spoiler visualizarLena :) 14/04/2024
As vezes eu fico bem feliz de ter nascido nos anos 2000 e não ter sido uma adolescente nessa época
Admito que a experiência de ler esse livro teria sido bem melhor se eu tivesse feito isso uns 4 ou 5 anos atrás. O livro é legalzinho, as personagens são divertidas, acontecem coisas interessantes que me deixaram curiosa para saber o que ia acontecer etc etc. Mas, tem muitos pontos negativos que eu gostaria de pontuar sobre esse livro, e eles basicamente giram em torno da época em que ele foi lançado e a idade que eu li.
Primeiramente: eu não aguentava mais ouvir os infinitos comentários sobre o corpo da Fani. Principalmente os feitos pela mãe e pelas amigas. Isso me incomodou em um nível, acho que não passavam uns 3 capítulos sem que alguém - inclusive a própria Fani - fizesse algum comentário sobre como ela engordou no intercâmbio, sobre ela ter que voltar a fazer exercícios, ou sobre maneirar na comida para não passar do “peso ideal”, e eles eram colocados na narrativa com tanta normalidade, ela estava sempre “nossa, não posso engordar, não posso ser uma pessoa gorda, tenho que ficar abaixo dos 60kg, não posso comer demais, senão vou engordar”, como se estivesse fazendo uma nota mental qualquer, e assim… Eu sei que, no contexto do lançamento do livro, esse era um tipo de comportamento transmitido totalmente normal, então eu entendo o fato de estar presente no livro, mas ler isso hoje em dia, ainda mais eu que nunca fui a menina “dentro do padrão”, me deixou incomodada de várias maneiras. A cena das amigas comentando por e-mail e a dela falando que a balança do banheiro estava quebrada, porque ela não queria acreditar que estava com quase 70kg me deixaram até um leve mal estar, físico mesmo. Me lembrou de agradecer por não ter sido uma adolescente nos anos 2000, porque não sei como estaria minha cabeça se fosse eu quem estivesse inserida em uma realidade assim - não que hoje isso não exista, claro que ainda tem muito a ideia do “corpo ideal” e da “idealização da magreza”, mas, pelo menos, temos outras formas de pensamento e aceitação mais presentes na mídia, e espero que um dia esse ciclo se quebre, sei lá se isso é possível kkkkkkkk. Mas assim, talvez eu esteja indo longe demais com isso. Não foi algo que arruinou a minha experiência completamente, mas me trouxe essa reflexão, então achei interessante pontuar.
A outra coisa que eu queria falar sobre é a relação da Fani e do Leo. Quando eu terminei o audiobook, eu fiquei pensando muito em como se eu tivesse lido isso com uns 12 anos, eu teria achado a história deles super romântica, e que a vida da Fani é um sonho virando realidade - afinal, quem já não teve a vontade de fazer um intercâmbio, ter alguém extremamente lindo caidinho por você e estudar o curso dos sonhos no exterior? (resumindo muito a história) -, e torceria muito para que eles superassem os problemas e ficassem juntos no final. No entanto, lendo isso com quase 20, a única coisa que eu consigo pensar é que eu espero que eles não fiquem juntos no último livro, porque quanto mais eu ouvia, menos empatia pelo relacionamento deles eu tinha. As crises - ridículas - de ciúme dele com qualquer coisinha relacionada ao Christian (a cena do mouse, pelo amor de deus), e ela sempre com medo de que acontecesse outra coisa e eles terminassem… que relacionamento horroroso!!! Tudo bem, eles se gostavam e tinham momentos fofos, mas como você vai se relacionar com alguém tendo que se preocupar constantemente em como alguém de fora da relação pode estragar tudo? Que pesadelo. A sensação era de que eles seriam um “pessoa certa na hora errada” ou “o destino vai nos unir”, mas não sei, depois de 3 livros da série, os “acasos” que foram separando os dois ou impedindo-os de ficarem juntos só não me evocam nenhum sentimento. Foi algo tão mesquinho, que eu não consigo me fazer torcer para eles ficarem juntos no final, acho que só não me importo - e isso é triste, porque é muito fácil me agradar com essas coisas, e eu amo histórias bem adolescentes, mas dessa vez não foi, não me desceu, não me conquistou.
E acho que era isso que eu tinha para dizer. Talvez eu tenha me alongado demais, e talvez eu mude a minha segunda opinião da história (acontece né, sou apenas um ser humano), mas eu precisava colocar para fora! kkkkkkkkkkkk