Jú 25/01/2024
"A história da família era uma engrenagem de repetições irreparáveis, uma roda giratória que teria continuado dando voltas até a eternidade, se não fosse o desgaste progressivo e irremediável do eixo"
Este livro foi muito mais do que eu achei que seria, olhando pra ele sem saber nada do enredo, pensei que seria uma história acima de tudo, triste, dramática, algo como Wuthering Heights. Porém ela é tudo ao mesmo tempo, sem dúvidas triste, mas também engraçada, curiosa, confusa, fantástica.
Através dessa história, é perceptível que o Gabo constrói alegorias para a história da América Latina, mas não somente, em última reflexão, chegaremos a conclusão de que pode ser vista como a história da própria humanidade como um todo, a nossa tragédia milenar: uma horrorosa disposição para repetir os erros de nossos pais, e quase como se fosse impossível fazer diferente, como se estivéssemos destinados a isso, continuamos a viver essa dor de perceber que apesar de séculos e gerações passarem, freneticamente mudando circunstâncias e cenários, continuamos sendo os mesmos, vivendo como nossos pais.
Outro aspecto universal bastante explorado na história dos Buendía é esta solidão inerente a todos e o entendimento de que ela é inescapável, indestrutível, mas que podemos fazer paz com ela, e desfrutar do "paraíso de uma solidão compartilhada" quando nos encontramos em mútua disposição com alguém.
Um livro maravilhoso.