O lobo da estepe

O lobo da estepe Hermann Hesse




Resenhas - O Lobo da Estepe


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Danilo Andrade 22/09/2022

Nada como um fôlego de loucura!
Uma das facetas implícitas da leitura é de certa forma sobrepujar nossa "individualidade" e fazer com que enriqueçamos nossas perspectivas sobre assuntos distantes até mesmo de nosso ponto no espaço-tempo... digo implicita, pois não necessariamente o leitor está aberto à essa jornada, mas o aspecto mágico das palavras é justamente essa, uma das mais belas, interessantes, perniciosas, deslumbrantes, e até mesmo nocivas criações humanas, que guarda em si as mais profusas contradições, o que não podia ser diferente, se tratando de humanos.

E esse livro, em muitos dos assuntos que aborda, vai de encontro à esse mar revolto de um ser que se vê constantemente desalinhado do quadro de convenções de sua época, alguém sensível e acuado por um alter ego que constantemente rejeita o "progresso" inflamado por um ufanismo belicista, o culto declarado à aparência e aos prazeres dos sentidos, á ordem e asseio da burguesia que vive em seu teatro medíocre, evitando a insolitude em seus atos de falas repetidas e vazias. E Hesse trama uma surpreendente e bela jornada de redenção deste homem, ao estilo Camusiano, claramente sob influência dos dilemas morais, éticos e espirituais trazidos à tona após a 1ª grande guerra. E é muito interessante, o fato de um jovem ler e se identificar com um senhor de cinquenta anos e suas questões...lendo o tratado e se enxergando em cada linha... absorvendo para si as admoestações maternais de Herminia, como se fosse você mesmo aquele homem até então autoconsiderado dual, com aquele fino verniz de infantilidade, tentando se equilibrar em sua balança imaginária de selvageria e cordialidade, e nesse ponto do livro, algo me dizia que Hesse não cairia nessa ladainha de psicologia barata, e tive a feliz surpresa dele ir além, e tratar o assunto de maneira honesta, assumir o princípio da incerteza que rege nossas vidas, e que artificialmente a conduta burguesa tenta expurgar por meio das suas rotinas definidas, seus planos de carreiras delineados e toda sorte de ilusões que regem essa orquestra diáfana.

enfim, realizei diversas anotações e apontamentos que com certeza, após releituras, serão alteradas, revistas, adicionadas, sempre com a certeza da mutabilidade de meus "eus" que encerro dentro do meu peito.
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13marcioricardo 11/03/2024

Um lobo perdido.
O Lobo da Estepe foi o livro que capturou Clarice Lispector para a literatura, segundo ela mesma. Realmente, é um livro diferenciado. Existencialista, surrealista, pessimista e algo mais. Um livro sem capítulos que pode tornar a leitura exaustiva. Não é difícil, mas é denso. Vale muitas reflexões.
Regis 12/03/2024minha estante
Vou ler ele antes de começar Clarice. Obrigada pela dica. ??




lerpraviver 04/10/2020

Leiam
Gente. Foi um livro difícil de ler, mas foram incomensuráveis meus aprendizados em cada página. Que a loucura de Harry seja perdoada e se converta em risos.
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Mari 21/09/2012

É difícil recomendar o texto de um autor por quem se tem a mais absoluta reverência. Ao ler Hesse pela primeira vez, aos vinte anos, a impressão foi tamanha que muitas noites de insônia seguiram à leitura. As páginas de Demian vinham com perfeição justificar as principais mazelas que me atingiam. Se eu possuía dificuldades em relacionamentos era por que a marca de Caim tinha o poder de assustar aqueles que nunca possuiriam essa distinção. A crise em relação a minha fé começava a parecer coisa natural e sem tanta gravidade devido a teoria dos dois mundos de Sinclair. E o mais importante, a esperança de encontrar um Demian ou mesmo a arrogância de me imaginar agluém capaz de guiar outrem pareciam suspender o tédio de um dia comum. Demian foi diversas vezes devorado, revisitado como meu texto sacro, um substituto para os textos bíblicos que já a algum tempo não eram capazes de despertar em mim reflexão.
Hesse com toda a sua preocupação com o que transcende, me fez voltar o pensamento para a humanidade e tornou-me capaz de saborear com certo prazer a angústia de ser simplesmente humano. Havia na irresistível e natural heresia do texto um chamado para abandonar toda a repressão do cristianismo e a frustração vivida até o começo da minha juventude. Eu era Emil Sinclair a procura de Abraxas.
Curiosamente, levou muito tempo até que eu me interessasse em procurar outro texto do autor. E Somente quatro anos depois me deliciei com O Lobo da Estepe. Para a minha surpresa o texto as vezes pareceu brincar com minha reverência pelas ideias de Hesse que conheci ao ler Demian.
O Lobo da Estepe convidou-me a novamente debruçar sobre o meu desencanto e dele extrair, não justificativas para o mesmo, mas para rir das minhas pretenções. Harry Haller é o Emil Sinclair que amadurece e permanece o mesmo.
Ao fim do texto, o próprio autor fala que o lobo da estepe é uma história sobre redenção. Redenção essa que não queria enxergar. Eu continuei deliciando-me no desencanto de Haller, incapaz de ver qualquer esperança ali.
O mais curioso. Ando vendo influências desse texto nos lugares mais inusitados. Ao ouvir em um churrasco um refrão de uma música do Ventania, soltei alegre: esse cara andou lendo Herman Hesse e ri embasbacada da piada que pelo jeito ninguém entendeu.A mensagem só para os loucos, só para os raros, assume formas tão inusitadas na vida real como no texto que segue atravessando gerações.
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Fabio Shiva 12/10/2010

Esse livro é o espelho no Teatro Mágico:
revela ao leitor as infinitas facetas de sua própria alma.

Li pela primeira vez durante a adolescência. Foi o meu primeiro de Hermann Hesse. E que paulada!

Ao lê-lo me senti não como um estranho no ninho, e sim como membro de uma secreta confraria mágica, de sublimes e lindos mistérios. Recebi de Dom Hesse a benção para ser quem sou.

Lendo pela segunda vez, me surpreendi quase fechando o livro no meio. Muitas questões existenciais fortíssimas, muito desespero, muito olho no olho do abismo.

Muito me ajudou a bela imagem evocada por Franklin de Oliveira na orelha do livro. Ele compara Hesse à luz, que encontra o caminho da iluminação em sua obra prima e derradeira, “O Jogo das Contas de Vidro”. E continua Franklin:

“Mas, antes dele está “O Lobo da Estepe”, romance de clarões, de relâmpagos, um incêndio que encandeia, estonteia mais do que ilumina. A luz serena que guia em vez de cegar, flui de “O Jogo das Contas de Vidro”. Todavia não podemos usufruí-la sem antes nos queimar primeiro nas chamas de “O Lobo da Estepe”.”

Muito bem observado. Esse livro queima!

Queima e purifica, tal como um banho frio de cachoeira!!!

Pois ao terminar a leitura, após passar pelo fogo, me senti renovado, revigorado, rejuvenescido.

Lavei e passei de novo minha alma a ferro e fogo. Renovei minha carteira para ser quem sou!

(12.10.10)
meire 12/06/2012minha estante
caro fábio! foi a resenha com cunho mais pessoal por aqui, gostei!


isa.fsgomes 29/07/2020minha estante
Puxa com esse resenha fiquei com vontade de correr pra ler esse livro. Parabéns e obrigada!




Tulio.Gama 21/03/2024

Maturidade em questão
Eu não teria apreciado esta obra em algum outro momento da minha vida. A absorção das ideias e a assimilação dificilmente teria efeito pleno se o leitor não tiver passado por alguns dos apuros existenciais do personagem central. Pois uma das crises do livro discute sobre a maturidade no auge da "maturidade", o que isso significa em termos espirituais - sem dogmas religiosos em si envolvidos. Além disso, desenvolve-se pensamentos sobre construção de personalidade e relevância humana individual. Exceto por uma passagem textual filosófica e prolixa, tudo é baseado numa história simples e envolvente que move o personagem nas suas questões. É uma belo clássico (escrito nos anos 1920) que surpreendentemente tem impactos fortes ainda para os tempos atuais.
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Karina Paidosz 05/02/2023

Os compreendidos e incompreendidos
Que grata surpresa esse livro me trouxe.
Confesso que levei um pouco mais de tempo que levaria em outros com o mesmo número de páginas;

Finalizei bem entusiasta com todos esses peculiares problemas a que Herman Hesse nos trouxe
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Mateus 18/06/2023

O Teatro da Vida
O lobo da estepe é um livro da fase madura do autor Hermann Hesse, acredito que isso reflete na sua escrita com maior complexidade, e talvez o Harry Haller (personagem principal) seja o alter ego do próprio autor.

Quanto ao livro gostei de algumas passagens, o nome Teatro mágico, uma espécie de eufemismo para uso de drogas e libertação da alma, além do diálogo da página 200 que cita que não se pode receber de alguém aquilo que você já não tem internamente.

Penso que esse livro não é um livro sobre um homem de meia idade, amargurado e em desespero, na verdade vejo como um livro de um homem que crê, ele tenta tratar suas enfermidades e não ser conduzido para a destruição, mas ao contrário, conduz à redenção da alma.
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Nathy 07/03/2022

Genial! Só para os Raros.
"Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes - aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem ar nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível"

Não me sinto pronta pra escrever uma resenha sobre o livro mas vou ser teimosa e escrever mesmo assim. Vou começar dizendo que no prefácio o autor destaca dois pontos importantes sobre a leitura: o primeiro é que a narrativa é mais icompreendida pelos que dizem apreciá-la do que os que a rejeitam, o outro é que este não é um livro sobre um homem em desespero, mas sim, sobre um homem que crê; não é um livro que conduz a morte e destruição, mas sim à REDENÇÃO.

Ter isso em mente modificou completamente a minha perspectiva de leitura, de fato apreciei e muito a narrativa principalmente pelo fato de me sentir completamente acolhida e representada pelo personagem principal: Harry Haller e suas múltiplas personalidades. Ao início ele se define como homem que possui um "lobo da estepe" a espreita, no decorrer da leitura nos deparamos com diversas extensões e desdobramentos da personalidade de Harry. A narrativa traz uma viagem sobre uma eterna busca de algo.

É um livro com muitas camadas e algo pra ser lido e relido por muitas vezes e ainda assim nunca iremos compreendê-lo totalmente.

"Arde então em mim um selvagem anseio de sensações fortes, um ardor pela vida desregrada".
Trovo 25/08/2022minha estante
Olá Nathy, me identifiquei com a sua resenha. Também senti a necessidade de uma releitura tão logo terminei a viagem do Final. Nessa segunda visita estou me inteirando melhor sobre as citações de Fausto - Goethe) e também sobre os maestros e os demais eternos.




Raphael Rasse 16/06/2021

Um lobo com crise de meia idade
Na minha opinião esse livro se tornou um clássico mais pelo fato de que a leitura é muito complicada do que pela obra em si.

A trama por si só é boa e existem bons momentos ao longo do livro mas a impressão que passa é que o autor forçou a escrita pra ficar pesada e arrastada e que a melancolia do protagonista é uma ferramenta desse mecanismo de freio literário.

O típico livro que te traz mais alegria por terminar do que por ler.
Trovo 25/08/2022minha estante
Olá Raphael, realmente o livro é um quebra-cabeças e acredito que o aviso " só para os loucos" é justamente um lembrete. O livro é de 1927 e ganhou o Nobel apenas em 1946, um ano após o fim da Segunda Grande Guerra. Entenderam que era hora de laurear um autor alemão, que era anti guerra e criticado pelos conterrâneos por essa mesma razão.




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Fernando Almeida 02/07/2022

Perfeito
É inevitável não se identificar com uma das várias facetas de Harry, seja com sua solidão, sua negação para com as coisas banais da vida, seu sentimento de culpa ao experimentar qualquer prazer que parece transgredir quem ele pensa que é.
Hesse faz um personagem complexo, que na primeira metade do livro mostra ser alguém complemente doente, que sempre teve dificuldade de se relacionar com os outros e que por isso se entregou às "obras dos imortais", seja a música de Mozart, a literatura de Goethe, etc. Uma vez que essa era sua única forma de aliviar a dor de suportar a própria vida, Harry passa a justificar o seu isolamento através da falsa visão dualista que tem de si mesmo: de um lado o homem que goza da mais refinada cultura, e do outro o lobo da estepe que odeia qualquer prazer que possa ser extraído na simplicidade da vida, dos bares, da dança, das mulheres, do jazz.
A chegada de Hermínia é o ponto chave para fazer com que Harry aprenda a enxergar a si próprio de uma outra maneira, e para que possa assim, viver.
"Já está na hora de ser razoável. O senhor tem de viver e aprender a rir. Tem de aprender a escutar a maldita música de rádio da vida, tem de reverenciar o espírito que existe por de trás dela e rir-se da algaravia que há na frente."
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José Ricardo 13/08/2013

Quem é o Lobo que habita em você?
O Lobo da Estepe é um clássico da Literatura Universal, publicado em 1927. A obra, ao lado de Sidarta e Demian, contribuiu para que o autor, Hermann Hesse, em 1946, recebesse o prêmio Nobel de Literatura.

O Lobo da Estepe narra a vida de Harry Haller, um sujeito próximo aos 50 anos, mesma idade de Hesse quando a escreveu, daí por que se diz que tem forte conteúdo autobiográfico, o que fica sugerido pela aliteração entre os nomes do personagem e do autor (H.H.).

O título do livro O Lobo da Estepe já fornece algumas pistas sobre o conteúdo da obra. Como se sabe, o lobo da estepe, ao contrário dos demais lobos, é aquele que caça solitário, e não em matilha. Não por acaso, o personagem principal – Harry Haller – é um misantropo, ou seja, um sujeito que tem aversão à sociedade e aos relacionamentos interpessoais; discorda e se incomoda com os clichês daquilo que ele nomina burguesia, mas que, no contexto atual, pode ser melhor compreendida pelo o homem médio, os hábitos e o senso comum que orientam a maioria das pessoas.

O livro apresenta três perspectivas diferentes. A primeira do sobrinho da dona da pensão onde Haller permanece hospedado por certo período. Trata-se, precisamente, do primeiro capítulo livro, que aparece com o título “Prefácio do Editor”. Neste, o narrador faz uma abordagem de Haller sob seu ponto de vista, ou seja, do homem médio da sociedade. Para o narrador Harller é uma pessoa muito estranha e de hábitos incomuns, o que o deixa intrigado e o motiva a tentar saber mais sobre aquele sujeito. Sua busca e conclusões serão expostas paulatinamente no texto.

No capítulo seguinte, o livro passa a ter a narração do próprio Haller, cujo subtítulo vem a ser “só para loucos”. Neste capítulo estão o rancor, a decepção, a frustração, o ódio e a violência reprimida de Haller para com a sociedade. Haller é um antibelicista, ecológico, pacifista, embora, paradoxalmente, traga em sua personalidade traços de racismo e "pré-conceitos", embora não de forma consciente.

A narrativa logo adentra para o realismo fantástico, o surreal, o nonsense, sobretudo quando Haller sai da pensão e passa a transitar pelas ruas e a se relacionar com outras pessoas. É neste contexto que ele adentra no “Teatro Mágico”, cuja entrada contém o título “só para raros”. Ali Haller encontra o músico Pablo e Hermínia, os quais, mais uma vez, indicam ser “alter egos” do próprio Hermann Hesse. Vale destacar, neste ponto, o nome Hermínia que fala por si...

Os diálogos que daí vão surgir são para lá de interessantes, polêmicos, controversos e paradoxais, como é o próprio ser humano; ao menos, na visão do autor. No "Teatro Mágico" Haller também encontra Goethe e Mozart, com os quais, em oportunidades diversas, mantém diálogos densos, e disso acaba por ser instigado a conhecer um pouco mais da natureza humana e, assim, de si próprio.

Além dessas duas perspectivas de narração, ainda no começo do livro, aparece outra. Trata-se de um livreto que é entregue para Haller no “Teatro Mágico”, sob o título "Tratado sobre o Lobo da Estepe”, cuja autoria é incerta. Lobo da estepe, a propósito, era como Haller costumava se autodenominar; uma espécie de lado instintivo do personagem. No livreto há uma análise psicanalítica profunda e reveladora da personalidade de Haller, e não há como não se identificar em muitas passagens desse “tratado”.

O fato é que neste cenário nonsense, Haller não irá passar ileso, especialmente quando é acusado de manchar o “Teatro dos Mágicos” com nódoas de realidade. A punição irá extravasar os limites do racional.

O final, da mesma forma, é surpreendente e significativo para qualquer leitor. Uma lição de vida e sem clichês. Muito longe disso, aliás. Enfim, como esclareceu Hermann Hesse, em 1961, o Lobo da Estepe não foi bem compreendido. Para Hesse, Haller não é o retrato de um homem em desespero, mas de um homem que crê e busca a redenção.

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fabio.orlandini 27/05/2023

Muitas vidas, muitos significados
O lobo da estepe é um livro que não pode ser lido com pressa, nem com a cabeça fechada, pois as imagens poéticas e oníricas nos levam a diferentes portos e nos faz descobrir que temos muitos eus dentro de nós. Como li já em idade madura, não há como não me identificar com Harry e, me colocar em reflexão sobre minha própria vida.
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