Amada

Amada Toni Morrison




Resenhas - Amada


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Amanda Teles - Livro, Café e Poesia 16/05/2020

Gente, no início Amada demora pra engatar, é meio confuso mas depois pega no tranco e a leitura flui, vai com paciência mas vai.
É uma história incrível e dolorida que permeia o racismo, o preconceito, a escravidão, as relações familiares e a culpa, muita culpa.
Um passado tão vivo e presente que dita os sentimentos de cada um que vive em volta ao 124 e nas lembranças da Doce Lar.
É sem dúvida uma experiência de leitura intensa .......

Resenha completa no perfil literário @livrocafeepoesia no Instagram
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Raque 13/05/2020

Amada.....
Gostei!!! Amada é bem confusa no início! Difícil acompanhar um pouco mas se torna intenso e começar a fixar as pontas soltas depois da metade! A sensibilidade e serenidade de Sethe, Paul D, Denver e Baby Suggs encanta!!! Seus relatos e detalhes sobre suas vidas escravidão valem a pena a leitura....
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Livia 12/05/2020

Livro mais conhecido e também o primeiro que li da autora Toni Morrison, e adianto que já fez com que eu tivesse vontade de ler outros escritos por ela. Super premiado, conferiu a ela o Nobel da Literatura e o prêmio Pulitzer.
"Amada" pode parecer, de início, uma história confusa. Por não seguir uma linearidade cronológica, confesso que no início fiquei um pouco perdida, mas nada que um pouco de insistência não resolva. A história mescla o período pós - abolição nos EUA com flashes dos personagens que retomam ao cotidiano em uma fazenda de escravos. Apesar de essa fazenda ser considerada "avançada" no que diz respeito ao tratamento dos escravos, a história deixa muito claro que os prejuízos da escravidão não são simplesmente físicos; pelo contrário, tem-se uma dura crítica aos maus tratos psicológicas inerentes a essa condição.
Seria difícil resumir a narrativa sem que o impacto de revisitar a dura história de Sethe se desfizesse. Então optei por deixar aqui apenas a recomendação desse livro forte, duro, sensível e extremamente necessário.
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Carlos.Vergueiro 04/05/2020

Uma facada nem nossa cumplicidade
Perturbador, desafiador, questionador. Tudo que tiver sufixo "dor" traduz a sensação ao ler o livro. Somos obrigados a ler traumas, contados e recontados diversas vezes pela narradora e as testemunhas (os personagens). A cada memória, uma forma. São narrativas do passado que encontram na casa 124 um lugar para se reconstruirem. Uma casa que muda a cada passagem, pois é um gatilho para aqueles que nela moraram e que dela fugiram. O entre-lugar das vivências na escravidão, pois podia ser a clareira para cantarem, dançarem e chorarem enquanto havia uma senhora a prezar pelo lugar, mas eram vivências frágeis, pois a violência tomava conta dos seus corpos desfigurados pela gentebranca. A insegurança e a segurança habitavam o mesmo espaço e conviviam com o trabalho forçado dentro e fora dela. As tentativas de fuga, os resultados trágicos, os laços afetivos despedaçados. Tudo contribuí para formar as identidades fragmentadas das personagens principais (Sethe, Denver, Baby Soggs, Paul De e Amada). Cada um convive com seus traumas e agem por impulso. Além disso, são obrigados a viver com seus fantasmas se querem a segurança/insegurança do Doce lar. Ou podem tentar a fuga, mas o passado sempre estará lá, mesmo que tente ser esquecido. Amada sempre estará de alguma forma lá.

Recomendo demais. Mas tem que ter fôlego, tem que voltar às vezes a leitura. Mas vale a pena.
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Roseane 22/04/2020

Amada
Amada é um livro baseada em uma história real. Ganhou o ganhou o Pulitzer de 1988 dentre outros.

Antes de mais nada é preciso dizer que o livro fala de amor, amizade e maternidade. Desnuda a construção das relações afetivas dos negros escravizados.

Há um número grande de personagens e a autora lhes concede vida e individualidade. Explora seus sentimentos, emoções e reações aos acontecimentos da vida. A todos eles são dados humanização negada pelo branco.

Os personagens contam as suas histórias. Sao sujeitos, sao protagonistas da própria existência. Falam de dores que não podem mais ser naturalizadas.

Para citar alguns temos a Sethe, uma escravizada que comete infanticídio para proteger os filhos do sistema escravocrata

Antes de ser vendida para “Doce lar” ela tinha acesso mínimo a sua mãe uma vez que escravizada trabalhava initerruptamente e quando chegava Domingo o cansaço físico não permitia interação com a filha.

Nos dias de hoje babás e empregadas domésticas, trabalhadoras majoritariamente negras experimentam mesmo processo. Passam a semana inteira dormindo no trabalho longe de filhos, amigos, companheiros. É de crucial importância lembrar que a Emenda Constitucional 72, mais conhecida como a PEC das Domésticas (PEC 66/2012) por analogia, é um dos pilares da angústia dos que pedem o “Brasil de volta”. Ademais faz-se costume "pegar" uma menina criança ou adolescente do interior pra “ajudar”. Desse modo chama a atenção de como a estrutura racista perpassa a convivência da população negra. Vínculos e convívio extremamente limitados. Não é à toa que a fragilidade de nossas relações está sempre em destaque nos nossos debates.

Após anos vivendo sozinha Sethe teve um relacionamento amoroso e quando seu parceiro inesperadamente inicia um dialogo, embora sem saber qual o assunto, ela se prepara para aceitar, liberar e desculpar seja o que for. Mulheres negras ainda compartilham dessa angustia. Muitas se mantem em relacionamentos que não lhe agrega pelo medo da tão certa solidão. Deixa o coração pronto para perdoar e continuar.

Selo Pago o personagem que é o grande amigo da comunidade negra. Dotado de múltiplas tarefas como agente, pescador, barqueiro, rastreador, salvador, espião. Ajudava a todos, se dedicava a fazer tudo que pudesse em pró dos seus. Contudo, ele tem um segredo do passado. Mediante atos reprováveis do branco sua vingança se concretizou em quem não merecia.

Paul D foi conviveu com Sethe na juventude até que ela fugiu da Doce lar com os filhos. Ambos se reencontraram anos depois e ele então conheceu Denver a filha de Sethe. Observando o comportamento de ambas, advertiu a amiga do quão perigoso era amar, principalmente se o amor fosse dedicado a uma filha.

É exemplificado através desse personagem como era a existência do homem negro. Era preciso se esconder, roubar pra comer, dormir em árvores durante o dia para poder caminhar a noite, fugir de atacantes, patrulheiros de escravos fugido.

Ele foi Guerra, mas os negros não tinham direito a ter arma e recebiam menos que os soldados brancos. No Brasil o filho do senhor branco quando convocado a servir o exército enviava em seu lugar o escravo para sofrer os riscos em seu lugar.

Nas fugas contava com o apoio dos índios Cherokees ou dos Miami que acreditavam que a terra era sagrada e tiveram suas montanhas cortadas em estrada, poços e casas arrancados.

O encarceramento pelo sistema prisional era um lugar de violência sexual aos homens negros além da tortura física e psicológica. Não muito diferente dos dias atuais.

A mulher negra além de escravizada, era também prostituida e os senhoras ainda as alugavam para sexo com intuito de procriação. A mulher negra era impedida de estabelecer qualquer estável estrutura de família. No Brasil também há relatos onde Portugueses de forma lasciva, indolente e gananciosa prostituiam as escravizadas como forma de renda.

A Sogra de Sethe era a Baby Suggs. Teve sua alforria comprada pelo filho. Com o quadril quebrado por trabalhar em exaustão nos campos então a transferiram para os serviços domésticos.

Todos que ela conhecia ou amou na vida, haviam fugido, enforcado, alugado, emprestado, comprado, trazido de volta, preso, hipotecado, ganhado, roubado ou tomado. Realidade que enfraquece laços afetivos.

No advento da para muitas não valia a pena olhar para os filhos ao nascer ou tentar aprender seus traços, na certa seriam todos vendidos e o desapego doloroso para mãe e filho.

Essa personagem destrói o mito do senhor Benevolente. Doce lar era uma fazenda que pertencia a um casal de brancos que eram contra a escravidão, se orgulhavam de não realizar castigos físicos e de chamar os escravos de homem, mas os mantinham no sistema escravista. A privação da liberdade e o trabalho exaustivo sem remuneração era mantido. Se orgulhava de permitir que o filho da Baby trabalhasse de forma brutal para comprar a alforriada dela ao invés de simplesmente concede-la.

Baby Suggs dizia: “Não existia má sorte no mundo, mas sim gente branca”.

A resiliência se faz presente. Filho cuida de mãe. Mãe cuida de filho. Tudo dentro das possibilidades muitas vezes não convencional.

A solidariedade imperava entre os escravizados e libertos. Ajuda mútua, orações, banquetes, códigos/sinais para organizar ou apoiar as fugas, agasalhar a quem tem frio, alfabetizar.

Amada é o fantasma da filha falecida de Sethe ela interage com a família. Ela é o pilar de toda a trama.

“gente que morre mal não fica no chão”

Envolvente e misterioso.

Uma escrita intrigante. No inicio ficamos muito perdidos e ai onde vamos encaixando as peça e tudo faz sentido.

Toni Morrison não da nada de mão beijada. O leitor que lute!
Raquel 22/04/2020minha estante
Excelente resenha! Quero ler o livro :D


Roseane 30/04/2020minha estante
Obrigada ?




csartoretto 05/04/2020

Não é uma leitura fácil, é difícil de digerir a dor e a tristeza que os personagens carregam. Mas tem poesia, tem atmosfera, tem uma narrativa que te coloca dentro da história.
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André Vedder 24/03/2020

Arrebatador!
É o adjetivo que me veio a cabeça ao término da leitura.
Toni Morrison nos conta a história em forma de camadas, alternando entre passado e presente, de uma forma que o leitor vai "descascando" aos poucos o enredo, mantendo sempre a curiosidade e o mistério que cerca a vida de cada personagem, instigando o leitor a querer mais.
A escrita da autora é densa e maravilhosa, necessitando em alguns momentos um pouco mais de atenção do leitor.
Enfim, um clássico sobre esse período tão macabro da nossa humanidade.

"Eu e você, nós temos mais passado que qualquer um. Precisamos de algum tipo de amanhã."
Débora 24/03/2020minha estante
Tô louca pra ler.


André Vedder 24/03/2020minha estante
Vale cada palavra.


Débora 28/03/2020minha estante
Vou comprar ; - )




Babi.Dias 23/03/2020

Eu tô tremendo! Que LIVRAÇO.
Tá tudo nele.
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Cristiano.Vituri 01/02/2020

Amada ou Sethe ou Denver...
O título é Amada. A personagem principal é Sethe. Denver sua filha, é forte e salva ela. Baby Suggs sua nora e avó de Denver deu inicio a uma saga no 124.

Algo além da imaginação acontece quando uma mãe( ex-escrava) para não ver seus filhos capturados com escravos pode fazer para tentar "salva-los". Somos capturados pela história da fuga de negros escravos no sul dos EUA por volta de 1850. Uma familia tentando escapar, dos horrores de um periodo muito bem explicado pela autora, sucinta mas pontual. As crueldades não foram poupadas.

Outros personagens ganham vida de forma marcante para o leitor: Halle, pai dos filhos de Sethe, Seiso ( e sua amante ) , Selo Pago, que particularmente gostei muito das conversas dele, principalmente com Paul D, o homem que vai ao encontro de Sethe, que ja conhecia ela e tenta viver ao seu lado, com todas as dificuldades ao longo de uma vida desgraçada.

Amada, a grande incógnita que faz o livro ter esse ar surreal. Enfim, um livraço.
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Ri :) 26/01/2020

Pulitzer: melhor ficção
Levemente superestimado. Gostei muito da história não linear.Idas e vindas no tempo. No mais, não empolgou.
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Tiago 10/10/2019

Difícil
A questão da maternidade é um dos pilares de "Amada", e sendo assim posso dizer vulgarmente que foi um parto terminar esse livro. Reverenciado por muitos como um de seus romances preferidos, tive que lutar bravamente para não abandonar a leitura.

Toni Morrison não chega a escrever de forma difícil ou rebuscada. Não foi este certamente o ponto problemático para mim. O que mais me incomodou foi a falta de fluidez da trama. A história vai e volta no tempo em diversas passagens e não só isso, também utiliza doses de um certo lirismo ou realismo fantástico para compor o enredo. Achei difícil me conectar com qualquer personagem pois achei tudo muito etéreo. Algumas passagens são impactantes e conseguem trazer o livro um pouco mais para a realidade que conhecemos da escravidão, mas no geral achei difícil identificar qual o foco do livro, da narrativa.

Apesar de algumas boas passagens, "Amada" definitivamente não me cativou.
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Lauraa Machado 22/10/2018

Muito bom!
Esse livro foi uma mistura de emoções. As partes sobrenaturais, o fantasma da menina e tudo o mais, não funcionaram muito bem para mim. Não que não tenham sido bem descritas ou que não encaixassem direito na história, porque encaixaram muito bem e deram uma perspectiva sobre os personagens que seria provavelmente impossível de abordar e desenvolver sem isso. E o problema é comigo, juro, simplesmente não consegui me conectar tão bem com essas partes.

Já outras, aquelas em que focaram mais na escravidão, nos personagens e na história deles, foram maravilhosas. Maravilhosas! Quando chegava nessas partes, eu sentia que estava lendo um dos meus livros favoritos, aí era interrompida por uma das que não funcionaram tão bem comigo e ficava cada vez mais confusa entre estar adorando ou nem tanto.

Acho que gostar do elemento sobrenatural ou não vai depender mais do leitor e do momento em que está do que o texto em si. Eu queria ter gostado mais disso tudo, mas ainda vou sempre lembrar do livro com uma enorme admiração, principalmente por toda a história por trás.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 22/08/2018

Toni Morrison - Amada
Editora Companhia das Letras - 368 Páginas - Tradução de José Rubens Siqueira - Relançamento: 16/07/2018.

Após o lançamento de seu romance Paraíso em 1997, a chamada de capa da edição de 1998 da revista Time não poderia ter sido mais elogiosa: "The Sound and the Fury of Toni Morrison", em uma referência ao clássico "O som e a fúria" de William Faulkner. Poderia existir honra maior para um(a) autor(a) do que ser comparado(a) a Faulkner, mesmo já tendo recebido o Nobel de Literatura em 1993? E ainda mais, na mesma matéria o subtítulo declarava: "The Great American Storyteller", sabemos que existe uma verdadeira obsessão da mídia nos Estados Unidos em encontrar o próximo "grande romancista norte-americano", até mesmo Jonathan Franzen já foi capa da Time em 2010 com essa mesma chamada mas, exageros à parte, não há dúvida de que, depois da morte de Philip Roth, é Toni Morrison que ocupa a posição de maior escritor(a) vivo(a) nos EUA, também por resgatar a história, muitas vezes esquecida, das mulheres negras que sofreram com a escravidão e suas consequências em uma sociedade que, assim como a nossa, ainda procura se libertar da herança de um passado racista e patriarcal.

Em seu quinto romance, Amada, lançado em 1987, prêmio Pulitzer de literatura de 1988 e escolhido pelo New York Times como “o melhor livro de ficção norte-americano dos últimos 25 anos”, Toni Morrison nos faz lembrar da força do texto de Faulkner em romances como O som e a Fúria e Luz em Agosto ao utilizar, assim como ele, sofisticadas técnicas narrativas que revolucionaram a literatura moderna ocidental, tais como a polifonia e estruturas de tempo não lineares, para descrever a violência de um passado racista na região sul dos Estados Unidos, mesmo após a Proclamação de Emancipação de Abraham Lincoln em 1863, assinada durante a Guerra Civil Americana. Além do Nobel, a lista de prêmios recebidos pela autora é considerável, culminando em 2017 com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil da nação, recebida das mãos do presidente Barack Obama e igualando-se a outros escritores do passado como: T. S. Eliot, John Steinbeck, Tennessee Williams e Maya Angelou, outra grande escritora e ativista da causa da integração racial.

No prefácio de Amada é a própria Toni Morrison quem explica o contexto de criação do romance quando, após abandonar o seu antigo emprego de editora, sentiu um "choque de liberação" que ela imaginou como um sinal do que poderia significar ser "livre" para as mulheres nos anos 80 e o evidente contraste com a história das mulheres negras no seu país, mulheres para quem o casamento era "desestimulado, impossível ou ilegal" só sendo permitido ter filhos com a finalidade única de reproduzir mais escravos, sem o verdadeiro sentido de maternidade que era uma aspiração "tão fora de questão quanto a liberdade". Foi então que Morrison conheceu a história real de Margaret Garner, uma jovem que, após fugir, foi presa por matar um de seus filhos (e tentar matar os outros), para impedir que fossem devolvidos ao regime de escravidão. Essa foi a inspiração brutal para escrever um livro sobre a escravidão e o direito à liberdade, a história de gerações de mulheres negras que tentaram sobreviver e esquecer o passado.

No início do romance, ambientado em 1873, uma época portanto já posterior ao final da Guerra Civil e a proibição oficial da escravidão nos Estados Unidos, encontramos Sethe, ex-escrava, que vive com a filha Denver e a sogra Baby Suggs em um casarão, chamado simplesmente de 124, no subúrbio de Cincinatti, Ohio. O isolamento das três e os estranhos fenômenos paranormais que ocorrem na casa, assombrada pelo fantasma de um bebê, passam a ser explicados em uma narrativa que oscila todo o tempo entre o presente e o passado, e por meio de diferentes pontos de vista de cada personagem, de forma que a história completa vai sendo revelada de forma gradativa, exigindo atenção redobrada do leitor.

Sethe e o marido, Halle, eram escravos em uma fazenda chamada Doce Lar no Kentucky a qual, depois da morte do proprietário, passa a ser administrada por um homem cruel, conhecido como professor pelos escravos remanescentes: Paul A, Paul D, Paul F, Halle, Seiso e Sethe (grávida na ocasião), além dos três filhos ainda pequenos de Halle e Sethe. O grupo de escravos, esgotado pelos maus-tratos, planeja uma fuga da fazenda e Sethe consegue, com muito sofrimento, alcançar o objetivo de chegar no casarão em Cincinatti, onde já vivia a sogra Baby Suggs. No caminho, ela passa por inúmeras dificuldades e se perde dos antigos companheiros da Doce Lar, inclusive do marido Halle. Os traumas vivenciados por Sethe na fazenda e também durante a fuga, quando ela dá à luz uma menina que irá se chamar Denver, fazem com que ela lute para esquecer o passado.

"Sethe abriu a porta e sentou na escada da varanda. O dia tinha azulado sem o sol, mas ela ainda conseguia divisar as silhuetas negras das árvores no campo adiante. Balançou a cabeça de um lado para outro, conformada com seu cérebro rebelde. Por que não havia nada que seu cérebro recusasse? Nenhuma miséria, nenhuma tristeza, nenhuma imagem odiosa detestável demais de se aceitar? Igual a uma criança gananciosa, seu cérebro agarrava tudo. Uma vez só não poderia dizer: não, obrigada? Detestei e não quero mais, não? Estou cheia, droga, de dois rapazes com musgo no dente, um chupando meu peito, o outro me segurando, o professor leitor de livros olhando e escrevendo. Ainda estou cheia disso, droga, não posso voltar atrás e juntar mais coisas." (Págs. 103 e 104)

De todas as lembranças e traumas, a mais difícil de esquecer é a morte violenta da pequena filha, ainda bebê, que havia chegado a salvo, juntamente com os outros dois filhos mais velhos, no casarão em Cincinatti. Essa filha é conhecida apenas pelo nome de Amada, como foi gravado em sua lápide. Dois novos personagens trazem de volta o passado que Sethe tanto precisa esquecer. O primeiro é um antigo companheiro da fazenda Doce Lar, Paul D, que também passou por muito sofrimento depois da fuga e oferece para Sethe a possibilidade de ainda encontrar um amor tardio em sua vida. Finalmente, surge a misteriosa e bela jovem negra que diz se chamar coincidentemente Amada e irá provocar novas revelações, fazendo renascer os sentimentos reprimidos de ódio e culpa que ainda permanecem na memória de todos.

A Editora Companhia das Letras presta uma merecida homenagem a essa obra-prima da literatura mundial com o relançamento do romance em um novo projeto gráfico que valoriza a obra de Toni Morrison pela simplicidade da capa. A tarja com o título e nome da autora é removível ficando apenas a imagem do perfil da mulher em negro contra o fundo branco. Um livro difícil de esquecer e muito recomendado para todos que se interessam por literatura.
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