Cem anos de solidão

Cem anos de solidão Gabriel García Márquez




Resenhas - Cem Anos de Solidão


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@cinthia.lereplanejar 10/03/2019

Meu primeiro livro do Garbo! Amei!
Gente, que clássimo surpreendente! Ao ler, temos que ficar atentos com o tempo pois não é linear, além dos nomes repetitivos.
Trata-se dos cem anos de solidão da família Buendía, da fundação a extinção do povoado de Macondo.
Além dos nomes dos personagens masculinos que se repetem, retem tbm suas frustrações e seus erros. Algo que me chamou atenção, foi a força das personagens femininas, Úrsula, que quase acompanhou todas as gerações "o tempo passa" como tbm reflete que a vida é como um círculo, sempre gira, volta.
Tbm lemos sobre coisas fantasiosas, como filho de primos nasce com rabo de porco, a moça que é elevada aos céus. A menina q só comia terra e reboco, como a doença da insônia que contaminou todos os habitantes do povoado.
Garbo, nos faz conhecer um pouco sobre a Colombia. A lutra entre os Conservadores e Liberais, sendo que os Buendía eram os Liberais. E tbm o terrível Massacre das Bananeiras.
Enfim, é um livro que vc termina e deseja reler. Estranho não é?
Gabriela Silva 12/03/2019minha estante
Já reli umas 4 vezes. É uma história da fantástica


@cinthia.lereplanejar 12/03/2019minha estante
Concordo com vc! Impossível ler apenas uma vez e ficar satisfeita, termina e já quer ler novamente kkkkk




Vitória 19/01/2022

Poderia ter sido um favorito
Estou com sentimentos contraditórios acerca dessa leitura, mas nada muda o fato de que esse é um livro excelente, e chegou pra mim em uma ótima hora. Desde o final do ano passado eu tava atrás de um bom drama familiar, e acabei lendo vários livros por conta disso, mas nenhum me agradou tanto quanto esse, mesmo ele tendo os seus problemas.
Vamos começar logo pela parte ruim, aqui vou ter que dar uma leve contextualização. Comecei a ler O Tempo e o Vento, do Érico Veríssimo, em 2015, e finalizei os livros em 2020. Nem preciso dizer que foi uma história a qual me apeguei demais, não só por ter ficado tanto tempo em contato com os personagens, mas também por serem livros extraordinários. Os livros do Érico tem muitas semelhanças com esse (que, a propósito, foi escrito depois). O que acontece é que essas semelhanças foram tantas que eu não conseguia me convencer de que foram só coincidência. Não vou dar spoiler de nenhum dos livros, mas, em O Tempo e o Vento, temos uma cena de assassinato de um dos personagens, em frente a um lugar muito importante para os livros, que ficou gravada vividamente na minha memória, essa mesma cena está escrita quase em sua completude aqui, sem tirar nem pôr. Além disso, existem semelhanças entre os personagens. Foi impossível não comparar a Úrsula com a Bibiana, entre outros. O que posso dizer que o Gabo tem como diferencial aqui é o realismo mágico, apesar de o Érico também se utilizar um pouco disso, mas com menos frequência.
Fora isso, a história me cativou completamente. Os personagens são incrivelmente bem desenvolvidos, e me pareceram extremamente reais. O livro não ficou cansativo em momento algum e, pelo contrário, me surpreendia a cada página com reviravoltas que eu jamais imaginaria.
Esse foi meu segundo contato com o Gabo. Agora, posso dizer que, depois de um primeiro livro odiado, ele conseguiu se redimir ao meu ver. Se não tivesse tantas semelhanças com os livros do Veríssimo, esse com certeza seria um favorito meu.
Alan.Belido 23/01/2022minha estante
Você já leu Casa dos espíritos? É simplesmente o melhor drama familiar que já li.


Vitória 23/01/2022minha estante
Siiiim, sou apaixonada pela Isabel Allende




João Pedro 21/04/2020

Leitura para alimentar a alma
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo."

Daqueles livros em que cada palavra alimenta a alma, ao tempo que faz o estômago do leitor voraz desejar por mais, "Cem anos de solidão" conta e reconta a cíclica história dos Buendía, uma família que carrega por gerações a marca da solidão.

Desde o enlace entre os primos José Arcádio (o primeiro) e Úrsula Iguarán até o fim da estirpe dos Buendía, somos apresentados às inusitadas personagens que compõem as diferentes, porém semelhantes, gerações da família, uma das primeiras a se estabelecer em Macondo, pacato vilarejo em que se desenrola a trama.

Do auge até sua ruína, os Buendía vivem seus romances proibidos, perpassam por guerras civis e conflitos familiares, partilhando entre si, além da tradição intergeracional de repetição dos nomes - que acaba por refletir na personalidade de seus membros -, o pesado fardo da solidão, quase como uma maldição que, por menos aparente que seja, está sempre ali, incrustada no seio familiar, pronta para trazer desgraça e tristeza para dentro de casa.

Um enredo magistral, exemplo mais preciso do que é o realismo mágico, somado a personagens memoráveis e à escrita ímpar de Gabriel García Márquez compõem a obra prima que é "Cem anos de solidão". Merece ser lido e relido por todo amante da boa literatura.
Alê | @alexandrejjr 08/01/2022minha estante
É um livraço, realmente, apesar de não ser o meu Gabo preferido. Acho o final dele ainda mais genial que seu início, e, apesar de entender a função da repetição dos nomes, nunca deixo de afirmar que essa característica muito específica do romance atrapalhou um pouco a minha experiência com o livro.


João Pedro 08/01/2022minha estante
Fiquei aqui remoendo qual seria o final e depois de um tempinho me veio à mente. Realmente é brilhante, daqueles que fica na memória (ainda que precise de um esforcinho pra resgatar rs). Eu não me incomodei tanto com a repetição dos nomes durante a leitura, mas acho que acabam por dificultar a imagem que fica de cada personagem separadamente.




graci 06/07/2021

gabo <3
quando parar de chover eu faço a resenha
Elis 13/07/2021minha estante
Só daqui a 4 anos ?


graci 14/07/2021minha estante
aaaaaa




Kecia Jolie 16/01/2022

Que livro incrível. A escrita do Gabo sempre me encanta. A cada página repleta do realismo fantástico característico de suas obras era impossível não ficar fascinada por suas palavras, pela história dos Buendía. Amei esse livro.
Marcos 17/01/2022minha estante
Esse tá super recomendado aqui em casa. Tá na lista


Kecia Jolie 17/01/2022minha estante
Eu tbm super recomendo. O livro é maravilhoso ?




Hingara Leão 29/05/2020

Cem anos de solidão (Gabriel Garcia Márquez)
Tive altos e baixos com esse livro. Capítulos super envolventes, já outros uma tortura. Gostei muito dos desfechos dos capítulos, principalmente do último, mas talvez eu precise fazer uma releitura em outro momento, pois no geral, não tive uma experiência boa como a maioria das pessoas que leem essa obra.
Marcio Fabula 29/05/2020minha estante
Eu só gostei dos dois primeiros capítulos, o capítulo 6 e o último capítulo. De resto foi um martírio.


Hingara Leão 29/05/2020minha estante
Pra mim, foi a leitura mais arrastada que fiz esse ano. :/




Isadora1232 30/05/2020

Esta é a minha terceira tentativa de leitura de Cem Anos de Solidão. Nas duas primeiras, não passei da página 200. Ainda bem que não forcei a leitura. Isso teria arruinado o que foi a minha melhor experiência literária até agora.
Gabo, de forma poética e única, devassa a fantástica história dos Buendía, em uma trama que se entrelaça e conecta as sete gerações da família pela marca do sentimento da solidão.
Dentre tantos sentimentos que essa obra me despertou, o mais forte foi sobre a importância do cultivo da memória. Como temos nos condenado às consequências da peste da insônia, ao esquecimento da nossa história, dos nossos antepassados e, principalmente, nossa memória como povo. E como isso gera consequências no nosso futuro, como somos condenados a repetir os mesmos ciclos de novo e de novo.
É uma leitura muito poderosa, e tenho certeza que vou levar comigo por toda a vida.
Camila.Santos 08/03/2024minha estante
Tem livros que realmente precisamos estar no momento certo pra ler, né? Esse com certeza é um deles, se eu tivesse me forçado a ler antes também acho que não aproveitaria!


Isadora1232 14/03/2024minha estante
Exatamente isso, Camila!! Hj em dia, depois dessa experiência de cem anos, aprendi a reconhecer melhor meu momento e a não forçar a leitura. Melhor coisa!




Victor Surerus 13/03/2022

Uma leitura um pouco complicada, com os personagens com nomes iguais, fiquei meio perdido e sempre consultando a árvore genealógica, mas nada que não pudesse ser compreendido. Ao final do livro já estava muito repetitivo, com uma história bem solitária e triste. Pretendo ler novamente para não deixar passar batido alguns pontos desse livro.
Beto 13/03/2022minha estante
Eu ppreciso muito ler esse livro!


Victor Surerus 14/03/2022minha estante
É muito bom, recomendo.




Guilherme.Monteiro 23/06/2020

A Solidão que permeia a vida e a morte
Provavelmente, até agora, esse foi o livro que mais me deixou fascinado. É algo de valor imensurável, a narrativa é hipnótica, os personagens são excelentes e muito bem desenvolvidos, a história é fantástica, que conta os cem anos na família dos Buendia passando por 7 gerações e é impressionante, e claro, a escrita de Gabriel García Márquez é de uma beleza formidável e empolgante, desde da primeira linha você já fica cativado. O título desse livro não poderia ser melhor, vai do drama ao cômico, dos amores às guerras, da vida à morte, mas o principal é a solidão que liga todas as gerações dos Buendias, uma herança que não é hereditária mas que é da vida.
Esse livro proporcionou a minha melhor experiência com literatura que tive até então, e que irei carregar essa história para o resto da vida.
Daphne Nms 23/06/2020minha estante
Obra prima! Meu preferido da vida :)


Debora.Andrade 18/10/2020minha estante
Resenha que traduz o livro completamente!




amandacarmor 16/06/2020

Borboletas amarelas
Assim que comecei a ler esse livro, sabia que ele seria um dos livros da minha vida. Peguei-me durante horas caminhando por Macondo, me impressionando com a indiscutível peculiaridade da escrita Gabriel García Márquez, com a impressão de que outro livro jamais me causará sensações sequer parecidas com as que foram causadas por esse. Senti uma revolução acontecendo dentro de mim a medida que avançava na leitura do livro.
Cem anos de solidão nos faz refletir desde questões coletivas, como guerras, conflitos ideológicos, imperialismo, industrialização e alteridade, até questões profundamente intrínsecas à alma do ser humano, como a grande solidão. Em ambos os vieses, Gabo se mostra com olhos atentos à realidade a qual era inserido, seja em aspectos particulares, se valendo das histórias contadas pela sua avó e se inspirando no seu local de origem, seja incorporando à obra a realidade social e política de seu país, a Colômbia, que muito se assemelha a uma história geral da América Latina.
Não me deixando enganar pela fantasia que um realismo mágico talvez pressuponha, Cem anos de solidão é, também, uma obra política. É possível perceber diversas críticas aos cenários políticos e sociais vivenciados pelo autor, que como a obra excepcional que se apresenta, nos traz diversas reflexões muito assertivas e aplicáveis ao tempo e espaço atuais.
Me atentando à abordagem que dá nome à obra de Gabriel García Márquez, ao apresentar a solidão como o caminho e destino inevitável dos Buendía, Gabo me ensinou que a solidão nos é inerente e que, mesmo quando acompanhados, ela não deixa de existir em nós; pelo contrário, é, nesse caso, solidão compartilhada. Estar na companhia de alguém não é, sob nenhuma instância, estar longe do que nos faz solitários e, sobretudo, não é a inexistência de nosso espaço individual e único que, por mais que possamos partilhar com as outras pessoas, é uma experiência sobre a qual somente nós mesmos temos propriedade e estamos destinados a vivenciar. Por isso a solidão é tão irremediável, pois mesmo dotados da ilusão de artifícios que a aliviem, ela não se faz ausente sob nenhuma circunstância.
A solidão, para além das entrelinhas do realismo mágico do autor, é inseparável de nós, seres humanos, é a condição da qual não podemos e não somos capazes de fugir; é universal. Somos Buendía. Cem anos de solidão é para mim, sobretudo, um convite para que, a partir da compreensão de que somos inerentemente solitários, possamos aceitar tal condição e fazer dela confortavelmente bela.
Alê | @alexandrejjr 16/06/2020minha estante
Linda a tua resenha! ?


amandacarmor 16/06/2020minha estante
muito obrigada ?




Estela 01/06/2020

Cem anos de Solidão | Gabriel García Márquez
Este é, sem dúvida alguma, um dos mais belos livros que já li. Gabo é fabuloso ao nos contar essa história e, apesar de ser uma leitura densa, graças a sua escrita, é, também, leve, veja bem. Na contramão do que eu esperava, foi uma leitura divertida, e o realismo magico, aqui tão presente, encanta o leitor de tal forma que faz tudo ali parecer possível e razoável.

Nessa construção perfeita, o livro conta a história da família Buendía, dessa solidão quase hereditária, que vai passando de geração em geração...
O enredo começa diante da fundação de Macondo, uma empreitada do primeiro José Arcádio em busca do mar, mas que acaba por se consolidar entre pântanos e serras. Ali, seus fundadores envelhecem e suas famílias crescem. E quando chegam os ciganos com suas invenções, José Arcádio é arrebatado pela curiosidade latente de sua alma, e, pela inventividade de um homem, vemos aquele povo feliz conhecer o mundo que vai além das suas fronteiras.
Depois disso... pense só, acompanhar mais de cem anos de acontecimentos de um povoado, como veremos as mudanças chegando e se instalando, devagarzinho, até não parecer mais o mesmo das primeiras páginas.
Apesar de tudo, os inconfundíveis Buendía permanecem, até o fim, cercados pela mesma solidão de todo o tempo. E assim vamos acompanhar, pelos eventos de um século, as façanhas de todas as gerações dessa família. Nela, excentricamente, os nomes parecem identificar (ou impor) personalidades, e os Aurelianos serão, quase sempre, parecidos, bem como os José Arcádios. E a curiosidade, ou o espírito subversivo, vão sendo passados a descendência da estirpe Buendía, levando-os a trilhar, tal a tal, caminhos parecidos. Com as mulheres é um tanto diferente, elas se constroem únicas, fortes e complexas, resignadas com a permanente solidão que não permite esquecer que são, de fato, um ramo dessa árvore.

Assim, da fundação o a última página, os Buendía estão todos presos ao destino solitário dessa família amaldiçoada.
Nando 02/06/2020minha estante
Tenho problemas em definir a coisa preferida de cada categoria, como filme preferido, música preferida, cantor preferido... Mas tenho quase certeza que Cem Anos de Solidão é meu livro preferido. Pelo menos até agora é.


Estela 02/06/2020minha estante
Eu também tenho essa dificuldade, Nando. E Cem Anos de Solidão chegou pra ocupar essa posição, mas ainda tenho apego a outras obras




Jô Santos 26/06/2020

Uma leitura essencial!
Um dos melhores e mais marcantes livros que li nos últimos tempos. Uma história complexa e instigante sobre solidão.
Hélio 26/06/2020minha estante
Meu livro favorito da vida. Concluí Incidente em Antares há pouco, do Érico Veríssimo, e por algumas semelhanças, me bateu uma saudade do Garcia Marques!


Jô Santos 28/06/2020minha estante
Incidente em Antares é outro livro que desejo muito ler




Sté.Souza 24/06/2020

Por alguns motivos eu não irei avaliar com 5 estrelas, como o fato de que os capítulos são enormes, e isso deixou a minha leitura um pouco arrastada.
E também tem o fato de que a história não é linear, logo deixa um pouco confuso; fora isso... Que livro meus amigos! Não é atoa que é o favorito de muita gente, tem umas partes tão profundas que chegava a doer meu coração, teve partes em que achei muito engraçado e algumas partes que eu fiquei: " que loucura é essa ? "
Acontece muitas coisas loucas em Macondo...
Eu o recomendo sim, mas se prepara pra ficar confuso kkk aliás, se prepara pra sentir um turbilhão de emoções, afinal, não é assim que os bons livros fazem com a gente, nos revirar em muitas emoções?

Definitivamente, um livro favoritado.
Lucas 24/06/2020minha estante
É porque não leste O Amor nos Tempos do Cólera... São quatro capítulos apenas kkk. Mas o fascínio é bem semelhante. :)


Sté.Souza 24/06/2020minha estante
É bom me preparar então kakakak




Oseas.Carlos 15/05/2020

Gabo e a Escrita Real Fantástica
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo "
O texto acima se refere à frase que inicia Cem Anos de Solidão e provoca de cara o leitor por ser instigante e simultaneamente poético. Cem anos de Solidão conta a história da família Buendía e sua saga através de um século na cidade de Macondo, fundada pelo casal de primos José Arcádio Buendía e Úrsula Iguarán. Como num compêndio histórico que se repete ciclicamente, o romance, que é repleto de acontecimentos fantásticos, intriga o leitor ao conhecimento por meio de sete gerações família Buendía num contexto que envolve amor, ódio, guerra, religião,fantasia e muita solidão.
Não é a toa que García Márquez levou o Nobel de Literatura em 1963, uma vez que seu romance além de ter uma estória e uma escrita única, nos remete ao processo histórico de construção e expansão da saga imperialista, o qual é similar ao decorrente nos países da América Latina e nos une como um povo tão eclético e, ao mesmo tempo, idênticos.
Vale a pena ler!!
Joseph.Azevedo 15/05/2020minha estante
Entretanto precisava de mais Spoiler mas me despertou curiosidade ?


Oseas.Carlos 15/05/2020minha estante
Hehehe tentei não dar nenhum spoiler




Leila de Carvalho e Gonçalves 05/06/2018

Obra-Prima
Foi em meados de 1965, após passar um final de semana com a família em Acapulco, que Gabriel García Márquez começou a escrever ?Cem Anos de Solidão?. Foram dezoito meses de exclusiva dedicação, um período mais extenso do que estimara ao abandonar o emprego, ocasionando dificuldades que, muitas vezes, não seriam contornadas sem o auxílio dos amigos.

Se muito já foi escrito sobre este período, pouco se sabe sobre a construção do romance, isto é, permanece obscura a engenharia sobre a qual foi edificado o universo de Macondo. Um mistério criado pelo próprio escritor que, ao receber o primeiro exemplar impresso, rasgou a maioria do material referente ao projeto, tornando inacessível seus truques e à carpintaria secreta por trás de sua obra máxima. Do que restou, o documento mais importante é a primeira cópia das provas de impressão onde estão anotadas 1.026 correções de seu próprio punho, deixando à mostra modificações e inflexões que denotam meticulosidade e perfeccionismo.

Considerado o mais importante romance da literatura latino-americana, sua história apresenta a vida de uma família ao longo de um século, um período que se estende da fundação de Macondo pelo seu patriarca até a morte do seu último descendente. Curiosamente, tanto o destino dos Buendía como o da caminham lado a lado e em sincronia, portanto, tal qual ocorre com as tribos errantes de Israel, esta é a história de um povo que pode ser compreendida por meio da gênese de uma única família?.

Outro ponto interessante é a dicotomia entre a linearidade e circularidade do tempo, isto é, o romance apresenta uma narrativa com começo edênico, meio e fim apocalíptico, mas também possui uma concepção cíclica, marcada por repetições de nomes, traços de personalidade e, inclusive, situações.

Não obstante, ?Cem Anos de Solidão? também se tornou exemplo, quando o assunto é o realismo mágico, um sintagma utilizado pelos críticos, para se referir a um determinado tipo de literatura que entrelaça a descrição realista a um senso de mistério e adivinhação poética da realidade. ?Em outras palavras, a literatura enquadrada dentro deste selo analítico costuma inserir em seu enredo e no desenvolvimento das personagens elementos fantásticos ou maravilhosos, percebidos na trama como parte constituinte da realidade ou da normalidade.?

De acordo com a historiadora e pesquisadora Karla Pereira Cunha, o romance pode ser interpretado como uma espécie de metáfora da situação latino-americana entrelaçada com a história da Colômbia, ao denunciar os principais problemas socio-politicos da região como a chacina de trabalhadores, o roubo de terras, a violência e a tirania imposta pelo poder. Também pode ser compreendido como a criação e síntese do mundo, isto é, uma representação da condição humana revelada através dos membros da família Buendía que se apoia nas inúmeras repetições, na força da natureza, no determinismo e na solidão que rege a vida das personagens. Ainda há uma terceira via que entrelaça estas duas interpretações e considera ?Cem Anos de Solidão? capaz de conectar-se com realidades históricas determinadas, mas com suficiente autonomia para plasmar simbolismos de ressonância universal.

Nota: Adquiri um exemplar da edição comemorativa do cinquentenário do lançamento do livro. Em capa dura, ele está bem diagramado e o papel escolhido para impressão prima pela qualidade. Aliás, o mesmo ocorre com o projeto gráfico e o visual, mas senti falta das ilustrações do artista Carybé que acompanharam as edições brasileiras até 2003. Quem possuir um destes exemplares, guarde com carinho, trata-se de uma preciosidade.
Debora.Andrade 22/09/2020minha estante
Parabéns, suas resenhas sao sempre esplêndidas! Há muito afeto empregado nas leituras.
A senhora é professora?


Leila de Carvalho e Gonçalves 23/09/2020minha estante
Fico feliz que você goste de minhas resenhas. Não sou professora, mas filha de professores. Minha formação é outra: sou estatística. Abraços!




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