Paulinha 22/08/2012
Paulo Coelho é sempre Paulo Coelho
Difícil falar sobre O Zahir, do escritor Paulo Coelho.
Difícil porque, afinal de contas, é difícil falar de seu escritor. Paulo Coelho divide opiniões. Nascido em 24 de agosto, no Rio de Janeiro, é escritor, letrista e filósofo. Já escreveu letras em parceria com Raul Seixas, talvez a sua mais conhecida aliança, compôs para Elis Regina e Rita Lee, foi internado em um sanatório, foi seguidor de Aleister Crowley e da chamada "Sociedade Alternativa", foi ator e roteirista, percorreu o Caminho de Santiago... enfim, é um homem com uma história bem diferente de muitos.
Quem ama, ama. Quem odeia, odeia. Não existe meio termos para falar desse autor.
Mas ninguém pode negar que seu currículo como escritor é bastante completo. Ocupa as primeiras posições no ranking dos livros mais vendidos no mundo, com um total de 100 milhões, em mais de 150 países e é membro da Academia Brasileira de Letras.
Sua experiência pela busca espiritual é o que baseia seus livros. E este não é diferente. O romance ficção mais autobiográfico.
Mas, afinal de contas, o que é Zahir? Zahir é proveniente de uma palavra islamica e significa algo ou alguém que, uma vez visto, sentido ou tocado, jamais é esquecido, o que pode levar a loucura. E, no livro, o Zahir do personagem é sua esposa, Esther.
Vamos falar do narrador da história, que é nosso personagem principal.
"O nome do narrador de O Zahir não é revelado, mas sua biografia é contada em detalhes. O personagem é um escritor famoso que vende milhões de livros em todo o mundo, embora seja constantemente crucificado pela crítica; ele iniciou sua carreira de sucesso como compositor e chegou a trabalhar para gravadoras; na juventude, ele foi hippie e praticou magia, alquimia e diversas ciências ocultas, tendo participado de rituais, sociedades secretas, invocações, seitas exóticas e confrarias misteriosas; ele escreveu sobre o Caminho de Santiago e disseminou o conceito de guerreiro da luz. O personagem criado por Paulo Coelho escreve Tempo de rasgar, tempo de costurar, uma espécie de tratado sobre o casamento, em que expõe muito de sua vida ao lado de Esther.
Em O Zahir, é Esther que incentiva o narrador a lutar pelo sonho de se tornar escritor. É ela que o convence a percorrer o Caminho de Santiago e o inspira a escrever seu primeiro livro. Ela é descrita como uma grande companheira, com sabedoria e paciência para superar as crises conjugais. Ela também parece conhecê-lo melhor que ninguém. Depois que desaparece, Esther obriga o marido a fazer uma nova peregrinação: ele precisa descobrir o que deu errado no casamento, onde ela está e por que ela desapareceu. Todas as respostas vêm à tona, mas não sem sofrimento. E ele ainda tem que contar com a ajuda de Mikhail, o jovem de vinte e poucos anos que saía com sua mulher antes de ela ir embora." (Sinopse do livro)
Acho que ninguém tem mais dúvidas sobre quem é essa história. Quem conhece um pouco sua biografia, sabe reconhecer Paulo Coelho nessas linhas.
Então, sua mulher desaparece sem deixar vestígios. A polícia tem suas hipóteses, desde sequestros até envolvimento com terroristas, mas ele sabe que sua mulher partiu, o abandonara, sem maiores explicações. Mas ela sai de sua vida, não de sua cabeça.
Ele resolve partir em busca dela, mas a viagem se torna uma incrível viagem de auto-conhecimento. O que, aliás, é o que mais gosto nos livros dele.
Podem me dizer que os livros dele são horríveis, que livros de auto-ajuda não são bons e bla, bla, bla. Existe algo nos livros do Paulo Coelho que eu acho que deveria sair da classificação auto-ajuda e entrar em uma nova: o auto-conhecimento.
Enquanto o Paulo se descobre em suas histórias, você se descobre nas suas leituras. E isso também acontece em O Zahir. As viagens e descobertas que ele faz durante o livro são um gancho para as descobertas que você pode fazer a seu respeito.
Nem de longe um dos melhores livros dele, mas tão bom quanto todos. Paulo Coelho é um dos melhores autores para o próprio conhecimento. Seus livros sempre aparecem na hora certa e lê-los é sempre um aprendizado, sempre um crescimento. Todos nós passamos por muitas dúvidas durante a vida e precisamos aprender com elas... só se conhecendo isso é possível. E esse é mais um dos livros que vão ficar marcados em mim, pela forma como me atingiu.
Sempre indico os livros dele, mesmo para quem não gosta (principalmente porque nunca o leu). Mas respeito que cada um goste de um tipo de literatura, muita gente não consegue se conhecer, e o preconceito bateu na cabeça de forma violenta.