Danilo Barbosa Escritor
08/01/2023Uma ótima fantasia para os fãs do gênero.Contos de fadas sempre inspiraram a imaginação humana. Vemos adaptações e releituras das mais variadas formas, permitindo assim que tanto a ludicidade quanto às mensagens e lições incutidas na história original toquem as pessoas com um ar renovado.
Isso não significa que todas são boas, é claro, mas se soubermos fazer uma curadoria cuidadosa, encontramos verdadeiros achados.
Como “A ruína de um reino”, de Alexandra Christo. Usando como base “A pequena sereia”, de Hans Christian Andersen, ela escreve uma fantasia épica, de intrigas de poder, redenção e paixão, num mundo em guerra entre humanos e os seres da água.
Lira, a protagonista, está longe da fofa Ariel trazida pela Disney. Filha da poderosa Rainha da Mar, é uma caçadora de príncipes humanos, e anualmente arranca o coração de um deles para sua coleção particular. Vive uma relação de amor e ódio com a mãe, que é uma verdadeira tirana, manipulando seus súditos.
Ao contrário do conto original, ela é uma ninfa do mar, e não uma sereia. Estas, de acordo com a narrativa, são monstruosas, inferiores, e se deleitam em comer os corações humanos. E é uma delas que causa a derrocada final de Lira com a Rainha, fazendo-a ser condenada a humana até trazer para a mãe não qualquer coração, mas o de Elian, o príncipe de Midas, o reino mais poderoso do planeta… E conhecido por ser o maior caçador de ninfas que existe.
Isso é só o começo da trama. O leitor se envolve numa aventura com tesouros perdidos, mentiras, traições e manipulações, num “enemies to lovers” que acontece aos poucos, em meio a muita luta, morte e segredos.
Uma trama que surpreende e agrada, tanto pela fluidez da leitura, quanto por utilizar não só a fábula da “Pequena Sereia”, mas outras numa excelente perspectiva. O casal protagonista é fora do usual, já que Lira é uma guerreira nata que se vê limitada pelo corpo humano; enquanto Elian, mesmo diante das pressões para assumir o posto de rei, quer singrar os mares em busca de liberdade e aventura. A mãe de Lira é digna de ser odiada em cada página que aparece e os personagens coadjuvantes deixam a sua marca, trazendo as emoções certas para que a história toque o coração dos leitores.