O Complô

O Complô Will Eisner




Resenhas - O Complô


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clara 10/07/2023

A grande fake news
Como ja li em outras resenhas, a classificação desse livro é: absolutamente necessária.
Fiquei impactada e sem dúvidas mudou muito minha visão sobre o nazismo quando li, percebi o quão absurdo tudo isso foi e como o anti-semitismo se tornou tão grande, principalmente durante a segunda guerra mundial, o grande massacre contra os judeus.
Os protocolos tiveram grande influência na época e a propagação por pessoas que acreditavam que era real?é loucura. É revoltante que tudo não se passou de um grande plágio e fake news(fake news não é tão atual quanto pensamos).
Gostei e recomendo muito a leitura desse livro em quadrinhos, assim como maus. Acho essencial para ter conhecimento sobre o que foi o anti-semitismo e como se tornou tão forte.
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Paulo 25/06/2023

"Sempre que um grupo de pessoas é ensinado a odiar outro grupo, inventa-se uma mentira para insuflar o ódio e justificar um complô. É fácil encontrar o alvo, porque o inimigo é sempre o outro."

Em uma época em que falamos tanto de desinformação, esta HQ, que foi a última escrita pelo monumental Will Eisner, ganha ainda mais relevância. É chocante o quanto hoje a internet é repleta de notícias falsas que podem alterar até mesmo o destino de um país. Tivemos duas eleições, uma nos EUA e outra no Brasil, que tiveram seus resultados definidos dessa forma, propagando notícias mentirosas as quais as pessoas não sabiam como reagir ou como desmentir. Foi necessário alguns anos para que fossemos capazes de criar alguma casca e conseguir desmentir desinformação na hora em que ela é propagada. Mesmo assim, as bolhas em que vivemos servem como "escudos" tanto para o bem como para o mal. Discutimos na atualidade mecanismos que possam combater a desinformação e penalizar os responsáveis diretos por criá-las e/ou propagá-las. Mas, a desinformação já existe há séculos. Talvez uma das mais conhecidas tenham a ver com o famigerado livro dos Protocolos dos Sábios do Sião, um documento totalmente falso atribuído a um grupo de judeus que estariam conspirando para dominar economicamente o mundo. Um livro que foi responsável direto pelos horrores vistos no Holocausto, já que Hitler usou o livro como base para fabricar um plano culpabilizando os judeus pelo que vinha acontecendo na Alemanha após o final da Primeira Guerra Mundial.


A HQ nos mostra todo o processo de criação e difusão dos famigerados "Protocolos". Sua concepção vem de uma cópia de uma obra escrita por Maurice Joly que escreveu um falso diálogo entre Maquiavel e Montesquieu como uma forma de criticar o governo de Napoleão III na França. O livro foi mal aceito e Joly precisou sair do país para publicá-lo, tendo sido preso inúmeras vezes. De qualquer forma o livro acabou se tornando uma espécie de objeto exótico que perambulava por livrarias de várias partes da Europa. Na Rússia czarista, dois nobres desejosos de obter o favor do czar bolam um plano de fazer o atual conselheiro de Nicolau II cair no ostracismo. Nicolau tinha algumas paranoias referentes aos judeus e realizou uma série de pogroms (perseguições) a comunidades espalhadas por todo o território russo. Seu conselheiro tinha uma política desinteressada em relação a eles, o que seus detratores queriam usar para colocá-lo em descrédito. Com a ajuda de um falsário chamado Golovinsky que cria uma falsa narrativa a respeito de um complô judaico para dominar a economia global, os dois nobres passam a divulgar esse livro por toda a parte. Embora suas tramoias não tenham dado certo, o novo livro, agora os "Protocolos" passa a ser traduzido para vários idiomas. E se inicia a lenda do complô judaico. Isso é só o começo da história, e Eisner irá trabalhar como este livro ganhou dimensões maiores do que a que ele se propunha a ser. Veremos como ele será abraçado por diversos movimentos e como será a luta para desmentir suas informações.


Esse é um Will Eisner já em final de carreira, mas comentar qualquer coisa sobre sua arte chega a ser escandaloso. Ele tem um domínio dos quadros que não vi nenhum outro fazer o que ele faz. Tudo pelo cenário pode compor parte da arte ou até os balões. Um pedaço da capa de alguém, uma fumaça. Até a maneira como ele monta flashbacks é bem delineado na página e o leitor não se perde em nenhum momento. Os quadros possuem movimento e mesmo os personagens situados ao fundo estão fazendo alguma coisa. Nada é desperdiçado. Seu design de personagens é também bastante específico, daqueles que você olha e identifica que é do Eisner. Poucas (ou quase inexistentes) repetições de modelos de personagem, sendo que cada um deles possui algo que o destaca dos demais. Ler qualquer HQ do Eisner é uma aula de como fazer quadrinhos. Mesmo sendo uma HQ carregada de textos, ela consegue ser interessante e diferente a ponto de se destacar em uma prateleira. Há também que comentar sobre o domínio de três cores do Eisner; além do PB, há também o cinza que fornece uma outra presença aqui. Somente trabalhando as gradações do preto, é possível criar vários efeitos legais.




Esta é uma HQ informativa, basicamente uma HQ-reportagem como estamos acostumados a lidar com esse gênero hoje. Então tem bastante texto explicativo sobre o tema abordado pelo autor. Mesmo assim, Eisner dá uma cara de história investigativa com alguns personagens meio recorrentes. O autor consegue tornar a sua pesquisa interessante ao sempre colocar perguntas que instigam o leitor a continuar lendo. Pode parecer uma HQ longa e carregada, mas li em poucas horas dada a minha fome de leitura e curiosidade. Tem algumas inserções de recortes de jornal que ajudam a contextualizar, além de alguns pequenos parágrafos de texto situando o leitor quando Eisner avançava no tempo. Tem uma pergunta que se repete durante a história toda e esse é um trend aqui. Como um livro desmentido inúmeras vezes e de forma definitiva conseguia se manter relevante com as pessoas acreditando na mentira. Eisner vai nos guiando e propondo, através do roteiro, algumas respostas para isso. Só que ele não nos oferece nenhuma resposta definitiva, servindo mais como um guia para nos mostrar todo o teatro montado. Uma parte brilhante que mostra como uma HQ pode servir como gênero de denúncia são as páginas em que Eisner compara trechos do livro de Joly com os "Protocolos". Ele compara página a página, trecho a trecho, emitindo comentários que o fizeram escolher especificamente alguma coisa.


Hoje falamos tanto de desinformação e o mau uso das redes sociais e cá está uma das primeiras maneiras como a desinformação foi usada de uma maneira ampla e com um claro viés persecutório. Um documento foi criado e falsificado a fim de fazer com que todo um povo pudesse sofrer com o ostracismo e a violência daqueles que se sentiam afetados por eles. A maneira como isso foi feita é descarada e desmedida. Pensar que uma falsificação que foi capaz de gerar a morte de milhões de pessoas surgiu por que dois indivíduos queriam conquistar os favores de um líder é absurdo. E isso não foi feito uma ou duas vezes, mas por toda a existência desse livro. Goebbels percebeu que os protocolos eram uma falsificação e mesmo assim insistiu em apresentá-lo a Hitler, um homem claramente desequilibrado e com delírios de grandeza. É compreensível que muitas pessoas tenham, de fato, acreditado na mentira, mas Eisner mostra a sua total indignação diante daqueles que sabiam o que estavam fazendo. A desinformação foi combatida, desmentida e permaneceu sendo entendida como verdade. É por essa razão que tolices como aquelas ditas durante o governo brasileiro no período pandêmico colocando em dúvida a eficácia da vacina são tão danosas. Porque isso é difícil de voltar atrás. As pessoas vão continuar acreditando em falsas afirmações, não importa as campanhas feitas nos próximos anos.


É triste dizer isso, mas o ódio é mais simples de ser compreendido e absorvido do que a paz e a tolerância. Isso porque, como Eisner aponta, uma mentira pode servir como justificativa para os erros e descalabros que cometemos em momentos de fraqueza. Agredir o outro não exige reflexão, diálogo ou debate. Apenas o instinto primitivo de destruir o próximo. No momento de crise econômica da Alemanha, os alemães buscavam alguém para apontar a culpa. Sim, houve muita influência americana no processo, a República de Weimar teve inúmeros membros do alto escalão que eram corruptos, sem falar na crise de 29. Mas, como apontar o dedo para alguém que não é facilmente identificável? Os protocolos ofereceram a justificativa ideal, desumanizando os judeus e tornando-os passíveis de sofrerem violências. A agressividade espúria vem da desumanização; quando deixo de encarar o outro como meu igual. Foi assim com os negros traficados do continente africano quando membros da Igreja interpretaram de uma maneira torta e desviada um versículo do Antigo Testamento; quando os povos ameríndios passaram a ser dizimados com base em um diário de observação de um europeu que não compreendia seus hábitos e costumes; e como é com os membros dos partidos socialistas espalhados pelo mundo, entendidos como inimigos da humanidade com base em informações sem sustentação. O processo é o mesmo.




Não quero entregar muito sobre a narrativa porque esse é um daqueles trabalhos que tem que ser lidos. A maneira séria e honesta como Eisner trata o tema é um exemplo para outros roteiristas que desejam abraçar esse tipo de narrativa. Não me sinto sequer à vontade para analisar, dar notas a uma HQ como essa. Porque ela vai além das notas, sendo uma discussão necessária nos dias de hoje. Precisamos ser mais ciosos do que estamos lendo, de como estamos lendo. Do que está sendo criado, com que propósito um material está chegando. Nada é desprovido de intencionalidade. Acima de tudo, precisamos estar dispostos a discutir um assunto, a ouvir os vários lados da questão. Extremistas desejam impor sua vontade ante todas as outras e não é assim que vivemos em sociedade. Darmos vazão a extremos é deixar de lado o amor ao próximo. A compreensão de que aquele que está ao meu lado é tão importante como eu. Que todos fazemos parte de uma única raça... a humana.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Eliane 07/05/2023

O complô traz a denúncia de um plágio, feito com propósitos políticos, para distanciar do governo russo, um judeu não bem vindo, mas que era influente com Nicolau III, como se este judeu tivesse se reunido em uma cúpula judia para conspirar contra o mundo, gerando as revoltas populares que assolam a Rússia na ocasião, como se estivessem acontecendo como parte de uma conspiração judia.
Traz a reflexão de como este livro "Os Sábios de Sião", foi criado a partir de uma obra de ficção, escrita 40 anos antes, e de como a falsificação foi usada à exaustão para criar inimigos políticos no mundo todo, manipulando populações para ações de intolerância e violência, dividindo o povo e levando-o, de maneira irracional, a apoiar a fraude, que justifica seus humores vergonhosos a partir de falsificações grosseiras e comprovadamente falsas.
Enfim: Fake news em ação, com fins políticos! "Tudo como dantes, no quartel de Abrantes"
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Maia 15/01/2023

Um último trabalho que exemplifica a grandeza de um gênio.

Esse com certeza entra na lista de leituras "obrigatórias" pra todo ser humano.

Um registro histórico que esclarece e indigna.
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Nanda5Oli 28/10/2022

Uma obra necessária
O impacto que trás ao descobrir que no decorrer da história o quanto as pessoas foram egoístas e cegas por suas ideias é monstruosa.
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blxshbreno 17/08/2022

leitura necessaria
gostei muito como o autor sintetizou toda história do anti-semitismo "moderno" (a partir da publicação dos protocolos). é muito interessante também que, à medida que lemos, parece que tudo é pura ficção. mas não, é verídico!
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@thereader2408 18/05/2022

Uma das fake news mais mortais da história
Em 1897 aconteceu o 1º Congresso Sionista na Suíça que discutia a criação de uma nação judaica. Theodor Herzl foi um dos responsáveis pelo evento e mal sabia ele que esse encontro serviria para fomentar uma mentira que mataria milhares de pessoas. Quase 30 anos antes, em 1864, o francês Maurice Joly escreveu e publicou "O diálogo no inferno de Maquiavel e Montesquieu" com crítica a Napoleão III. Ok, mas o que isso tem a ver com essa história?

Mathieu Golovinski, um russo exilado na França a serviço da polícia secreta do Tsar Nicolau II, PLAGIOU partes do livro do Joly e produziu o famoso e maléfico "Protocolo dos sábios do Sião" que dizia que os judeus pretendiam dominar o mundo e deu um jeito desse documento falso chegar na Rússia onde aconteciam inúmeras revoltas e eles queriam empurrar paral alguém essa culpa. E foi Sergei Nilos, o conselheiro do Tsar, que usou os "Protocolos" fake pela primeira vez. Isso foi o estopim para o início da perseguição aos judeus na Rússia.

Em "O complô", Eisner conta didaticamente a construção dessa farsa, e de como isso se tornou fonte de referência para literatura anti-semita ao longo da história. Vemos que mesmo com as inúmeras provas que apareceram já em 1921 pelo The Times, por jornais alemãs em 1924, ou pelo relatório dos senadores americanos em 1964 a mentira ainda perdura. Eisner acreditava que seu trabalho ajudaria a esclarecer tudo e nos ajudaria a observar como funciona o dispositivo de uma fake news onde o ódio é empregado como discurso e instrumento de mobilização.

Os protocolos foram traduzidos para diversos idiomas no início do século 20, até mesmo no Brasil, só nos EUA meio milhão de cópias foram distribuídas. A HQ mostra como a publicação falsa chegou nas mãos de Adolf Hitler que utilizou como "evidência" e fonte de inspiração para construção da ideologia Nazista, para justificar o Holocausto e o genocídio de milhões de judeus. Vemos o estrago que essa mentira causou desde a Russia Czarista, passando pelo caso Dreyfus na França em 1984, os vários pogroms em diferentes países, a participação de Henry Ford na popularização da mentira até o ataque às sinagogas em 2000.

A apresentação da HQ é feita por Umberto Eco que tenta explicar como Os Protocolos ainda possuem tanta força, o prefacio de do Wills Eisner e o pósfacio é do Stephe Bronner, cientista político e filósofo. Existe a necessidae de criar um inimigo e as pessoas querem acreditar nisso, com objetivo de justificar seus próprios preconceitos. Essa HQ é um tapa na cara, eu considero essencial não só para entender como funciona a propagação de fake news, mas para atentar que a história se repete.

@thereader2408
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Renato 11/01/2022

Como uma mentira é construída
Eisner era brilhante.
Nessa história agradável de ler como as demais de autoria dele, é possível compreender os meios e métodos pelos quais as mentiras são construídas.
Hoje há o termo "fake news", mas dentre muitas falácias, tais como Os Protocolos dos Sábios de Sião, sempre houve a propagação de mentiras com fins escusos.
É uma história com um drama intenso, e como as demais, há muitos elementos pessoais e caros ao autor, tocados com muita propriedade e sensibilidade pelo autor.
As ilustrações são sensacionais, e este é o último trabalho de uma prolífica carreira que passou de sete décadas.
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Leonardo.Fernandes 31/05/2021

O complô
Um quadrinho que se mostra ainda muito importante nos dias atuais, na qual a verdade é difícil de se acreditar. Uma boa crítica ao passado, presente e que pode se arrastejar ao futuro TB. Uma crítica ao modo dos governos lidarem com as pressões populares, criando mentiras e insuflando o ódio.
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Joaquim 10/05/2021

Leitura Essencial!!!
Esse é um daqueles que são divisores de águas, pois deixam o leitor impactado ao extremo.

É impossível lê-lo e não ficar questionando a realidade.

Recomendo a todos!
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Vicente 18/03/2021

Incrível
O complô é o último trabalho do genial Will Eisner, inventor das graphic novels. E ainda conta com um prefácio escrito por Umberto Eco. O livro foi fruto de uma pesquisa que durou 20 anos e conta a estória por trás dos Protocolos dos Sábios de Sião. Documentos forjados e mentirosos que denigrem a imagem dos judeus até os dias de hoje. Uma leitura esclarecedora que faz refletir o quanto uma mentira pode ser danosa.
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Maria 17/03/2021

FORMIGUINHA DE HISTÓRIA
Sou suspeita pra falar o quanto esse livro abre caminhos para entender bastante a formação de alguns complôs ao longo da história (como o título deixa bem sugestivo). Só leiam.
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Ligia.Edgleisy 29/01/2021

Esse quadrinho trata de assuntos históricos se uma forma leve e muito bem referenciada. Muito bom!
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Gilvania4 29/08/2020

Fraude que gera mortes
Quando uma mentira é contada muitas vezes, ela se torna verdade e como fazer para além de provar o contrário, convencer as pessoas do que é o certo?
Neste livro Will Eisner, fala em poucas páginas de um fato histórico que trouxe a morte e o exílio de muitos judeus, no momento exato onde foi traçado seus destinos e que devido a uma mentira, até hoje eles sofrem por causa de um livro fraudulento e pessoas de má fé. Achei bom, leiam!
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