Steph.Mostav 25/06/2020Lispector para criançasChegamos à sexta leitura do #MLI2020, no caso mais uma releitura dos livros infantis de Clarice Lispector. Por um lado, são contos melhores que os contidos em "Doze lendas brasileiras", até porque duram o bastante para nos importarmos com o que acontece. Porém, não são tão bons quanto eu lembrava - Lispector realmente é muito mais talentosa como tradutora e escritora para um público jovem e adulto. São histórias bem escritas, até porque a simplicidade não a impede de exercitar seu estilo peculiar de junção entre enredo e reflexão, íntimo e compartilhado. Todas as histórias começam muito bem, principalmente A mulher que matou os peixes, mas ao longo do enredo o interesse esfria. Não nego que são todas bem divertidas e para uma criança devem ser bem mais, e acho que o maior obstáculo, ao menos para mim, foi a grande expectativa por serem contos escritos por ela, logo minha escritora preferida. Meu conto preferido foi o já citado A mulher que matou os peixes. Mais parece a justificativa de uma acusada, tentando nos provar sua inocência ou, ao menos, que não matou intencionalmente os pobres peixinhos. E, ainda assim, nas entrelinhas dos casos que ela conta, fica evidente seu histórico de negligência e de desatenção. Em seguida vem A vida íntima de Laura, menos pelo conteúdo e mais pela forma com que foi narrado, cheio de frases que são tão a cara da Lispector que nenhuma outra pessoa além dela poderia ter escrito. Foi decepcionante, mas continua sendo um bom livro.