O arquipélago

O arquipélago Erico Verissimo




Resenhas - O Arquipélago - Vol. 1


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Anienne 29/03/2020

O Arquipélago I
Eu, realmente, não tenho palavras para descrever Érico Veríssimo e sua obra literária.

Esse é mais uma de suas joias. Veríssimo escreve com uma beleza poética inexprimível e nos presenteia com uma obra que destrincha a filosofia e história, além de ser um romance bastante psicológico que adentra ao ser dos personagens, com mais precisão, o Rodrigo que é o personagem principal.

Veríssimo entremeia um narrador em primeira pessoa, através do Floriano, filho mais velho de Rodrigo, que é escritor, romancista, Veríssimo e faz umas reflexões muito preciosas sobre a escrita e o propósito de um autor. Vejo-o nesse personagem.

Ah, Érico Veríssimo, como você é maravilhoso! Todos merecem conhecer uma escrita tão ditosa, tão completa quanto a sua!

Muita Gratidão!

Partiu, O Arquipélago II...
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Craotchky 20/11/2019

Bastidores, curiosidades e o-que-Cem-anos-de-solidão-tem-a-ver-com-isso
(Mais uma vez, assim como fiz nas resenhas dos dois volumes anteriores, usei as palavras do próprio Erico, extraídas de suas memórias Solo de Clarineta, para confeccionar este texto. Os trechos do próprio Erico além de estarem entre aspas também aparecem em itálico para aqueles(as) que estiverem lendo pelo site e na página de resenhas.)

BASTIDORES
Com frequência Erico conta, em suas memórias, que o processo de escrita de O Arquipélago foi difícil e complexo. Não foram poucas as vezes que o autor postergou a tarefa de escrever o livro, ora porque nada lhe vinha à mente, ora porque (ele mesmo admite) fugia da tarefa ao dedicar-se a outras ocupações.

Em 1953 Erico Verissimo muda-se para os EUA com a família e lá permanece até 1956 no cargo de diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Panamericana. Em abril de 1957, já em Porto Alegre, durante um discurso que pronunciava em um congresso, teve uma angustiante taquicardia. Era o primeiro aviso. Em janeiro de 1958 Erico e sua esposa Mafalda vão para a praia de Torres para uma pequena temporada de verão:

"Quando chegamos, chovia torrencialmente. Nossa casa ficou ilhada em meio de charcos e pequenas lagoas. A chuva continuou quase ininterruptamente durante três ou quatro dias. Assim, foi contra um fundo musical feito por um coral de sapos que escrevi as páginas iniciais do último volume da trilogia."

Continua:
"Acordava às oito da amanhã, às nove estava batendo na máquina de escrever, às onze ia para a praia, fazia a minha caminhada pela beira do mar[...]. Após o almoço[...] relia o que havia escrito pela manhã e de súbito, magicamente, entrava na dimensão do romance, e eu já não era mais eu, mas sim, alternadamente, Rodrigo, Floriano, Toríbio, Maria Valéria, Flora, Tio Bicho.."

Erico retorna a Porto Alegre em março e continua a trabalhar em O Arquipélago. Logo entra o inverno durante o qual Erico continua a escrever. Porém, no início de 1959 Erico interrompe o trabalho para uma viagem à Europa:

"Em meados de fevereiro de 1959 embarcamos para Portugal num navio italiano. As dramatis personae de O Arquipélago foram mais uma vez postas em câmara frigorífica, mas eu levava a bordo comigo uma personagem viva que me interessava e intrigava de maneira particular: meu filho [Luís Fernando Verissimo]."

Após perambulações pela Europa, Erico e família vão para os EUA onde o autor faz tentativas fracassadas de dar continuidade ao livro:

"O que eu não coseguia divisar era Santa Fé e as personagens de O Tempo e o Vento, e isso me preocupava. [...] Não conseguia escrever uma linha sequer..."

"Muitas vezes, estendido num sofá, depois de passar várias horas na vã tentativa de entrar em Santa Fé e no Sobrado, eu ficava a pensar outra vez no tempo que se arrastava e se perdia para sempre e chegava a senti-lo de forma concreta como um peso sobre o peito."


Aos poucos o autor volta a escrever; de volta ao Brasil, trabalha intensamente no livro durante o ano de 1960:

"O sol do Rio Grande conseguira degelar por completo Santa Fé e seus habitantes, restituindo-os à vida. E eu voltara a frequentar o Sobrado, como amigo íntimo e confidente dos Terra-Cambará."

Entretanto, em 1961, o trabalho é interrompido novamente por conta do infarto que acomete o autor e faz com que ele fique sessenta dias em regime de repouso. Neste ponto Erico faz curiosas confissões:

"Ninguém pronunciava a palavra enfarte. Eu queria aceitar a explicação que Faraco [seu médico] me dava - para não me alarmar - de que eu havia sido vítima duma 'crise hipertensiva'."

"[...] um jornal e uma estação de rádio haviam anunciado que eu falecera. Tive o bom senso de não acreditar na notícia..."

"Destruí o primeiro capítulo, o em que Rodrigo sofre seu edema pulmonar agudo, e reescrevi-o por inteiro, usando da experiência adquirida durante a minha própria doença."


Recuperado, Erico finalmente conclui O Arquipélago em março de 1962. No total foram mais de 1600 páginas datilografadas.

CONFISSÕES/CURIOSIDADES
"Vinham-me de vez em quando grandes dúvidas a respeito da estrutura e do ritmo de O Arquipélago. Talvez eu tivesse dado no pão do tempo histórico do Rio Grande do Sul uma mordida maior que minha capacidade de mastigar e digerir."

"Depois que publiquei O Arquipélago, muitos leitores quiseram saber se a personagem Floriano Cambará é autobiográfica. Ora, parece-me ter deixado claro que, no que diz respeito a fatos, nossas vidas diferem muito uma da outra. Nem todas as coisas que aconteceram a Floriano aconteceram a este contador de histórias. Poder-se-ia dizer, isso sim, que psicologicamente Floriano e eu somos irmãos gêmeos ou sósias."


Última curiosidade: Na página 269 de O Arquipélago volume II aparece um certo major Nestor Verissimo, e para não deixar dúvida, o bagual é de Cruz Alta. Bem, Nestor Verissimo é um tio de Erico. Nestor, conta Verissimo, realmente foi guerrilheiro e tomou parte em batalhas e até mesmo na Coluna de Prestes.

O QUE CEM ANOS DE SOLIDÃO TEM A VER COM O TEMPO E O VENTO
Não é muito difícil perceber que há muitos elementos em comum entre O Tempo e o Vento (1949-1962) e Cem Anos de Solidão (1967). De fato, nas duas obras, por exemplo, temos a fundação e história de um povoado: Santa Fé/Macondo. As duas histórias giram em torno de uma família: Terra-Cambará/Buendía. Nas duas famílias é comum, ao longo das gerações, a repetição de nomes entre seus membros. Há também, nas duas obras, mulheres que se destacam pela força e que vivem muitos anos.

Curioso com todas essas semelhanças, fui ao Google pesquisar sobre essa aparente ligação e o resultado foi o seguinte: descobri que existe até mesmo um TCC com o tema: "O TEMPO E O VENTO E CEM ANOS DE SOLIDÃO: SAGAS EM CONTATO". Mais: logo no princípio deste TCC o autor conta que Gabriel afirmou ter estudado a saga de Verissimo para escrever Cem anos de solidão! Aponta como fontes desta informação a Revista Cult e um livro do próprio Márquez chamado Me alugo para sonhar. Indo mais fundo nas pesquisas encontrei elementos suficientes para acreditar na veracidade da informação. Para quem quiser verificar pessoalmente ou saber mais sobre o assunto, eis alguns links:

TCC citado: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/26889

Artigo da Revista Cult ano VII número 86, citado como fonte secundária (Este artigo cita inclusive as seguintes palavras ditas pelo próprio Gabo: "Coño! O tempo e o vento foi um dos três livros que estudei para escrever Cem anos de solidão. Verissimo foi genial ao manejar a saga de uma família através dos tempos."): https://revistacult.uol.com.br/home/a-saga-que-se-move/ (Leia online)

Livro Me alugo para sonhar, de Gabriel Garcia Márquez, citado como fonte primária: https://www.skoob.com.br/me-alugo-para-sonhar-7732ed8983.html

Outra edição do mesmo livro: https://www.skoob.com.br/como-contar-um-conto-16740ed18134.html

Chega, não vou escrever uma conclusão pois este já é o maior texto que publico aqui e tenho que terminá-lo sem mais delongas. Mentira, não vou escrever uma conclusão pois não gosto de despedidas. Explico: agora que já li todos os romances produzidos por Verissimo para onde vou?! Fim da linha. Não vejo mais nenhum romance inédito de Verissimo quando olho para meu horizonte de possibilidades. Muito triste. Só me resta revisitar sua obra no futuro. Bem, viva Erico Verissimo!, viva meu autor nacional favorito!
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Thiago Barbosa Santos 11/04/2019

Tomo 5
Neste livro, temos a alternância de tempo, em um capítulo, estamos por volta de 1945, período em que Rodrigo Cambará já passou dos 50 anos e está com a saúde bem debilitada, acometido de uma grave doença no coração que com pouca expectativa de vida. No outro, o tempo volta um pouco e acompanhamos um Rodrigo ainda com boa saúde, mas bem diferente daquele vigor da juventude. É um homem cansado da vida, das obrigações, completamente desiludido e sem rumo.

O Tempo e o Vento tem períodos em que determinada personagem rouba a cena e vira o foco da narrativa. Foi assim, sucessivamente, com Ana Terra, Bibiana, Capitão Rodrigo e, durante um bom tempo, com Rodrigo Cambará (filho de Licurgo). Agora vemos uma transição, com o filho dele, Floriano, começando a ter um papel muito importante.

Floriano é escritor, um rapaz muito curioso pela história de seus antepassados. Ele, desde pequeno, quando foi estudar em um colégio interno em Porto Alegre, vive uma relação meio que distante e conflituosa com o pai, assim como os irmãos.

Rodrigo Cambará está bem distante da esposa. Os dois mantêm a aparência, têm uma relação fria, mas Flora segue uma mulher dedicada à família. O marido, mesmo na fase da saúde comprometida, continua mulherengo, colecionando aventuras amorosas, muitas delas descobertas pelos filhos (um dos motivos do distanciamento).

Passamos a acompanhar também uma profunda mudança nos hábitos de vida em Santa Fé. A cidade ganha alguns traços da modernidade, mas o povo, no geral, ainda é muito enraizado nas suas tradições. Os jovens é que acabam mostrando um pouco mais essa mudança de costumes.
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monique.gerke 06/09/2018

A história prossegue maravilhosa!
Parei pra pensar, agora que faltam 2 livros para o fim da série 'O Tempo e o Vento', e não lembro de ter lido trechos ou momentos divertidos, alegres..em suma, é a história da formação de um povo, marcado por guerras e revoluções e formas de pensar, muitas vezes preconceituosas, mas que nos ajudam a compreender muito da forma de se pensar atualmente! Tem sido um aprendizado, nem sempre feliz, mas sempre necessário, pois como disse uma vez Hannah Arendt: "compreender não significa negar o ultrajante, significa em suma, encarar a realidade, espontânea e atentamente, e resistir a ela — qualquer que seja, venha a ser, ou possa ter sido."
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Fábio Valeta 28/12/2017

O início do fim da saga da família Terra Cambará começa a se mostrar no início da terceira parte da história de Érico Verissimo.
Enquanto em ?O Retrato? vislumbramos o início da vida adulta de Rodrigo Cambará ao mesmo tempo que nos é mostrado uma pequena amostra de sua decadência, este volume se aprofunda tanto no amadurecimento do personagem quanto em sua derrocada em 1945.

Rodrigo, continua com os mesmos defeitos anteriores. Mas enquanto na década de 1920 ele ainda demonstra uma certa vergonha por causa desses defeitos, em 1945, às portas da morte, ele finalmente não tenta esconder quem é. Seus casos amorosos são de conhecimento de todos e ele não se preocupa em sequer com os sentimentos da esposa ou dos filhos. O medo de ser descoberto... que as pessoas descobrissem que ele era consumido por paixões e desejos mudanos, desaparece e ele parece simplesmente não se importar mais com o que os outros pensam dele.
Ao mesmo tempo, dois de seus filhos ganham destaque. De um lado, Eduardo é muito parecido com o pai com sua paixão política (no caso, voltado para o comunismo) e procura a todo o instante confrontar Rodrigo ideologicamente, e com muito mais coragem do que o próprio Rodrigo tinha em relação à Licurgo. Já Floriano é o ?menos Cambará? de todos os personagens até então. Avesso ao campo, à política, ele é simplesmente um escritor em busca de sua voz. Ele também é um dos poucos personagens masculinos que é comedido em suas paixões (mais especificamente em relação a sua cunhada) ao invés de se jogar em seus sentimentos sem pensar nas consequências.
Assim como nos demais volumes até então, passado e presente vão se alternando e o foco desse primeiro volume é o início a Revolução de 1923 onde mais uma guerra se espalha pela região. Conflito este que deve terminar no próximo volume.

O Tempo e o Vento vai se aproximando de seu final. E já vou começar a leitura do sexto e penúltimo livro.
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Tecocesar 11/09/2017

Os Cambarás
Envolvendo fatos históricos e políticos o livro não foge a história da família Terra Cambará, na verdade se confunde com ela.
Na parte histórica, os costumes gaúchos e a modernização chegando às cidades. Na política, correligionários que mudam de lado, revoluções, Getúlio Vargas e a coluna Prestes.
A família Terra Cambará está na geração Licurgo, seus filhos Rodrigo e Toríbio, e seus netos.
Licurgo tem uma morte bem "a lá" Cambará. Li a noite e confesso que não dormi direito nesse dia.
Mas a história em si é sobre a vida de Rodrigo e um de seus filhos, Floriano.
Rodrigo, um legítimo Cambará, tem uma amásia sempre que pode, bebe muito e é valente.
Apesar de nunca ter conseguido imaginar como seria a "água furtada" do sobrado, este é o local favorito de Floriano, um Cambará atípico. Diria até que ele é introspectivo.
Confesso que alguns diálogos sobre política, e não são poucos, tornam o livro um pouco tedioso.
Longe de superar "O continente", mas mesmo assim um bom livro.
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Natalie Lagedo 26/05/2016

Posso afirmar, após a leitura do início do fim de O Tempo e o Vento, que ganhei vários amigos. A maneira suficiente com que Veríssimo faz as descrições e os adjetivos que usa tem minha total admiração.

Nesta parte da trama acompanhamos o crescimento dos filhos do casal Rodrigo e Flora, com um pouco mais de atenção a Floriano e Alicinha, os dois mais velhos. Aquele sempre demonstrou uma personalidade introspectiva mais assemelhada ao seu lado Quadros e Terra e, mesmo depois de adulto, oscila entre o sentimento de admiração e asco pelo pai; esta é o alvo de carinhos do genitor, a filha predileta. Porém, infelizmente, é acometida por uma morte dramática.

Apesar de narrado em 3ª pessoa, vemos a história por diversos prismas. Maria Valéria, Sílvia, Floriano e o próprio Rodrigo são protagonistas em algumas passagens e noutras apenas expectadores.

O temperamento explosivo do senhor do Sobrado permanece até quando se encontra doente e condenado à morte por insuficiência cardíaca. Em contrapartida, Floriano é a personagem mais complexa, psicologicamente falando. Quem dera se eu soubesse os termos técnicos aplicáveis a tal caráter. Ele é o grande observador, aquele que está preso à busca da liberdade e imparcialidade.

Com relação ao título da obra, formulei "ab initio" uma ideia que mais tarde veio a ser corroborada por Floriano: "cada um tem ideais distintos, personalidades até antônimas mas se esforçam para encontrar 'o continente' comum, algo que os liga e os faz permanecer juntos."

Sem se desvencilhar do aspecto histórico da saga, Toríbio acompanhou a Coluna Prestes por boa parte da caminhada, enquanto notamos que os valores norte-americanos consolidam-se e as pessoas dividem opiniões a respeito dos novos costumes, que passam da literatura e música até o comportamento feminino, que em alguns países já tinham alcançado o direito ao voto e mais liberdade no vestir e, inclusive, nos relacionamentos.

Agora nos resta descobrir o desfecho desta sensacional epopeia e uma forma de não sofrer com a despedida da narrativa.
Débora 31/10/2016minha estante
Vc escreve muito bem, parabéns


Natalie Lagedo 01/11/2016minha estante
Obrigada. :D


Débora 18/02/2017minha estante
Natalie, como a Alicinha morre mesmo? Vou continuar a ler a saga e estou tentando lembrar não consigo rss


Débora 18/02/2017minha estante
Só lembro do Rodrigoooo kkkk


Natalie Lagedo 18/02/2017minha estante
Ela fica doente e morre. Fica só o quarto com os sapatinhos num canto... :(
Rodriguinho é puro amor. :P


Débora 18/02/2017minha estante
Ahhh verdade rsrssss não lembrava. Rodriguinho é um amor sqn kkkk obrigada bjsssss




Newton Nitro 29/04/2015

O Clímax de uma Obra Prima!
E o Tempo e o Vento vai ficando cada vez melhor, se isso seria possível. O que mais fico embasbacado com o Érico Veríssimo é como ele consegue casar uma prosa deliciosa de se ler, acessível, cinematográfica, com momentos de muita beleza poética, com temas profundos e exploração psicológica precisa. Seus livros são ao mesmo tempo acessíveis e eruditos, recomendaria para qualquer leitor, são excelentes para habituar novos leitores no prazer da escrita, e mesmo assim, possuem profundidade filosófica e psicológica.

E nesse primeiro volume de Arquipélago, Veríssimo demonstra maturidade e visão de obra a cada frase, a cada construção literária. A estrutura continua sofisticada, o tempo e o espaço são transformados e fluem ao sabor da narrativa e das memórias, sem dar aquele desconforto no leitor ao pular em diversos tempos cronológicos.

A trajetória do Dr. Rodrigo Cambará incia seu ato final, com a narrativa preenchendo mais lacunas de sua vida, construindo um personagem complexo e interessante, talvez uma encarnação do espírito rio grandense, com todas suas contradições expostas ao leitor de maneira quase cruel. As discussões filosóficas de Tempo e o Vento: Retrato se aprofundam e ganham mais nuances, com Érico se colocando dentro do romance, colocando seu ponto de vista pessoal (que tinha se fragmentado em Continente, na figura de Carl Winters) nas personagens de Tio Bicho e Floriano. E todas as vezes que esses dois apareciam lá estava eu, leitor, selecionando tudo, citando, lendo em voz alta várias vezes. E fica a dica, leia Érico Veríssimo em voz alta e veja que musicalidade, que poesia se esconde nas frases. O cara é foda pra caralho mesmo, véio!

E vamos para Arquipélago Volume 2, onde a pancadaria grossa das revoluções da década de 20!

ALGUMAS ANOTAÇÕES DURANTE A LEITURA DE TEMPO E O VENTO: ARQUIPÉLAGO VOL.1 (Pode ter spoilers!)

tema recorrente: o tempo cura feridas

O foco narrativo as vezes entra no ponto de vista feminino, principalmente na visão
das mulheres que esperam os homens que foram lutar na revolução de 20 e 30.

Minha avó passou o mesmo com meu avô, que também saiu para a revolução de 30.

Jesus Carcomido "esse aí entende de guerras"

divisão social violenta entre chinas, chinocas e is brancos e pardos

hoje em dia, o Rodrigo Cambará seria um sexolatra

filósofos avatares de Érico Veríssimo - Fandango, Tio Bicho e Florisberto

Maria Valéria - Super Ego castrador de Rodrigo Cambará

Conversa entre Floriano e Tio Bicho: A teoria do romance de Érico Veríssimo

Livro mais autobiográfico, Floriano é o avatar de Érico Veríssimo

TRECHOS DOIDIMAIS DE TEMPO E O VENTO: ARQUIPÉLAGO VOL. 1

A TEORIA DO ROMANCE DE FLORIANO

“— Uma das coisas que mais me preocupam — diz Floriano — é descobrir quais são as minhas obrigações como escritor e mais especificamente como romancista. Claro, a primeira é a de escrever bem. Isso é elementar. Acho que estou aprendendo aos poucos. Cada livro é um exercício. Vocês devem conhecer aqueles versos de John Donne que Hemingway popularizou recentemente, usando-os como epígrafe de um de seus romances. É mais ou menos assim: Nenhum homem é uma ilha, mas um pedaço do Continente… a morte de qualquer homem me diminui, porque eu estou envolvido na Humanidade… et cetera, et cetera.

Tio Bicho cerra os olhos e, parodiando o ar inspirado dos declamadores de salão, murmura eruditamente:

— “And therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee.”

— Estive pensando… — continuou Floriano. — Nenhum homem é uma ilha… O diabo é que cada um de nós é mesmo uma ilha, e nessa solidão, nessa separação, na dificuldade de comunicação e verdadeira comunhão com os outros, reside quase toda a angústia de existir.

Irmão Zeca olha para o soalho, pensativo, talvez sem saber ainda se está ou não de acordo com as ideias do amigo.
— Cada homem — prossegue este último — é uma ilha com seu clima, sua fauna, sua flora e sua história particulares.

— E a sua erosão — completa Tio Bicho.

— Exatamente. E a comunicação entre as ilhas é das mais precárias, por mais que as aparências sugiram o contrário. São pontes que o vento leva, às vezes apenas sinais semafóricos, mensagens truncadas escritas num código cuja chave ninguém possui.

Cala-se. Conseguirá ele agora estabelecer comunicação com essas quatro ilhas de clima e hábitos tão diferentes dos seus?

— Tenho a impressão — continua — de que as ilhas do arquipélago humano sentem dum modo ou de outro a nostalgia do Continente, ao qual anseiam por se unirem. Muitos pensam resolver o problema da solidão e da separação da maneira que há pouco se mencionou, isto é, aderindo a um grupo social, refugiando-se e dissolvendo-se nele, mesmo com o sacrifício da própria personalidade. E se o grupo tem o caráter agressivo e imperialista, lá estão as suas ilhas a se prepararem, a se armarem para a guerra, a fim de conquistarem outros arquipélagos. Porque dominar e destruir também é uma maneira de integração, de comunhão, pois não é esse o espírito da antropofagia ritual?

Edu salta:

— Toda essa conversa não passa duma cortina de fumaça atrás da qual procuras esconder a tua falta de vocação política, a tua incapacidade para a vida gregária.

— Por mais absurdo que pareça — diz Rodrigo — desta vez estou de acordo com o camarada Eduardo.

Floriano sorri. Os apartes, longe de o irritarem, o estimulam, pois tiram à sua exposição o caráter antipático e egocêntrico de monólogo. Prossegue:

— Para o Eduardo o Continente é o Estado Socialista, ou a simples consciência de estar lutando pela salvação do proletariado mundial. Para outros, como para o Zeca, a Terra Firme, o Grande Continente, é Deus, e a única ponte que nos pode levar a Ele é a religião ou, mais especificamente, a Igreja Católica Apostólica Romana. Há ainda pessoas que satisfazem em parte essa necessidade de integração simplesmente associando-se a um clube, a uma instituição, uma seita.

Bandeira aparteia:

— Por exemplo, o Rotary Club ou a Linha Branca de Umbanda.

— O que importa para cada ilha — prossegue Floriano — é vencer a solidão, o estado de alienação, o tédio ou o medo que o isolamento lhe provoca.

Faz uma pausa, dá alguns passos no quarto, com a vaga desconfiança de que se está tornando aborrecido. Mas continua:

— Estou chegando à conclusão de que um dos principais objetivos do romancista é o de criar, na medida de suas possibilidades, meios de comunicação entre as ilhas de seu arquipélago… construir pontes… inventar uma linguagem, tudo isto sem esquecer que é um artista, e não um propagandista político, um profeta religioso ou um mero amanuense…”

DICAS PARA ESCRITORES DO TIO BICHO

“— Presta bem atenção. Suponhamos que a vida é um touro que todos temos de enfrentar. Como procederia, por exemplo, o teu avô Licurgo Cambará, homem prático e despido de fantasia? Montaria a cavalo e, com auxílio de um peão, simplesmente trataria de laçar o animal. Agora, qual é a atitude de seu neto Floriano Cambará? Tu saltas para a frente do touro com uma capa vermelha e começas a provocá-lo. De vez em quando fincas no lombo do bicho umas farpas coloridas… Mas quando o touro investe, tu te atemorizas, foges, trepas na cerca e de lá continuas a manejar a capa, para dar aos outros e a ti mesmo a impressão de ainda estar na luta… É uma atitude um tanto esquizofrênica, com grande conteúdo de fantasia. Certo? Bom. Toma agora o teu tio Toríbio… Qual seria a atitude dele?

— Pegaria o touro à unha.

— Exatamente. Levaria a loucura e a fantasia até suas últimas consequências!

— Aonde queres chegar com tua parábola?

— O que quero dizer é o seguinte. Se num romancista predomina a atitude do velho Licurgo, isto é, o senso comum, corremos o risco de ter histórias chatas como a de certos autores ingleses cujas personagens passam o tempo tomando chá, jogando críquete ou falando no tempo. Queres um exemplo? Galsworthy. Ora, tu sabes que eu seria o último homem no mundo a negar a importância e a beleza do teu bailado de toureiro para qualquer tipo de arte… Há até uma certa literatura que não passa duma série de jogos de capa e bandarilhas. Mas o que dá a um romance a sua grandeza não é nem o seu conteúdo de verdade cotidiana nem o seu tempero de fantasia, mas o momento supremo em que o autor agarra o touro pelas aspas e derruba o bicho. Se queres um exemplo de romancista que primeiro faz verônicas audaciosas e depois agarra o animal à unha, eu te citarei Dostoiévski. E se me vieres com a alegação de que o homem era um psicopata, eu te darei então Tolstói. E se ainda achares que o velho também não era lá muito bom da bola, te direi que um homem realmente são de espírito não tem necessidade de escrever romances. E se depois desta conversa me quiseres mandar àquele lugar, estás no teu direito. Mas mantenho a minha opinião. O que te falta como romancista, e também como homem, é agarrar o touro à unha…”

Trechos tirados de Tempo e o Vento: O Arquipélago – ÉRICO VERÍSSIMO
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Lili 28/02/2015

O Arquipélago - parte 1
Finalmente um pouco de razão surge na família Cambará, por meio do personagem Floriano. Tudo bem, admito que Licurgo também não é todo emoção, mas sua grande teimosia faz com que a racionalidade às vezes fique prejudicada. Floriano é o oposto de todos os seus familiares, por pensar, por ser razoável, por aceitar escalas de cinza e não ter vergonha de mudar de ideia. A paixão característica da família Cambará é linda, mas Floriano vem dar um pouco de perspectiva a todos e mostrar que o morno também é bom.

Esta terceira parte traz um pouco mais de informações e detalhes sobre personagens que já faziam parte da história em "O Retrato", como Flora e seu pai Aderbal. Estou gostando bastante de conhecer melhor esses personagens e sair (só um pouquinho!) da órbita de Rodrigo Terra Cambará. Destaque para Maria Valéria, sempre, com toda a sua força e valor.

Na história do Brasil e do Rio Grande do Sul, percebemos as raízes de toda a confusão política que o Brasil é e sempre foi. Aliados se tornam adversários ao longo dos anos, eleições são decididas com violência ou subornos, políticos se acham acima do bem e do mal. Assim foi, assim é. Assim sempre será?
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Laura Bernardes 02/04/2014

O Tempo e o Vento - O Arquipélago (Vol. 1) - Erico Verissimo (Companhia das Letras)
Gosto muito do rumo que a história leva, e tô curtindo bastante essa fase mais "política" do enredo. Quanto mais eu leio, mais me encanto. Não enjoa, não cansa. Verissimo tinha um poder de desenvoltura incrível. Arte é maravilhosa também. É difícil achar defeitos!
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Beto 10/02/2014

O Arquipélago; Vol. 1
Autor: Erico

Floriano Cambará, trineto de Capitão Rodrigo, bisneto de Bolívar, neto de Licurgo e filho de Rodrigo, é um dos personagens principais deste final de trilogia do Tempo e o Vento. Rodrigo continua suas aventuras amorosas e políticas.

"De súbito Floriano sente-se tentado a fazer confidências. Gosta de Camerino e há nas relações entre ambos uma circunstância que o diverte e até certo ponto enternece. Quando ele, Floriano, foi batizado, seu pai convidou Dante, que tinha então onze anos, para ser o "padrinho de apresentação".

Lembrando-se agora disso, sorri, toca no braço do amigo e diz:

- Meu padrinho, prepare-se, pois estou em veia confidencial.

Camerino encara-o, surpreendido.

- Não acredito...

- Tens que acreditar. Estás assistindo a um fenômeno portentoso. O caramujo procura deixar sua concha. Não ria da nudez do bicho...

Cala-se. Sabe que a sombra da figueira lhe propicia esta disposição de espírito. No fundo o que vai fazer é pensar, como de costume, em voz alta, só que desta vez na presença de outra pessoa.

- Desde que cheguei tenho me analisado a mim mesmo e à gente do Sobrado.

Ergue-se, enfia as mãos nos bolsos. Camerino acende outro cigarro.

- Não é nenhum segredo - prossegue Floriano - que papai e mamãe há muito estão separados, embora vivam na mesma casa e mantenham as aparências. Devo dizer que a conduta da velha tem sido irrepreensível. Nada fez que pudesse prejudicar, de leve que fosse, a carreira do marido. Quando foram para o Rio, a coisa já não andava muito boa. Lá em cima tudo piorou. Tu sabes, mamãe não perdoa o Velho por suas infidelidades. E não vejo por que deva perdoar, uma vez que foi educada dentro dos princípios rígidos dos Quadros. E o mais extraordinário é que ela nunca permitiu, nem aos parentes mais chegados, que criticassem o marido na sua presença. Mais que isso, nunca consentiu que o problema do casal fosse discutido ou sequer mencionado. E agora que papai está doente e politicamente derrotado, agora que podia haver uma esperança, por mais remota que fosse, de reconciliação, o doutor Rodrigo teve a infeliz ideia de mandar buscar esta rapariga..."
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Mariana 27/03/2013

Com toda a certeza o mais chato da trilogia, a história não anda nem pra frente nem pra trás. Custei a conseguir terminar e lê-lo.
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Gláucia 21/04/2011

O Tempo e o Vento: O Arquipélago - Vol. 1 - Erico Veríssimo
Estamos agora na segunda década do século XX, partidários viraram oposicionista e vice-versa. O foco narrativo agora está em Floriano, filho do Dr Rodrigo. Floriano talvez seja uma espécie de alter ego do autor por ter pretensões literárias. História política do Brasil misturada à história de uma família e de uma região.
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Li 31/03/2011

DESAFIO LITERÁRIO 2011 - MARÇO - ROMACES ÉPICOS *LIVROS 5, 6 E 7*
Sinopse: O arquipélago, última parte da trilogia O Tempo e o Vento, encerra a saga da família Terra Cambará. No primeiro volume, o Brasil, o Rio Grande do Sul e Santa Fé se modernizam, Não cabem mais aos planos das oligarquias tradicionais. Os Cambarás retiram o apoio ao governo e aderem à revolução libertadora em 1923.
No segundo, os conflitos delineados no primeiro se adensam. A revolução de 23 chega ao fim e ao Rio Grande do Sul é pacificado. As novas contradições do Brasil chegam à família Terra Cambará: guarnições militares das Missões se rebelam e Toríbio, o irmão mais velho de Rodrigo, une-se a elas na formação de uma coluna revolucionária que tem um "ilustre desconhecido" à frente, um certo capitão Luiz Carlos Prestes..
No terceiro, os caudilhos gaúchos se rebelam, tomam a capital federal e inauguram uma nova era política no Brasil. Tudo converge para uma encruzilhada de tempos e memórias: Rodrigo Cambará tem um acerto de contas definitivo com o filho, Floriano, que começa a escrever o grande romance de sua vida.

As narrações de cada volume são divididas em basicamente 3 partes: o passado (começando por volta de 1923, quando o clã Cambará resolve abandonar o governo. Aqui também se observa o caminho da vida política e ideológica de Dr. Rodrigo e seus amigos), o presente, (no fim de 1945, que procura explicar porque Dr. Rodrigo voltou para Santa Fé depois da queda do Estado Novo e conta como anda a vida da família) e em capítulos curtinhos em que Floriano, o filho escritor de Dr. Rodrigo, rascunha sobre o passado familiar, o presente e sua falta de raízes, e o futuro, tomando notas para seu novo romance. No último livro a estrutura muda um pouco com a perspectiva familiar observada por outra pessoa.

Como sempre, a política é discutida e rediscutida aqui e confesso que depois de ler os volumes d´O retrato não tinha mais paciência de prestar muita atenção nisso... Mas as picuinhas domésticas e os relatos da vidinha da cidade, sempre me divertiram na leitura, não sou muito de conflitos e ideologias ferrenhas. Mas apesar de minha pouca atenção aos diálogos políticos, posso dizer que são verdadeiras autópsias das ideologias! Fiquei pensando como uma cabeça pode ter “coreografado” aquilo tudo... Há personagens que defendem a causa, outros que a contrapõe com igual fervor, além dos indecisos e os quase neutros... Enfim, acho que criar argumentos fortes de vários ângulos e deixar que o próprio leitor se decida de que lado se sente melhor em ficar é um grande feito de Érico!
Os assuntos metafísicos continuam fortes, mas o autor não tenta converter ninguém a nada, podem ficar sossegados. Na verdade, os diálogos sobre este assunto tem um cunho mais filosófico. Outro aspecto forte n´O arquipélago, principalmente no 3º tomo, é a questão social.
É interessante ver que como a passagem do tempo influencia conceitos, ideologias, amizades e inimizades, a própria cultura e valores, e como tudo vai mudando, nem sempre para melhor, ao meu ver.

Os últimos livros seguem o padrão de ótima leitura dos primeiros, mas digo uma coisa: Não leiam com prazo! Política, metafísica, filosofia, sociologia, são faces importantes a se conhecer, principalmente mesclados a fatos históricos do Brasil (mesmo que boa parte seja mais relacionado com o próprio Rio Grande do Sul) e do mundo, mas tudo demais é sobra, chega uma hora que você tem vontade de gritar de nervoso! Pelo menos eu tive quando cheguei ao 5º livro! Quando peguei o último e vi que não precisava correr para terminar no prazo, relaxei e acabei voltando a curtir. Mas fica a dica, leiam com calma e com tempo!

Este trecho de uma conversa entre alguns personagens d´O arquipélago exemplifica bem os 3 últimos volumes da trilogia e são pensamentos de Floriano, o personagem que mais prestei atenção nestes últimos livros, talvez porque ele se pareça um pouco comigo... Enfim:
“- Estive pensando... – continuou Floriano. – Nenhum homem é uma ilha... O diabo é que cada um de nós é mesmo uma ilha, e nessa solidão, nessa separação, na dificuldade de comunicação e verdadeira comunhão com os outros, reside quase toda a angústia de existir.
(...)
- Tenho a impressão – continua – de que as ilhas do arquipélago humano sentem dum modo ou de outro a nostalgia do Continente, ao qual anseiam por se unirem. Muitos pensam resolver o problema da solidão e da separação da maneira que há pouco se mencionou, isto é, aderindo a um grupo social, refugiando-se e dissolvendo-se nele, mesmo com o sacrifício da própria personalidade. E se o grupo tem o caráter agressivo e imperialista, lá estão as suas ilhas a se prepararem, a se armarem para a guerra, a fim de conquistarem outros arquipélagos, Porque dominar e destruir também é uma maneira de integração, de comunhão, pois não é esse o espírito da antropofagia ritual?”

Então pronto, cheguei ao fim da trilogia “O tempo e o vento”. Nenhuma dessas minhas míseras resenhas faz jus à grandiosidade da narrativa de Érico Veríssimo, rs, mas espero ter passado um pouco do meu encantamento com relação a ela e o respeito enorme que tenho agora pelo seu autor! Vale muito a pena conhecer, garanto!


*http://desafioliterariobyrg.blogspot.com/*

Viquinha 31/03/2011minha estante
Encantamento registrado, moça. Suas resenhas são muito gostosas de ler. Que bom que foi postada a tempo! =D

Beijocas


clandestini 31/03/2011minha estante
Sou suspeita pra falar. Amo demais essa saga.




Salek 15/11/2010

Um de meus favoritos
A obra, dividida em quatro volumes, é uma aula de história DELICIOSA. É um livro "colorido", ou seja, para mim foi fácil "entrar" na história. Recomendo sem reservas.

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