joaoggur 17/11/2023
Magia das palavras.
Não sei se é síndrome de intelectualismo, mas tendo a crer que, no Brasil, pré-julgamos tudo de cunho popular, criando o estigma que tudo que não é oriundo de um meio erudito tem uma qualidade diminuta. Pensamento, no mínimo, errôneo; convenhamos, a literatura e a grande massa nunca se entrelaçaram. A literatura, por mais popular que seja, ainda mantém uma carga elitizada.
Paulo Coelho sempre tentou furar essa bolha, criando um universo próprio que rima o misticismo com uma linguagem coloquial. E, ao conseguir a proeza de finalmente aproximar o povo de um meio artístico nichado, pasmem, ele é constantemente atacado! Entendam; erudição não é sinônimo de qualidade, tal como popularidade não significa falta de requinte. Em duzentas páginas, Paulo condensa sua peregrinação até Santiago de Compostela, em busca de sua espada, mesclando narrações de cenas com ensinamentos dados por seu guia, Petrus.
O autor, com uma linguagem simples, consegue prender o leitor por todas as páginas, nos fazendo embarcar como um membro da peregrinação. Ha os vícios clássicos do autor, como os ensinamentos ligados a vida/morte/amor carregados de pieguice, ou os personagens enigmáticos que mal sabemos se são gente ou não.
Em suma, Diário de um mago é uma excelente porta de entrada para o autor.