O Idiota

O Idiota Fiódor Dostoiévski




Resenhas - O Idiota


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Flávio 03/07/2021

Prícipe Míchkin, mistura maravilhosa de Dom Quixote e o cristão
A bondade do protagonista parecendo ser ingênua, acreditem, não é, acho que isso que o torna meio Dom Quixote, meio Cristo. O essência do sentimento religioso não está de forma alguma na razão, e portanto não necessita e não passa pela racionalidade ocidental. Resenhar Dostoiévski, seria muita pretensão da minha parte. Mas como sempre, personagens marcantes e auto bibliográficos. Muitos diálogos e enredo marcante e por vezes cansativos, mas muito interesante e filosófico: seria Michkin um niilista?
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Gabriel Alencar 30/06/2021

Fascinante!
Galera, vamos começar falando dessa edição. Pra ser bem honesto com vocês, assim que eu peguei o livro e vi que era da Martin Claret me deu um frio na espinha. Não precisa ser muito literato pra saber que essa editora é ruim que dói e tem umas edições deploráveis de clássicos. Mas, para minha surpresa, dessa vez ela acertou! Não sei quem foi contratado por lá, mas deu certo. Edição maravilhosa!

A tradução foi muito bem trabalhada, inserindo aí traços de coloquialismos que são tão importantes para a obra de Dostoiévski, que decididamente não escrevia para elites. Temos palavras simples e até algumas expressões que soam estranhas quando lemos histórias "de época", mas que são totalmente verossímeis e se encaixam como uma luva na obra.

Mas eu me adianto, vamos voltar um pouco. Em linhas gerais e à guisa de sinopse, este livro conta a história do príncipe Míchkin e suas aventuras na sociedade russa do fim do século XIX. Ele é um cidadão simples, embora tenha título real não é rico e acaba se relacionando com personagens como a belíssima mas imprevisível Nastássia Filíppovna, o dúbio amigo-rival Rogójin e a família Epantchín.

Embora Míchkin seja doente e epilético, nosso herói é chamado de "idiota" porque, no fundo, é uma pessoa boa e não faz joguinhos de segundas intenções igual aos outros. "Idiota" porque é alguém simples, ingênuo e (por causa disso) com pouco tato social. Nas palavras do próprio autor:
"Mas Michkín não via nada pela outra face, não sabia reconhecer correntes submarinas." (p. 677)
Quanto à estrutura do livro, ele é divido em quatro partes. Lembro que assim que terminei a parte I do livro, me peguei pensando que se Dostoiévski tivesse vivido na época do capitalismo, tê-lo-iam acusado de burrice. Acontece que essa primeira parte é tão boa, tão completa e termina de um jeito tão impactante, que teria sido mais inteligente fazer uma série ou trilogia, em lugar de juntar tudo num lugar só. É brilhante, é fascinante. É um absurdo de bom. As outras partes nem tanto, mas esta primeira foi sensacional.

Passando à resenha, no quesito de técnica literária, interessante como, com o passar do tempo, nossos olhos se abrem para algumas coisas que não conseguimos ver antes. Não é a primeira vez que leio Dostoiévski e tenho certeza de que esta não foi a primeira vez que ele fez isso: um monte de "tell" em vez de "show", ou seja, em vez de mostrar as cenas, ele simplesmente passava por alto, inclusive sem mostrar exatamente o que os personagens falavam.

Já é a segunda vez em pouco tempo que vejo um escritor renomado fazendo isso (a primeira havia sido Emily Bronte, resenha AQUI) e novamente eu fico aqui me perguntando até que ponto a máxima "mostre, não conte" deve ser levada como absoluto em todos os casos. Não digo que eu tenha cacife pra quebrá-la assim de chofre, mas que, pelo menos, possa ousar de leve quando a situação permitir.

Até agora não consegui descobrir o que há em Dostoiévski que fisga a gente de um jeito tão certeiro. No fundo, acho que é seu realismo combinado com uma linguagem franca, como nós realmente entramos nas cenas dos personagens e seus sentimentos. Aquela descrição que ele fez do cadafalso, nossa!, foi de arrepiar e ao mesmo tempo capturou minha atenção de modo que não tive escolha senão ler tudo. Veja só esses trechos:
"Ficou tão desconcertada que nunca mais abriu os lábios. Naqueles outros tempos o povo ainda era bom com ela, mas quando voltou, escangalhada e doente, ninguém mais teve pena." (p. 90)
"Despojado de tudo, e de tudo carecendo, outra coisa não sendo aqui embaixo senão miserável átomo no vórtice da circulação humana, natural é que ninguém me respeite e que eu não passe de um joguete para o capricho alheio, sendo apenas pontapés a vantagens que de tudo isso me resulta." (p. 255)
Ah, e outra coisa! É reviravolta atrás de reviravolta! A trama fica cada vez mais complexa a cada capítulo. Impressionante! Na verdade, tem vários capítulos que terminam praticamente num cliffhanger, ou seja, força você a continuar a leitura pra saber o que vai acontecer. Tática velha, mas eficaz.

Existe uma coisa que Dostoiévski e Érico Veríssimo fazem que é uma espécie de contrassenso literário: eles contam histórias e causos que em nada contribuem para o enredo; mas que são terrivelmente fascinantes e se não estivessem no livro, seria um buraco. Histórias simples, causos de personagens, mas que fisgam e dão trechos interessantes como esse:
"E em seguida, de uma vez para sempre, completo vácuo, tudo acabara, fora deixada sozinha, como... mosca execrada desde o começo do tempo." (p. 191)
Não é sempre que um autor faz referência a seus heróis por meio de seus livros. Aqui, ouso dizer que Dostoiévski mostrou uma de suas influências: tão somente, Dom Quixote de La Mancha, por Miguel de Cervantes.

Mas o que mais apaixona no livro é o estilo e o conteúdo do próprio Dostoiévski. Cheguei a comentar isso em outra resenha dele (creio que foi nos Irmãos Karamazov): não canso de me assustar como os dilemas trazidos pelo autor podem ser tão contemporâneos. Ele fala da Rússia czarista, eu falo do Brasil do século XXI e tanto eu como ele não temos escolha senão concordar com Lizavéta Prokófievna e dizer:
"Arre! Tudo está de pernas para o ar, tudo está de cambalhotas!" (p. 360)
Ou então o trecho o herói do história, o príncipe Mitchkin, comenta:
"— Apenas quis significar que uma perversão de ideias e de concepções — conforme se expressou Evguénii Pávlovitch — com a qual nos defrontamos muitas vezes, é, infelizmente, muito mais a regra geral de que um caso excepcional." (p. 426)
Temos aqui, como não poderia deixar de ser, vários personagens doentes. Aliás, me parece que a grande doença de Michkin é a bondade em excesso, o auto-sacrifício não saudável, que leva à perdição. E temos aqui uma abordagem sociológica bem interessante: quem pode delimitar com clareza os limites desse auto-sacrifício? O que é loucura pra um pode ser um grande ato de amor para outro? Eis a questão.

O livro traz muito bem os melindres da sociedade russa do fim do século XIX. Como falar ou abordar um assunto, o que é considerado digno ou não. Problemas da high society mas de um jeito muito humano e introspectivo: uma verdadeira aula para Jane Austen, que tenta fazer o mesmo mas que tem como resultado só um sono inesgotável pro leitor.

Assim como Veríssimo, Dostoiévski traz o que a sociedade realmente tem pra mostrar, passando pelas camadas mais baixas e mostrando também a vileza e futilidade das mais altas. Interessante notar que, muitas vezes, a ficção parece exagerada, mas quando se fala da realidade, descobre-se que ela é ainda pior. Érico falou sobre isso, mas o próprio autor deixa seu parecer:
"Se qualquer autor o inventasse, os críticos e aqueles que sabem a vida do povo gritariam imediatamente que era falso e inverossímil; lendo-o nos jornais, como coisa que acontece mesmo, a gente só tem de, através desses fatos, ir estudando a vida russa, em sua múltipla realidade." (p. 626)
Sou muito suspeito pra falar, porque eu simplesmente amo Dostoiévski. Não creio que tenha lido nada dele e não tenha gostado (e olha que já li um bocadinho). Engraçado que toda vez que leio algo dele, eu penso no fim: "Este é meu livro favorito dele". Não foi diferente com este aqui.

"O idiota", no fim das contas, é uma história com a qual a gente pode se conectar – muito embora não sejamos russos, tampouco vivendo no fim do século XIX. E é justamente isso que torna a obra mais atemporal e impressionante. Um livro magnífico, de um autor que um dia terei lido todas as obras. Mal posso esperar por isso.

site: https://escritoraoacaso.blogspot.com/2021/06/resenha-o-idiota.html
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Marcio 29/06/2021

Dom Quixote russo
Uma triste história mas que demonstra que a bondade e o amor são vistos como loucura pela sociedade hedonista.
Assim como dito por diversas resenhas não é uma leitura muito fácil, e em vários momentos você se sente cansado diante de tantos "mexericos" e picuinhas. No entanto uma reflexão posterior nos faz questionar se a vida de muita gente não é mesmo assim? Perdem tempo e a paz cuidando da vida dos outros em picuinhas e coisas que não lhes dizem respeito.

Sobre a edição da Martin Claret
A tradução é feita de forma indireta do francês. Não entendo russo e muito menos francês, então não posso opinar sobre a qualidade da tradução, no entanto posso afirmar que caso Dostoievski tivesse escrito em português ele seria muito bem escrito e agradável de ler. O emprego moderado de uma linguagem mais formal e até arcaica em alguns momentos deixa a história mais poética e reforça a ambientação de época. Com certeza é um livro que desafia o leitor na sua forma e exige aprender palavras novas e até mesmo novas formas de emprego de palavras conhecidas, ou seja, para além da história ele possibilita ver a língua portuguesa sendo empregada de forma agradável e enriquecer o conhecimento da mesma.

Em termos físicos o livro é bem encadernado e bonito. A fonte marrom não atrapalhou a leitura e a diagramação do livro é bem feita e favorece uma boa experiência de leitura.
No entanto é necessário uma urgente revisão por parte da editora pois contém muitos erros de digitação e formatação em algumas frases ao longo de todo o livro. Esses erros não condizem com a robustez dessa edição, tem-se impressão que foi uma edição feita as pressas.
No geral vale a aquisição por tratar-se se uma edição de luxo de uma obra importante da literatura universal.
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Bruce 17/06/2021

O maravilhoso príncipe Míchkin
O carisma do protagonista é o melhor do livro. Como aspecto histórico, é muito curioso notar a consideração sobre doenças mentais no século XIX. Achei o roteiro da história um pouco prolixo e por vezes monótono, mas seu enredo é sem dúvida interessantíssimo.
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Pedróviz 17/06/2021

O Idiota
Em O Idiota, bela e densa obra de Dostoiévski, nos é contada a história do Príncipe Liév Nikoláievitch Míchkin, ou Príncipe Míchkin, que retorna à Rússia após um longo período de tratamento de epilepsia, na Suíça. O temperamento do protagonista, associado com o estigma da doença, fazem com que a sociedade de São Petersburgo o taxe de idiota injustamente, quando certamente sua inteligência emocional é superior a de todos à sua volta. A índole essencialmente cristã do Príncipe Míchkin o tornou um alvo do riso fácil e também o porto seguro dos aproveitadores. Dostoiévski, talvez por ter escrito o livro durante um período em que padecia de crises de epilepsia, passa ao enredo a tensão entre uma sociedade mesquinha e um grande indivíduo com suas limitações. Se nem o protagonista parece ter uma pró atividade em benefício próprio, tampouco outras pessoas cooperam com ele, de modo que Míchkin acaba perde9ndo uma fortuna para oportunistas e fazendo uma escolha amorosa desastrosa que decidiu a história (estava indeciso entre Nastasia Filippovna e Aglaia Epantchiná). O clima psicológico do livro é denso e os personagens se tornam mais complexos à medida que se aproximam da centralidade da trama.
Avaliação 4,5/5

Lendo o livro O Humanismo Ateu, de Henri de Lubac, tem-se uma análise excelente da obra de Dostoievski. O seguinte trecho, citado do autor Henri Troyat, fala sobre o Príncipe Míchkin:

«Todo o romance se reduz a isto: a incursão da inteligência principal na inteligência secundária. Essa inteligência principal, que é a inteligência subterrânea, a inteligência do sentimento, vai causar distúrbios no ambiente onde for transplantada. Nesta atmosfera confinada, a chegada de Muichkine produz como uma lufada de ar. Seu passo é saudado por uma risada. Ele é grotesco, ele é um idiota, sua própria mãe o chamou. Mas pouco a pouco esse idiota, esse louco, questiona os princípios mais solidamente fundados. Este pobre espírito faz os sábios pensarem. Este intruso torna-se indispensável. Este fraco domina o forte. E os domina sem querer. Ele está convencido de que todos são generosos e que todos que vivem ao seu redor o amam... As pessoas se tornam boas porque ele as quer assim, porque as vê como boas. Está no centro de um campo de forças... Aos olhos de todos é testemunho de uma outra existência, de um outro mundo possível...»

O seguinte trecho, contudo, explica a extrema passividade do Príncipe:

«Muichkine, o santo, não sabe agir, não sabe amar. Se você tentar trabalhar, você está errado. Não só não ajuda ninguém, como compromete as situações mais felizes. O papel desse homem 'absolutamente bom' ao longo do livro termina com um assassinato e três ou quatro dramas familiares. Quanto ao 'homem absolutamente bom', ele enlouquece. Ele falhou em se adaptar à condição humana. Não soube tornar-se homem...»
Marcio 18/06/2021minha estante
Estou no último quarto do livro. Mais uma vez o Dodô não entrega nada fácil nesse livro. Rs


Pedróviz 18/06/2021minha estante
Já é complicado analisar o caso entre Míshkin, Aglaia e Nastacia, quanto mais a obra toda eheh.




isamendesrj 14/06/2021

Vale a leitura, mesmo que não seja tão simples.
?O idiota? foi o primeiro livro do Dostoiévski que me cativou. Não é uma leitura fluida por conta da linguagem, mas que acaba te prendendo porque a cada capítulo, sempre fica uma pulga atrás da orelha de como irá se desenrolar posteriormente. O final me surpreendeu, mas também não fiquei super maravilhada. Fiquei mais feliz por ter conseguido concluir a leitura após quase 6 meses! O ?príncipe? é um personagem que te encanta, mas que tem hora que também vc acaba achando ele um idiota pelas escolhas que faz, fazendo jus ao título.
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Ramalho 05/06/2021

A atualização do skoob me obrigou a dar estrela no livro; mas enfim...O Idiota. Estou começando a notar que os nomes dos livros de Dostoievski falam muito sobre o livro. Em Crime e Castigo o nome resume tudo; Gente Pobre, Noites Brancas, mas aqui isso é bem direto. Eu adorei o livro, é um dos livros que li do autor que mais foram pessimistas. E como nao falar acerca do Michkin, nosso jesus cristo moderno.
Uma coisa que eu gostaria de frizar é que aqui, ate que o final foi feliz comparado com a Historia de Jesus Cristo que foi torturado. Mas que quando eu comecei a ler eu imaginava que Dostoeivski mostraria a bondade como algo velho e torto, mas acontece que ela sempre foi. Pessoas boas e perfeitas nao existem, pois se existirem serao ridicularizadas como Michkim, ou mortas brutalmentes como Jesus.
Mas esse é um livro de mudança, assim como todos do autor. Um livro sobre perdas, e sobre morte de um velho sistema para o nascimento de outro - Dostoeivski exprimi muito isso com o nillismo - e em O Idiota, acontece o abandono da crença feminina de uma mulher discreta, inocente e pura. Isso acontece com o contraste dos dois amores de Dostoeievski, Aglaia Ivanovna e Nastacia Fillipovna. Esta é uma mulher moderna, bonita, armada, decidida, desvirtuada; aquela é a personificaçao de uma mulher pura.
Mas com o decorrer da narrativa, vemos que ambas apresentam problemas; as duas sofrem por suas decisoes e sofrem por suas representaçoes. Nastacia tem dores, medos; Aglaia tem incertesas e traumas.
Essa personificaçao quanto a figura masculina vc percebe comparando qualquer personagem mssculino com Michkim.
No mais, se eu dar detalhes da trama farei mais spoilers. O livro da uma parada tediosa no meio, mas o começo e o fim fluem muito bem. O final tambem.
Quanto a ediçao, a traduçao é boa, mas so li ela pra falar e eu nao conheco russo, mas apresentam textos de apoios bons no final do tradutor, os desenhos sao muuuuito bons, os melhores dos livros do autor ate agora, e as notas de rodape ajudam bastante.
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sizifu 27/05/2021

O Homem Bom em ?O Idiota?
(Fragmento da matéria "Os Abismos do Sofrimento Humano em Dostoiévski" texto na íntegra em: apistajornal.com)

No romance ?O Idiota?, Dostoiévski nos apresenta o Príncipe Lev Nikoláievitch Míchkin (ou Príncipe Michkin), um personagem perfeito em sua concepção: uma moral incontestável, uma bondade excessiva e uma compaixão cega e desmedida ao próximo, tal qual a imagem de Cristo, como exemplifica Elena Vássina:

?O Príncipe Michkin para Dostoiévski era o ?Príncipe Jesus?, nos rascunhos ele escrevia assim: ?Eu quero escrever um Romance sobre um Príncipe Jesus?, ou seja, é um personagem absolutamente belo, como o próprio Dostoiévski o definia. E esse personagem vem ao mundo e no final das contas é derrotado, o bem e o amor absoluto não conseguem sobreviver no mundo de Dostoiévski.?, explica a Professora.

Na figura do Príncipe temos a personificação da bondade e da compreensão incondicional, frente a personagens que o tratam de forma ostensiva e que reproduzem em sua essência imperfeições deploráveis inerentes a humanidade, como a ganância, inveja, traição, pessimismo e outros males. Tais personagens contrapõem diretamente com a figura de nosso protagonista, que mesmo com suas qualidades é incompreendido ? tido como um Idiota ? na tentativa falha de conciliar todas as situações ao seu redor.

Outra peculiaridade do livro é que o autor retoma a discussão sobre a pena de morte, expondo sua visão e romantizando por meio do ?texto ideológico? alguns trechos e diálogos do episódio que vivenciou:

?Traga um soldado, coloque-o diante um canhão em uma batalha e atire nele, ele ainda vai continuar tendo esperança, mas leia para esse mesmo soldado uma sentença como certeza, e ele vai enlouquecer ou começar a chorar. Quem disse que a natureza humana é capaz de suportar isso sem enlouquecer? Para quê esse ultraje hediondo, desnecessário, inútil? Pode ser que exista um homem a quem leram uma sentença, deixaram que sofresse, e depois disseram: ?Vá embora, foste perdoado?.? O Idiota, Fiódor Dostoiévski.

O escritor tomou como inspiração e referenciou diretamente o livro ?O último dia de Um Condenado? (1829) de Vitor Hugo para sustentar sua argumentação, que era claramente oposta à pena capital. Além desse traço autobiográfico, o Príncipe Michkin também carrega o fato de sofrer de epilepsia: a mesma condição que afligiu o autor durante sua vida. A doença proporcionou a Dostoiévski escrever largas descrições de sintomas e aflições que uma pessoa epiléptica ?no limiar do próprio ataque? sofre ? material de grande relevância psicanalítica (Dostoiévski e o Parrícidio, Sigmund Freud ?1928).
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re.aforiori 17/05/2021

O que mais me impressionou neste livro foi a enorme compaixão e bondade do príncipe Míchkin, um dos motivos pelo qual é ridicularizado como ?idiota?; a frieza de Rogójin, na cena do desfecho da história; e, sobretudo, a beleza dramática de acontecimentos que envolvem Nastácia Filíppovna - que age, às vezes, com histeria e, outras, de forma muito próxima a loucura.

Durante a leitura, teve partes que parecia que eu estava diante de uma bela peça de teatro. Dostoiévski é um gênio na construção de diálogos, que retratam com acuidade o psicológico de seus personagens e demonstram o quão é um grande conhecedor da alma humana.
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Suzana 16/05/2021

Estranhamente estranho
Indicaram-me esse livro em uma livraria, como o autor sempre me chamou a atenção e já tendo lido outra história dele antes, me arrisquei à leitura.
A história, desenvolvida em torno de uma pessoa julgada incapaz, tem muitos personagens profundamente descritos, tudo é minuciosamente descrito... (maçante em muitas partes)
Gosto como é possível imaginar as cenas, os locais onde elas se realizam e de conseguir sentir o que o personagens estão sentindo naquele momento. Havia muito tempo que perdi o hábito da leitura continua, e a forma de escrita e vocábulos que não eram do meu conhecimento me desafiaram a usar muito o dicionário (isto até se tornou uma prática bem instrutiva, não que eu vá falar ?ciciar? no meu dia-a-dia).
Uma história que envolve costumes da sociedade russa da época; quanto a moral era intensa e necessária para as relações entre as pessoas, e o quão estranho pode ser o ?amor?.
O final vale a caminhada, mas o autor podia, já que descreveu tão bem tudo quanto é fato, ter descrito a coisa em si que ficou na superficialidade na minha imaginação (que é boa, mas queria ter lido do próprio autor).
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Jonas.Doutrinador 13/05/2021

Todos nós temos um pouco de O Idiota
Todos nós temos potencial para sermos como o príncipe Míchkin: um lado mais inocente e desajeitado, em que muitos podem debochar. Já o outro é de uma capacidade analítica de enxergar detalhes profundos nas pessoas ou fazer uma crítica riquíssima sobre a complexidade de alguma religião por exemplo.

Dostoiévisk ousou em construir um personagem de caráter perfeito e conseguiu. A forma como ele na sua simplicidade vai ganhando espaço no meio de víboras é cativante e também sua capacidade de perdoar plenamente atos traiçoeiros das piores espécies. O final é muito forte, melancólico e meditativo. Livro indicado pra quem gosta de ter uma boa ressaca literária.
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Lívia 24/04/2021

O idiota
Os diálogos desse livro são excelentes!
Apesar de ser um clássico do século retrasado, a leitura é extremamente facilitada pelas notas da editora e tradutor (versão editora 34). Recomendo muito!
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Rafael.Aguilar 03/04/2021

Uma aula sobre o ser humano!
Ao avaliar uma obra literária, é preciso ter em vista duas perspectivas: uma de ordem objetiva e outra subjetiva. Na ordem objetiva, a avaliação recai sobre aspectos concretos e universais, válidos para todo mundo, tais como o estilo de escrita, o enredo, a caracterização dos personagens e a cadência.

Já a questão subjetiva é algo mais delicado. Neste ponto, a obra será boa na medida em que tiver a capacidade de atrair o leitor e imergi-lo no contexto, a ponto de que ele não apenas leia e entenda, mas também ?sinta? com os personagens.

Dito isto, é possível compreender o porquê Dostoiévski é tido como um dos maiores de todos os tempos. Ao mesmo tempo em que concede um primor de obra literária, permite ao leitor uma verdadeira viagem, colocando-o em meio à cena. E o que é mais surpreendente: ele consegue fazer isto com imagens do cotidiano e com personagens extremamente comuns. Um simples café da manhã é capaz de preencher três capítulos inteiros e te fazer pensar em coisas que jamais havia cogitado!

Quanto a esta obra em específico, é centrada em um personagem extraordinário. É possível compreender o que Cristo quis dizer quando afirmou que o céu pertence às crianças; ou mesmo quando Nosso Senhor louvou ao Pai por ter escondido certas coisas dos sábios e tê-las revelado aos pequeninos.

O ?príncipe? é tido por todos como ?idiota?. É ?idiota? por ser sincero sempre (até quando não lhe convém); é ?idiota? por não demonstrar orgulho em meio à alta-sociedade; é ?idiota? por cogitar que os outros tem boa intenção, mesmo quando os fatos são contrários. Enfim, é ?idiota? porque não fazia questão de ser grande, contentando-se em ser verdadeiro.

É uma obra longa e que vai demandar certa paciência. Mas que faz valer à pena cada página!
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Tata 31/03/2021

Respira...
Que velocidade toda foi essa. A construção dos personagens, os conflitos, a intensidade de cada página, como o fim dos capítulos te deixam atordoado, e aquele final; ai ai, foi uma leitura super intensa e marcante.
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carolmureb 28/03/2021

Mesmo que muuuiito atrasada (lendo ainda o segundo livro de 2020), sigo firme no projeto #dostôesselindo, lendo Dostoiévski em ordem cronológica, da @isavichi. "O Idiota" deixa a gente "com gosto amargo na boca", sensação de soco no estômago e se perguntando "o que foi isso que li"? É uma obra-prima citada até pelo Papa Francisco e Bento XVI na encíclica "Lumen Fidei". Livraço!! Um calhamaço de 683 páginas maravilhoso. Agora, assistir às resenhas de @alineaimee e @tatianafeltrin . O príncipe Michkin é inpirado em Jesus e Dom Quixote. Compaixão diante da miséria humana tem limite? Qual seria?
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