@adriana_ lerlivros 13/09/2022O Duplo de Dostoiévski?Yákov Pietróvitch Golyádkin despertou de um longo sono, bocejou, espreguiçou-se e
por fim abriu inteiramente os olhos. Aliás, ficou uns dois minutos deitado em sua cama, imóvel, como alguém que ainda
não sabe direito se acordou ou continua dormindo, se tudo o que está acontecendo a seu redor é de fato real ou uma continuação dos seus desordenados devaneios.?
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A gente começa esse romance cheio de dúvidas sobre a sanidade do protagonista Golyádkin. Desde o início ele já dá sinais do seu desequilíbrio.
E o leitor fica a se perguntar a todo momento durante a leitura, será que ele está enlouquecendo?
Será que tudo está acontecendo apenas dentro da sua cabeça?
Será que tudo o que ele está vivendo é um sonho ou esquizofrenia?
O duplo é sua projeção ou é real?
As desventuras do senhor Golyádkin durante essa narrativa beira o cômico, mas na verdade é uma grande tragédia do início ao fim. Golyádkin é um homem tímido, não consegue ter uma boa relação com as pessoas do seu convívio social, ele mesmo confessa não saber articular bem, falar com desenvoltura e isso é bastante marcante na narrativa com frases entrecortadas e repetidas. Mas, o que mais me chamou atenção aqui foi o seu duplo, embora eles sejam iguais em tudo, nome, trabalho e história de vida, o duplo de Golyádkin é o seu extremo oposto, um homem extrovertido que consegue estar junto dos seus superiores e isso causa ira e inveja no protagonista.
Outra característica de Golyádkin é a sua mania de perseguição, ele acredita que todos estão contra ele e considera todos seus inimigos, incluindo o seu duplo. Além de ter inúmeros diálogos mentais, deixa em vários momentos, o leitor confuso e cheio de dúvidas se ele está delirando ou não.
O Duplo de Dostoiévski é uma narrativa muito rica ao ser analisada, ele nos faz sentir como o próprio Golyádkin se sente, confuso e angustiado. Esta é uma obra que mergulha na mente do seu protagonista e nos leva juntos, então respire fundo.