Gica Brombini 12/07/2021
"MARCAS DE SÃO JOÃO EM MIM" me marcou com sorrisos e me envolveu de saudade!
Queria começar essa resenha esclarecendo que quase nunca leio a sinopse de contos, e quase sempre me deixo levar apenas pelo fato de o conteúdo da história ter protagonismo LGBTQIA+, pela capa (adoro ilustrações) ou pelo simples fato de a novela ser de autoria nacional e independente. Então, vamos lá!
Comecei a leitura por estar à procura de contos e histórias que se passassem durante o período de junho/julho, e que possuíssem como contexto as maravilhosas festas juninas. Eu achei a capa do conto uma fofura, e esses dois motivos foram suficientes para que eu iniciasse a leitura.
No início, me senti meio perdida e sem saber para onde a história iria se encaminhar, pois como já disse, não havia lido nenhuma prévia anterior. Porém, no momento em que o potencial romântico e o contexto junino apareceram, eu me derreti e me apaixonei.
Esse foi o tipo de conto e de escrita que me faz lembrar o porque de eu amar tanto literatura nacional e os aspectos únicos da cultura brasileira que nela são inseridas. Nada de estereótipos norte-americanizados em relação à vida universitária, além de uma realidade simples e verdadeira da rotina de um jovem adulto brasileiro que vive em uma cidade pequena. A escrita do autor é leve e encantadora, principalmente pela contextualização de cenários e da construção de personalidade dos personagens, principalmente do protagonista Léo. Procurar a forma mais barata de conseguir um rodízio de pizza, sair para um barzinho depois da aula da faculdade e paquerar um garçom bonito é tão similar a minha realidade que me senti em casa com esse conto. Também moro em uma cidade do interior, e toda a paisagem histórica e simples me fez imaginar todo o cenário de uma forma muito palpável.
O romance é fofíssimo e as amizades do protagonista tem muita presença, principalmente a de Ana e Luna, que representam um ponto de divergência importante para como o Léo vê o amor e seus anseios, idealizações e inseguranças em relação a isso. Não sei dizer se a intenção do autor ao apresentar de forma tão próxima do protagonista um relacionamento estável e apaixonado, e outro repleto de medos e inseguranças foi proposital, porém se entrelaçou muito bem com todas as ideias e diferentes perspectivas que podemos ter sobre um namoro. Luna e Raquel são tão envoltas por uma paixão sincera e possuem uma visão tão simples e intensa sobre amar uma à outra que, o conto por sua vez, acaba não só apresentando um romance de aquecer o coração, mas sim dois. Por consequência, me identifiquei com os pensamentos e perspectivas do Léo, com a personalidade da Luna, e quis imensamente entrar na história e aconchegar a Ana em meus braços.
Voltando um pouco ao romance principal, gostaria de dizer que não o vejo de forma alguma como o foco do conto. Acredito que, apesar do envolvimento completamente fofo e apaixonante de Léo e Miguel, o foco fica claramente na construção do personagem principal e seus momentos de reflexão sincera, felicidade simples e sentimentos intensos e conflitantes. Como já disse Ana, “o que a gente sente, uma hora transborda”.
A única coisa que me “incomodou” (entre muitas aspas), foi que a quantidade de personagens secundários me pareceu desnecessária. Com a profundidade de amizade que Léo possui com Ana e Luna, as outras personagens acabam por parecerem neutras e um tanto descartáveis, estando ali apenas para preencher espaços e adicionarem diálogos engraçados. Entretanto, isso de forma alguma torna o conto descartável; continuo indicando-o com todo o meu coração, pois esta foi apenas uma perspectiva e opinião particular.
Por fim, a leitura de 86 páginas nunca me foi tão rápida e tão prazerosa. “Marcas de São João em mim” se tornou mais um conto queridinho, repleto de representatividade e extremamente palpável com sentimentos reais e um romance que me deu borboletas no estômago.
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