Estela 01/06/2020
Cem anos de Solidão | Gabriel García Márquez
Este é, sem dúvida alguma, um dos mais belos livros que já li. Gabo é fabuloso ao nos contar essa história e, apesar de ser uma leitura densa, graças a sua escrita, é, também, leve, veja bem. Na contramão do que eu esperava, foi uma leitura divertida, e o realismo magico, aqui tão presente, encanta o leitor de tal forma que faz tudo ali parecer possível e razoável.
Nessa construção perfeita, o livro conta a história da família Buendía, dessa solidão quase hereditária, que vai passando de geração em geração...
O enredo começa diante da fundação de Macondo, uma empreitada do primeiro José Arcádio em busca do mar, mas que acaba por se consolidar entre pântanos e serras. Ali, seus fundadores envelhecem e suas famílias crescem. E quando chegam os ciganos com suas invenções, José Arcádio é arrebatado pela curiosidade latente de sua alma, e, pela inventividade de um homem, vemos aquele povo feliz conhecer o mundo que vai além das suas fronteiras.
Depois disso... pense só, acompanhar mais de cem anos de acontecimentos de um povoado, como veremos as mudanças chegando e se instalando, devagarzinho, até não parecer mais o mesmo das primeiras páginas.
Apesar de tudo, os inconfundíveis Buendía permanecem, até o fim, cercados pela mesma solidão de todo o tempo. E assim vamos acompanhar, pelos eventos de um século, as façanhas de todas as gerações dessa família. Nela, excentricamente, os nomes parecem identificar (ou impor) personalidades, e os Aurelianos serão, quase sempre, parecidos, bem como os José Arcádios. E a curiosidade, ou o espírito subversivo, vão sendo passados a descendência da estirpe Buendía, levando-os a trilhar, tal a tal, caminhos parecidos. Com as mulheres é um tanto diferente, elas se constroem únicas, fortes e complexas, resignadas com a permanente solidão que não permite esquecer que são, de fato, um ramo dessa árvore.
Assim, da fundação o a última página, os Buendía estão todos presos ao destino solitário dessa família amaldiçoada.