spoiler visualizarDaniel Rolim 16/11/2017
No conto "o capote", Gógol, misturando o comum ao fantástico, descreve o cotidiano de um funcionário público medíocre e alvo de desdém dos seus pares, tendo como único prazer a cópia de documentos públicos. Porém, quando ele compra um capote novo, fruto de árdua economia, sua pessoa adquire outro status aos olhos alheios, e o próprio personagem se sente mais importante, decidido e com gosto pela vida. Mas, após ter tal peça de roupa roubada, se desespera ao ver sua importância rebaixada, morrendo doente após sofrer uma reprimenda de outro funcionário mais graduado que deveria tomar alguma providência em relação ao roubo e não o fez. E o conto não termina aqui, pois o morto volta para procurar seu capote, aterrorizando a todos na cidade, somente parando suas desventuras após conseguir tomar o roupão da mesma autoridade que tinha feito troça de sua situação anterior.
Assim, com uma escrita mordaz e cômica, o autor diz muito da natureza humana e da Rússia czarista, cujo tamanho do Estado gerava uma sociedade altamente estratificada, sem mobilidade social, abarrotada de funcionários públicos que geravam uma burocracia que era um fim em si mesma.