Larissa 25/03/2022
Que os contos de fadas em suas versões originais diferem bastante das histórias que chegam até nós na atualidade não é um grande segredo, mas o que isso significa na prática?
De "João e Maria" à "Cinderela", essas histórias fazem parte não apenas do nosso imaginário cultural, mas também da nossa formação como seres humanos. Seja pelas versões originais, pelas adaptações de Disney ou pelas inúmeras coleções de livrinhos que vemos por aí, é praticamente impossível que você tenha crescido sem ouvir pelo menos uma dúzia dos inúmeros contos existentes.
Contudo, nem sempre paramos para pensar que essas histórias não dizem respeito apenas a nós, mas também à uma sociedade distante no tempo. Alguns contos possuem sua origem ainda na Idade Média, quando campo e indivíduos se associavam fortemente e os camponeses costumavam manter os animais por perto para se aquecer. Neste cenário nasceram histórias como "Chapeuzinho Vermelho", por exemplo. Outras, como "João e Maria" e "O Pequeno Polegar" certamente provém de uma época e região onde os camponeses costumavam morrer de fome e por isso abandonavam suas crianças na floresta a fim de que tivessem uma sorte melhor.
É claro que essas histórias possuem diversas versões e interpretações diferentes, e é aí que entra essa edição maravilhosa da Editora Zahar. Nesta edição comentada e ilustrada temos não apenas os contos, mas várias e várias notas sobre suas interpretações históricas e psicológicas, além de um texto de introdução belíssimo e explicativo, que te dá vontade de revisitar a infância na mesma hora! E pra mim, isso foi o que mais valeu!
Se é interessante conhecer essas histórias famosas em suas versões originais? Claro que é! Às vezes surpreende, às vezes decepciona, às vezes até assusta! Mas muito melhor do que lê-las é poder compreende-las, mesmo que brevemente, em seu contexto original. Nós reinventamos esses contos ao longo do tempo, os transformamos nas grandes aventuras e fantasias que almejamos viver, mas ao vê-los assim, de uma forma mais dura e crua, repensamos a nossa própria história e nos damos conta de que a infância de outrora nem sempre foi aquilo que costumamos chamar de "um belo conto de fadas".