spoiler visualizarnaluzete 09/10/2023
Se o filme já é muito amado, acredito que o livro também seria se mais pessoas o lessem.
Tive duas grandes primeiras surpresas. A primeira foi saber que essa obra estava na biblioteca da escola esse tempo todo e eu só descobrir isso agora, e a segunda é de ela ter sido produzida para uma peça teatral.
Ler esse livro é como ver o filme inteirinho passando na sua cabeça. O filme é tão fiel que, lendo o livro, você imagina todo o cenário, a trilha sonora e o jeitinho de cada personagem. Acho que essa foi a parte mais legal.
Outra coisa que é interessantíssima é que, por mais injustificáveis os pecados do Padre, do Bispo, do Sacristão, do Padeiro, da Mulher, do Cangaceiro, do Cabra e da Vossa Desgracência João Grilo, são todas justificáveis no julgamento final.
A forma de Nossa Senhora interceder pelos pecadores e a demonstração de extrema fé de João Grilo, quando ele tem a certeza absoluta de que A Compadecida salvaria ele de ser levado pelo Diabo, convencendo Manuel por meio da identificação da história dele com a história de João Grilo, ambos crescidos sendo pobres que passaram por situações sofridas na vida.
A traição da Mulher por falta de amor e o perdão do Padeiro por medo de morrer solitário. A violência e brutalidade do Cangaceiro por conta do assassinato de sua família. Os religiosos que, por mais interesseiros em dinheiro que fossem, cumpriam suas funções como pessoas de fé.
E é impossível não falar da parte mais humorística da obra, quando João e Chicó sempre saem e entram em enrascadas, ou melhor, quando João inventa uma enrascada e leva o pobre medroso do Chicó junto. A forma inteligentíssima dos dois, mesmo que envolvidos por mentiras, inventavam as histórias mais mirabolantes possíveis só para se livrarem e ainda ficarem com alguma mínima coisa boa.