Gabriela 23/06/2023
Um terror não feminista
É importante começar ressaltando que NÃO é um terror feminista. Não tem nenhuma luta social contra o machismo e o patriarcado, não tem nenhum feminismo.
Hetty está presa a mais de um ano na ilha raxter, em um internato para garotas, após uma doença misteriosa se alastrar por toda a ilha, tomando a natureza e as meninas.
Com exceção de uma das professoras e de três meninas escolhidas para pegarem os suprimentos enviados pela marinha na costa, ninguém pode ultrapassar as grades do internato, sob um regime de quarentena rígido. As autoridades prometem uma cura que nunca chega e em um ano tudo continua igual, exceto que não. Em poucos dias, tudo pode desmoronar. Hetty, byatt e reese precisarão lidar com as consequências que uma teia de segredos pode causar após a ruptura.
A premissa é muito interessante, os personagens são coerentes com a situação em que estão, mas alguns como welch e a diretora foram mal aproveitados na minha opinião.
A escrita é muito boa, mesmo, inclusive um dos pontos fortes pra mim foram os capítulos narrados pela byatt, porque faz sentido e realmente mostra como a personagem se sentia e enxergava o mundo naquelas condições.
O ritmo da história é bom até 70% do livro mais ou menos, realmente bem desenvolvido na medida do possível, mas quanto mais se aproximava do final mais corrido parecia, apressado demais. O livro cria muitas perguntas e não dá repostas para a maioria delas.
MAS é compreensível, uma vez que o livro é narrado em primeira pessoa pelas meninas que sabem muito pouco e estão descobrindo junto com a gente, o final é justificável. Eu particularmente não gosto de finais abertos, mas nesse caso acho que fez todo o sentido a forma que o livro acabou, porém havia algumas explicações que eu fazia questão e ficaram por isso mesmo.
Mas acho que o objetivo era esse, é um livro para causar incômodo. A história demonstra o horror pelos olhos de quem o está vivendo, as incertezas das meninas quanto a ameaça biológica que está às dominando, o medo, o egoísmo, a culpa e todos os sentimentos envolvidos nas ações que elas tomaram para sobreviver.
É fascinante ver a personalidade das protagonistas se revelando ao decorrer da trama e também a relação entre elas, principalmente como a hetty enxerga cada uma das "suas meninas".
No mais é uma boa leitura, que entretém, chocando em alguns momentos e emocionando em outros. A quantidade certa de tensão e suspense, uma gota de romance e uma dúzia de perguntas sem respostas.