André Costa 01/05/2023
Não gostei, mas valeu a pena.
Num mundo em que todos os países, exceto os Estados Unidos da América, se tornaram repúblicas populares, alguns poucos indivíduos lutam para manter seus negócios e suas criações lucrativas e sob sua propriedade, enquanto o governo daquele país, cada vez mais corrupto e parasitário, tenta controlar toda a produção nacional. A maior parte dessa descrição poderia ser usada por qualquer liberal, em qualquer país do mundo, e a Revolta de Atlas é a ficcionalização dessa ideia num romance da autora Ayn Rand.
A construção da obra se baseia numa percepção idealista da autora, em que alguns poucos cidadãos são inteligentes, lógicos, de excelente índole e com uma beleza quase grega; já os membros do governo e grande parte da elite são, simplesmente, burros e maus, sem qualquer razão para tal. Dessa forma, a história se desenvolve com um enredo que poderia ser interessante, não fosse pelo maniqueísmo e por outros elementos como: diálogos novelescos, trajetórias patéticas de alguns personagens, uma forma quase mágica de entendimento mútuo, discursos maçantes e uma moral inventada para justificar certa conduta erótica.
Apesar de não ter gostado do livro, não me arrependo de tê-lo lido, mesmo sendo tão longo, pois agora entendo melhor como (neo)liberais, em geral, pensam o mundo.