que surgem entre as mulheres de uma família onde o pai assume um papel secundário.

Há livros que permanecem conosco mesmo após a leitura. ?Ressuscitar Mamutes?, de Silvana Tavano, é um desses. Já tinha ouvido muito sobre a escrita da autora e comecei a leitura com grandes expectativas, que, desde já, adianto: não foram frustradas. Embora o texto brinque constantemente com ciência e memórias, ele nunca se torna enfadonho. O livro pode (e deve) ser lido de uma só vez, como uma única tragada, mas também pede uma pausa para refletir sobre o que está presente nas páginas. Um relato que transita pelo passado, presente e futuro, tecendo uma narrativa singular, aborda temas intrínsecos à família, com ênfase especial na figura materna e na presença feminina.

Sem dúvidas é um livro que consegue ser triste e lindo ao mesmo tempo. Questões sobre luto sempre me chamam a atenção - e tenho reparado que tenho lido muito sobre o tema recentemente -, e esta obra me surpreendeu com a sua narrativa. A narradora oscila entre memórias e traumas, navegando pelo desconhecido e descobrindo (e nos apresentando) as suas próprias vivências de uma maneira poética e cuidadosa. A forma como a autora tece essa jornada é tanto tocante quanto introspectiva, o que me fez refletir profundamente sobre perda (referente a pessoas, ou coisas, a experiências?). Gostei muitíssimo da leitura e certamente ficarei de olho nos próximos livros da autora, ansioso e curioso para explorar mais de seu universo literário.
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