Codinome 21/05/2021
Um pouco sobre "A vida intelectual"
“A vida intelectual” é um livro da década de 1920, escrito por A.-D. Sertillanges. Nesse seu texto, ele fornece direcionamentos ao indivíduo que busca uma formação intelectual, algo que, na visão de Sertillanges, é um conjunto de aspectos que envolvem a absorção pelas leituras e experiências; e também pela constituição de uma obra que esse indivíduo inevitavelmente acabará produzindo. Além disso, esse produto final não se prende apenas ao criado por essa pessoa, mas também ao que de fato essa pessoa se torna a partir de todo esse mar de experiências lidas e vividas.
Um importante ponto que o escritor valoriza é o da “universalidade” do aprendizado, em suas palavras: “Tudo está em tudo, e uma compartimentação só é possível por abstração”. Disso podemos tirar o porquê da valorização que devemos dar a tudo que está em nossa volta, pois no fundo, tudo se converge a uma verdade eterna e perene.
Vemos que esse tipo de formação é algo que se perdeu nos dias de hoje e que já vem se construindo a tempos com essa divisão em especialidades, os antigos pensadores (que eram os estudiosos e intelectuais de suas épocas) tinham uma formação muito mais ampla envolvendo filosofia, matemática, artes, biologia, química, história e por aí vai; pegue um Leonardo da Vinci ou um São Tomás de Aquino (grande influenciador de Sertillanges, que é um tomista e o cita diversas vezes no livro), por exemplo, e verá essa diferença com nossos atuais intelectuais. E aqui eu não quero transmitir um sentimento de nostalgia, admitindo que tudo antigamente era melhor do que hoje; de fato, não é isso, até porque isso ocorre com pessoas que viveram essa época passada e têm lembranças nostálgicas. Eu não vivi o século XIII, por exemplo, mas através de um entendimento e de uma assimilação de ideias, percebo que os pensadores dessas épocas tinham essa preocupação com o todo, que Sertillanges aborda.
Ao meu ver, um livro como este, busca ressuscitar essa metodologia de estudo que se perdeu, o ponto comum que existe entre todas as ciências e que grandes homens conseguiram ver e aplicar. Alguns, provavelmente, gênios, mas que perseveraram em seus estudos e, desse modo, mereceram ainda mais esse adjetivo.
Essa perseverança e a constância são aspectos importantes que o autor também enfoca; são muitas as vezes em que ele dá dicas práticas de equilíbrio de espírito para se alcançar seus objetivos no “trabalho”, palavra que utiliza bastante também e, com ela, Sertillanges consegue se referenciar à atividade intelectual e à atividade prática também que um trabalhador comum possa ter: essa universalidade do valor do conhecimento combinada com a rotina de um indivíduo se evidencia (e, dessa maneira, legitima-se mais ainda) pela própria linguagem.
Um excelente livro, ajudando-me a crescer ainda mais nesse campo do estudo, das ideias e da visão de mundo.