Resenhas - A Paixão Segundo G.H.

yas :) 10/05/2024

Sou cada pedaço infernal de mim
Clarice é uma poeta e um gênio em constante angústia de ser. Sua escrita é tão fluída e vem de um lugar tão pouco habitado que assusta, ao mesmo tempo em que para ela parece surgir com uma facilidade inexplicável.

Um livro construído inteiro por um monólogo é algo desafiador e por vezes inconcebível...mas ela consegue, e consegue muito bem!

Lendo "A Paixão Segundo G.H." me deparei com coisas que nunca havia querido me deparar, ou que havia fugido para não encontrar. Ela coloca em palavras, através de sua linguagem única, sentimentos do absurdismo humano, transformando-os em comuns e nossos.

E como toda contradição da vida, amei e não suportei esse livro. Por ser tão cru e exigir tamanha presença do leitor, me vi distante demais da obra e ansiosa para acabar e "me livrar" das palavras carregadas da Clarice. Mas sei que isso tudo é sobre mim e não diz nada sobre a genialidade da escritora!

Espero que eu reencontre seus trabalhos de uma próxima vez mais preparada e disposta, vale muuuito a pena.

mara 10/05/2024

Enfim, clarice.
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.

Thams3 09/05/2024

Li para a estreia do filme, ouvi o audiobook um dia antes, assisti ao filme e estou relendo pós filme. Não consigo parar de ficar EMBASBACADA com tamanha genialidade e profundidade contida nessas poucas páginas. A paixão segundo G.H é o universo mais íntimo de uma mente e um coração posto em palavras de forma que ninguém mais seria capaz além de Clarice.

liabatistak 06/05/2024

Baratamente
Com a escrita que é mais que desafiadora, Clarice Lispector me levou no fundo de uma história de G.H em sua busca questionável sobre sua identidade e algum propósito.
G.H encontra uma barata e assim começa com a gigante jornada de muitas descobertas.
com esse mundo misterioso e particularmente incrível, esse livro é perfeito para pessoas que querem ver o mundo de uma forma diferente, mais profunda e emocionante.
baratamente falando ??

jjuniecode 05/05/2024

"como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro."

marilia293 03/05/2024

Está mais pra relato pessoal do que resenha
Na biblioteca - em meio a tantos livros - o que titulava "a paixão segundo G.H" foi o que me chamou mais atenção. afinal, não seria uma ótima ideia ler sobre o ponto de vista de outra pessoa (mesmo que personagem) sobre esse sentimento??? bom, na minha cabeça era uma ótima ideia ver outras perspectivas após uma decepção.

logo vi que a autora era Clarice Lispector - ela vem me cantando há alguns livros - o que melhorou a reação e expectativa para a leitura. como de costume não li a sinopse e agradeço todos os dias por isso, eu pensando que leria sobre amor e suas vertentes, me dei de cara com um enredo em torno de um barata. acho impressionante como C.L consegue me fazer refletir tanto sobre tudo, sobre a vida, me falando de baratas. ela explora a moralidade e a vida como uma grande sedutora, onde tudo que existe se seduz. fui, assim como o/a personagem, seduzida pelo que existe (e pelo neutro), a barata.

"não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta" e "entendi então que, de qualquer modo, viver é uma grande bondade para com os outros. Basta viver, e por si mesmo isto resulta na grande bondade. Quem vive totalmente está vivendo para os outros, quem vive a própria largueza está fazendo uma dádiva, mesmo que sua vida se passe dentro da incomunicabilidade de uma cela. Viver é dádiva [...]", G.H evolui, compreende o que antes não compreendia e vê agora o mundo, totalmente diferente do começo do livro. me senti G.H lendo este livro - e como todos os outros da C.L - termino com uma nova visão, um novo ponto de vista, que por vezes pode não ser igual ao que foi lido, mas entender isto, e o que sinto... é o que me fez amar esse livro.

alpaco 30/04/2024

A Paixão Segundo G.H.
Clarice fala aqui sobre muita coisa, tendo um olhar bem de bióloga, o que achei particularmente interessante. G.H. vai ao quarto da empregada que acabou de deixar a casa, mata uma barata e come enquanto reflete sobre a permanência, a neutralidade, Deus e muito do que percorre a vida e o que nos constitui como seres humanos. É uma boa viagem para qualquer um.

marygoore 28/04/2024

Samsa adoraria ter conhecido G.H.
O máximo que eu teria feito no lugar da G.H. teria sido matar a barata (ou chamar alguém pra matar a barata) e seguir minha vida.

Acho que foi por isso que a Clarice disse que é melhor que pessoas de alma já formada lessem o livro, porque eles iam entender melhor a agonia do que foi a epifania que aconteceu no quarto da empregada.

Por isso que um especialista não entenda, mas uma menina de 17 anos pode ter esse livro como o seu favorito.

bia 28/04/2024

Além da compreensão
Para mim esse livro está além do nível da compreensão, diz respeito à ordem da intuição. Ler Clarice é, como ela mesma diz nessa obra, ter a grande coragem de resistir à tentação de inventar uma forma. Temos o costume de tentar compreender cada trecho de um livro, e quando algo está além da nossa capacidade, isso nos frustra. Isso aconteceu comigo ao longo da leitura: por vezes eu me pegava pensando em desistir. Por isso acho que é importante superar nosso ego, desistir de tentar entender tudo (ou de achar que temos a capacidade de tal) e se permitir apenas sentir a leitura.
A famosa barata desse obra é apenas um pretexto para desenrolar uma grande crise existencial na qual a narradora nos convida à participar. Para mim, foi por vezes muito difícil acompanhar o fluxo de pensamento da narradora. Percebi que isso se dava quando não existia muita identificação entre mim e o que ela trazia.
Já que , como disse Záfon ? Os livros são espelhos: neles só se vê o que possuímos dentro.?
Quando eu conseguia sentir o que a narradora estava trazendo, era como um soco no estômago, e como resultado meu livro está todo cheio de marcações e anotações.
Definitivamente é uma leitura para revisitar, relembrar e redescobrir dentro da obra.
Clarice tem uma forma de dizer as coisas que a faz parecer sobrenatural. Assim como disse o New York times ?Ninguém soa como Clarice. Ninguém pensa como ela.? A mulher é realmente insuperável?
Vou finalizar essa resenha (se é que pode ser chamada disso kkk) com o trecho que me fez ler esse livro, e que vai sempre ser muito especial pra mim:
?Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.?
????

giovana 27/04/2024

Infelizmente não consegui aproveitar muito esse livro porque ficava perdida em meio às divagações de G.H. e por fim acabei torcendo para acabar logo.

Loh 27/04/2024

A Paixão Segundo G.H
Clarice não se compreende
Clarice não se entende
Clarice transcende.

Um dos livros mais difíceis já escrito por Clarice, tive muita dificuldade para compreender a mensagem passada por ele, mas quando você entende que G.H não fala especificamente sobre baratas, há a compreensão da vastidão de Clarice. Entendo-te autora, o mundo é cruel, o mundo é confuso, as vezes parece que somos como as baratas?

gigika 26/04/2024

Ser-se o mundo é crueldade
Em risos de dor, Clarice me prende num quarto ( deserto úmido) e, de mãos dadas, eu e ela, atravessamos um escuro alegre à caminho do outro lado. A caminho do encontro comigo. Não com ela, comigo. Dançamos no irreal, descobrimos o segredo do mundo, e procuramos pelo tesouro que é o tal sentido da vida. O segredo do mundo é um pedaço opaco de coisa. O tesouro é a madeira, o trinco da porta, a parede pintada, o móvel empoeirado e o gozo da vida: o ençoso branco que sai da barata.
Eu não sabia ver que isso, esse livro, é um amor delicado. Um amor que se vomita de nojo. Um amor que se desespera com o que é, e se cospe, mas continua eu. Um amor que desiste. E após lê-lo sinto falta como quem morre.

Camila0831 26/04/2024

Existencialismo visceral
O surpreendente que é alguém que se conforma com o não significado sendo obrigado a se implodir por algo tão trivial como uma barata. A advertência no início tem de ser levada a sério, ou senão podem os que pensam ser a vida o dado, que acham que viver é existir, encontrarem-se sacudidos em suas certezas ou desprezarem o outro do mundo que espelha, e portanto assombra, o eu.

Chiara 25/04/2024

Tortura de uma alegria
Inacreditavelmente ler um livro sobre uma barata conseguiu ser extremamente fluido. Mas o livro apesar de ser sobre uma barata, acaba não sendo sobre uma barata. O livro trás quase que uma crise existencial, o que é a moralidade, a existência, o neutro e o inferno afinal? São perguntas sem respostas que nos fazem refletir, o livro no final acaba sendo uma interpretação do mundo, uma metáfora e um sentir.

Lady Rita 24/04/2024

Intenso
Que Clarice Lispector tinha um jeito único de escrever, não é novidade para ninguém, porém, que livro forte, que vai da sutileza a mais grotesca das coisas.
Do sentimento neutro ao mais repugnante.
Enfim, é uma leitura excelente, mas os sensíveis que evitem.