Paula.Vieira 23/05/2020
Esse é o terceiro livro que leio do Jack London, e assim como nos anteriores a filosofia de vida dele permanece a mesma: O meio influi em quem somos e a vida anseia por poder. É um encontro entre Skinner e Nietzsche.
Diferentemente de "O chamado selvagem" onde o cachorro devido às necessidades impostas pelo meio acaba tonando-se selvagem, neste, as necessidades do meio impelem um lobo a tornar-se domesticado, semelhante a um cachorro.
A escolha de um lobo foi magnífica, pois por mais que sejam da mesma espécie que cachorros, eles diferem muito, principalmente no que tange à companhia e lealdade aos homens. Isso me faz fazer um paralelo social com relação aos ditos 'degenerados', normalmente veicula-se a ideia de que criminosos são maus e nada pode mudá-los, que devemos puni-los e sempre desconfiar deles. Na história, Caninos Brancos é como se fosse esse 'criminoso', ele causa medo, e devido ao seu porte físico e à sua fúria assassina serem rentáveis aos que o possuem, ele passa a ser estimulado a perpetrar ''maldades" que são naturais, mas incompatíveis com a vivência em sociedade. Muitas vezes o autor usa o termo 'barro mole' para se referir a vida, mesmo sem em nenhum momento negar a existência dos instintos e como eles nos impelem a fazer coisas, ele também não deixa de abordar a grande influência que o meio tem de nos moldar, tento mais força na infância mas também não perdendo sua força quando já habituamos nosso ser ao mundo que nos cerca. Esse paralelo é nítido ao final do livro quando ele narra brevemente a vida de um homem que foi maltratado a vida inteira e não houve um tratamento bom no sentido de remodela-lo.
Caninos Brancos nos mostra a necessidade de nos adaptarmos às circunstâncias, e também narra de forma simbólica nossa relação com a sociedade civilizada. Pois assim como Caninos Brancos reprime seus desejos e liberdade em troca da segurança proporcionada pelos humanos, chamados por ele de ‘deuses’, nós diariamente trocamos nossa liberdade e desejos também em troca de proteção pelo estado e comunhão com nossos iguais.