spoiler visualizarAdriana 25/01/2012
Uma envolvente aventura de amor
Depois de muito tempo, eu pensava que não fosse encontrar uma história que me impressionasse de verdade. Depois de me encantar com "O Jardim Secreto de Eliza", de Kate Morton; e com o filme "Big Fish", dirigido por Tim Burton, vi que são poucos que escrevem maravilhas.
"Julieta" me entreteu de tal maneira, que tornou-se meu livro preferido até hoje.
Anne Fortier foi mais do que Shakespeare. Ela deixou praticamente todos os seus leitores com sede de conhecer Siena. Impossível não ter deixado.
De certa forma, considero meus gostos um pouco exóticos. Tenho um "quê" para quinquilharias, objetos antigos, enfeites medievais, e gostaria muito de conhecer as mais góticas catedrais do mundo, com muitas imagens, afrescos e enfeites gigantescos. Muitas vezes digo que nasci na época errada, que gostaria de ter nascido nos séculos anteriores, que faziam mais o meu tipo... Mas conhecendo o mundo anterior, é claro que seria terrível viver naquelas épocas que destruiram muitas pessoas, inúmeros sonhos, como a época da inquisição da igreja Católica, como a época do sofrimento dos ingleses na era de Henrique VIII, como a época da escravidão, do nazismo, e muitas outras. A ignorância não permitia a felicidade.
Assim como não permitiu a de Romeo e Giulietta, na verdadeira tragédia, no conto de Anne Fortier. Como pesquisei, de fato, o romance foi adaptado por Shakespeare, mas surgiu através de um autor italiano, séculos antes. Confesso que gostei mais da versão de Anne, em que as duas famílias não são inimigas, mas a ideia era casar seus filhos com os inimigos, para assim obter a amizade, e consequentemente, parte da fortuna, do nome (sendo um grande nome naquela época), e fortalecendo mais ainda a família com aquela união. Acaba fazendo muito mais sentido na época em que se passa.
Muita gente que leu deve ter dito que o livro é clichê, pela junção de Romeo (Alessandro) e Giulietta (Julie) atuais, que coincidentemente foram feitos um para o outro e se apaixonaram de verdade, e mais ainda: que também são os descendentes diretos dos verdadeiros Romeo e Giulietta, do século XIV. Muita coincidência, não é? Mas por que não poderia acontecer? Afinal, tudo neste mundo é um mistério!
As aventuras e os mistérios durante a história tiveram o poder de envolver os leitores e levá-los até Siena, do século XIV até o século XXI. Impossível não se apaixonar por esta pequena cidade medieval da Itália, onde as pessoas amanhecem com um céu azul sem nuvens sentindo o cheiro de relvas frescas, tomando café da manhã na mesa de madeira, onde raios de sol leves e finos tocam suavemente, e os pequenos pássaros chamam a atenção com seus assovios agudos. Tudo tranquilo e perfeito, e ao mesmo tempo, vivendo uma aventura, um amor, uma vida que merece ser muito bem vivida.
Outro fato que me chamou a atenção foi Janice, ou Gianozza, a irmã gêmea de Julie/Giulietta. Desta vez, Anne acabou com o fato, assim clichê, da irmã malvada que engana a boazinha e morre no final.
O livro nos mostra que as pessoas não são de pedra. Elas têm um coração, tem um sentimento pelo outro, ainda mais quando este pertence à sua família, possui o seu sangue.
E o amor falou mais alto para Janice, que apresenta uma característica rebelde, rancorosa, revoltada e ambiciosa, mas que ainda assim, ama sua irmã e sua família, e usa suas características mais fortes para lutar por elas. O final de Julie e Janice acabou me comovendo. Janice também merecia um final tão feliz quanto o da irmã.
Enfim, não há como ler e não se envolver pela história e a aventura deste livro, que a cada página, se encontra uma surpresa diferente, e envolve mais ainda nossa expectativa do que vai acontecer. Os mistérios do Maestro, tão fantasiosos, e ao mesmo tempo, tão reais, acabavam nos fazendo mergulhar em seus afrescos. Assim como no mistério de Alessandro. Confesso que até chegar na parte em que se revela, eu imaginava inúmeras coisas de quem ele poderia ser. Um vilão? Um parente de Eva Maria pronto para defendê-la de qualquer ameaça? Um rancoroso que quer fazer joguinhos? Ou apenas um simples homem apaixonado? Ou talvez, Romeo?
De todos os livros de romance, aventura e mistério que já li, este foi o único que se mostrou realmente com essas três classificações dentro de sua história.
Parabéns, Anne Fortier. Você foi mais que fantástica!