eriksonsr 07/11/2013
Nunca fiquei com uma opinião e ideia tão dividida sobre um livro. Um lado meu achou Factótum uma porcaria! O outro achou ótimo...
Achei ruim por ter uma história bem pobre, uma linguagem vulgar e obscena, por ter umas passagens racistas, por o personagem principal ser um vagabundo, que não se esforça para nada, sem ambição nenhuma e que os únicos interesses que tem e coisas que gosta serem bebidas, cigarros e mulheres.
Essa é a história de Henry Chinaski, um personagem que não tem onde cair morto, vive a vida em meio a bebedeiras, cigarros, mulheres e demissões de seus empregos. Reclama e não gosta de trabalhar, mas nunca se esforçou em nenhum dos mesmos. Em resumo o livro é isso.
Já o lado bom é esse mesmo lado ruim que citei nos parágrafos anteriores, contraditório eu sei, mas esse é o grande barato do livro, o contato com um personagem comum, normal, real, não um super herói, não uma pessoa brilhante, bonita, virtuosa e moralista, uma história crua, sem enfeites e fantasias.
Algumas frases e pontos interessantes:
"Lembrei de meus dias em Nova Orleans, vivendo de duas barras de caramelo de cinco centavos por dia, ao longo de várias semanas, para ter tempo livre para escrever. Mas passar fome, infelizmente, não melhora a arte. Apenas a obstruí. A alma de um homem está profundamente enraizada em seu estômago.";
"A ideia de me sentar diante de um homem e sua mesa e lhe dizer que eu queria um trabalho, que eu tinha as qualificações necessárias, era demais para mim. Francamente, eu estava horrorizado diante da vida, O que um homem precisava fazer para comer, dormir, manter-se vestido.";
"Como, diabos, pode um homem gostar de ser acordado às 6h30 da manhã por um despertador, sair da cama, vestir-se, alimentar-se à força, escovar os dentes e os cabelos, enfrentar o tráfego para chegar a um lugar onde essencialmente o que fará é encher de dinheiro os bolsos de outro sujeito e ainda por cima ser obrigado a mostrar gratidão por receber essa oportunidade?";
"Quase todos usavam palavras e sabiam escrevê-las, isto é, quase todos podiam ser escritores.".