spoiler visualizarAugusto 10/12/2021
Triste, Comovente e Intenso!
Essa não é uma resenha, é um resumo para me lembrar depois.
Eu não sei muito bem por que escolho esse livro. Ele fazia parte da minha meta de leitura para esse ano. Mas eu acabo o antecipando e o colocando na frente de alguns outros. Talvez fosse pelo título, que me chama atenção. Talvez pela edição dele, que é muito bonita. Entretanto, o fato é que o escolho com dúvidas se é o que eu realmente quero. Afinal, tudo indica (a sinopse e os textos das orelhas e do final) que ele é bem denso e triste. Seria isso bom para mim agora?
O começo do livro é bem complicado para mim. Entendo logo que há (sem qualquer aviso ao leitor) trocas de perspectivas entre passado e presente, entre narradores e troca de tipos de pessoa dos narradores (primeira e terceira). E tudo isso sem subtítulos, sem divisão por capítulos, sem qualquer auxílio. No máximo essas trocas acontecem entre parágrafos com um espaçamento maior.
Quanto a ambientação, devo dizer me agrada bastante. Uma parte da história se passa em North Berwick, uma cidadezinha litorânea a leste de Edimburgo, na Escócia, e penso num lugarejo aconchegante, de clima frio, com casas antigas de jardim na frente, fachada de pedra e com chaminés emergindo dos telhados de telhas escuras. Penso numa cidade na qual eu gostaria de morar por um tempo. Outra parte se passa em Edimburgo. Aqui me lembro de algumas descrições de Edimburgo em “Um dia”, de David Nicholls (que muito me marcou e é um dos meus livros favoritos da vida), e de ter visto cenas da adaptação cinematográfica deste livro, e então imagino essa cidade gótica, cinza e medieval e, mesmo assim, tão charmosa. Penso enquanto leio que eu preciso viajar e conhecer Edimburgo e a Escócia. Penso que talvez sejam dos lugares que eu mais gostaria de conhecer. E, por fim, a metrópole mundial. Londres. É incrível como Londres me fascina de uma forma que Nova York jamais poderá fazê-lo. E tudo o que se passa na capital inglesa me agrada. É inerente. É indescritível.
Quanto a história, com o passar das páginas confirmamos que ela realmente será bem densa. Aqui conhecemos Alice Raikes, nossa protagonista, que tem uma personalidade muito forte. Tal característica a leva a ser desobediente e por vezes revoltada em sua adolescência, em parte da infância e do começo de sua vida adulta. Vemos como ela tem um relacionamento difícil e cortante com sua mãe, Ann Raikes, em contraste com seu relacionamento dócil com sua avó paterna, Elspeth Raikes e com seu pai, Ben Raikes. Vemos também o quanto Alice percorre um caminho tortuoso e complexo quanto a sua vida amorosa.
O primeiro é Mario. E o que devo dizer dele? Bem, Mario é um sujeito que beira a psicopatia. O relacionamento deles é tudo menos saudável. É tóxico, inapropriado e até doentio. Mário é infantil, egoísta e, talvez por ser rico e bem de vida, e por provavelmente ter sido muito mimado, acha-se possuidor de Alice. Como que se ela lhe devesse obediência, submissão ou qualquer coisa absurda assim. E Alice não o ama. Não consigo identificar amor naquilo que ela descreve dele. Aparenta estar com ele apenas por estar. Por conveniência? Por inércia, talvez. Fato é que me incomoda a forma como ele a trata. A forma como parece convencido demais. Como soubesse que teria dela tudo o que queria. E da forma como chora e esperneia quando não tem dela o que quer.
Aliás, também me incomoda como ela não consegue se livrar dele rápido. Logo Alice, cujo temperamento parecia não caber naquele relacionamento. Depois, me entristece a cena em que Alice perde a virgindade com ele. De uma forma que mulher nenhuma merece. Quase que por obrigação do tempo que estão juntos. Quase que por inteira pressão dele. E, depois, corta o coração vê-la machucada, sem prazer e quase humilhada por um homem nojento quanto ele.
Cito aqui dois episódios da sua personalidade perturbada. A primeira, quando ela decide dar fim ao relacionamento, e ele passa a ligá-la por tantas vezes que se torna absurdo. Quando ela atende e diz que não tem por que falarem (já que acabaram) a cena a que ele se presta, chorando e soluçando, é patética. E o episódio em que manda o cabelo para ela. Já depois de terem acabado a um tempo ele manda cabelo para ela. É isso mesmo! Ela recebe um pacote de Nova York (onde ele está morando) e quando abre se assusta porque lá está o cabelo do merdinha psicopata. Que tipo de pessoa faz esse tipo de merda? Sinto pena e revolta por Alice ter se envolvido e continuado com alguém assim.
O segundo é Jason. Aqui pouco é falado sobre ele. Apenas que era um professor de música e que eles ficaram juntos por um ano, inclusive morando juntos.
O terceiro (e mais importante) é John Friedmann.
Confesso que já sabendo que as coisas provavelmente acabariam mal (pela sinopse e pelo título do livro, é claro), fiquei um pouco receoso de gostar do casal. Aliás, de gostar dele. Procurei os defeitos. Procurei falhas que justificassem o fim daquele relacionamento. Alguma coisa não me convencia e até me incomodava. Parecia haver um quê de confiança excessiva nele. Presunção até.
A situação do hotel é o maior exemplo disso.
Eles se conhecem, eles saem a primeira vez e ela o convida para subir quando ele a deixa em casa e, na hora do primeiro beijo, ele diz que não pode. Aliás, diz que não deve. E aqui começa todo um mistério sobre o porquê daquilo. E o que se segue é inacreditável. Ele telefona para ela no outro dia e diz que precisa se explicar sobre tudo aquilo, que não é o que ela está pensando e que eles devem se encontrar em um hotel no campo no fim de semana pra que possam conversar. Oi?! A justificativa dele é que ele precisará viajar a trabalho de Londres para Manchester e que o hotel nos arredores da capital é um lugar bom para ter “a conversa”. Mas a forma como ele meio que força essa situação (inclusive fazendo a reserva e acreditando que ela iria) é tão absurda, mas tão absurda que... Ah! Faça-me o favor! Pra cima de mim?! Eles eram quase que desconhecidos nesse momento. E outra coisa: ela vai! Mas que p... é essa?!
Aqui eu já tenho quase certeza de que esse vai ser outro namoro de merda e que é isso que vai destruí-la. Um hotel no campo com um homem repleto de segredo e mistério? Isso daqui não me convence. Mas, o que vem depois, sim.
Embora ele demore uma eternidade pra de fato contar o que o impedia de ficar, saber que ele é judeu e de que tem consciência de o quanto isso pode afetar o relacionamento dele com Alice me distensiona quanto a ele. Começo a entender aquele homem e a complexidade de sua relação familiar com um pai fanático religioso e consigo compreender o medo de que sente de criar uma situação perigosa e complicada para pessoas que ele ama e quer bem.
A despeito de deixar registrado: a mãe de John era uma judia fanática e seu pai não. Mas a morte dela mexe com ele de tal forma que o pai, viúvo, acaba adotando o fanatismo como forma de honrar a memória da mulher que amava. E esse fanatismo leva a querer que seu filho trilhe o mesmo caminho religioso e que se case com uma mulher judia e que forme uma família judia.
Aqui abro um parêntese para citar “Nada Ortodoxa”, uma bela minissérie da Netflix, que muito me ajuda a entender esse fanatismo e o quanto ele tem uma influência poderosa em algumas pessoas e famílias. Influência essa capaz de, em nome da religião, justificar, por exemplo, muitas decisões irracionais, casamentos infelizes e, por consequência disso, pessoas abaladas, infelizes e vazias.
Essa temática é importante para a construção do que é o livro. Porque Maggie O’Farrell fala tanto de amor, quanto de perda, mas também sobre família. Alegra-me o fato de John escolher ficar com Alice e não se privar do seu amor e da felicidade deles. Mas me entristece o quanto isso lhe custou. Vê-lo tentar conciliar o pai intransigente com a necessidade de seu amor, ou ainda vê-lo escrever todas aquelas cartas buscando contato com o pai, ou ainda todas aquelas ligações não atendidas ou retornadas, e a sua angústia em checar a caixa de correio ou a secretária eletrônica todos os dias, é de cortar o coração.
E me afeiçoo a John. E passo a amar, descuidado que sou, o namoro e posterior casamento entre ele e Alice. Me alegra o fato de que eu estive errado sobre ele. Me alegra saber que Alice foi feliz depois daquelas experiências com Jason e Mario. Me alegra terem sido felizes no seu casamento (de três anos), tanto como ler deliciado o quanto muito viajaram pelo mundo, o tanto de experiências maravilhosas que tiveram neste tempo e das boas lembranças que ficaram.
E o baque é grande com sua morte. A essa altura eu já espero. Quando ele não aparece em casa depois que se ventila o atentado em Londres, dou quase certeza. E nem por isso deixa de ser um choque. Histórias assim mexem muito comigo. Porque histórias assim quase que me dão a sensação de que é proibido ser feliz. De que felicidade tem um prazo de validade. De que felicidade tem um custo e que o custo é a dor. Mas não choro aqui. Não choro. Apenas sinto.
Eu choro depois. As lágrimas me deixam ligeiras, ocasionadas por todo o sofrimento de Alice, por seu luto, por perceber a destruição que aquela perda causa. Choro com a letargia daquela mulher. Eu me compadeço pela injustiça da vida. Eu me compadeço com o vazio de uma vida entrelaçada a outra que, de tão perdida que fica quando se vê sozinha, não encontra mais propósito.
Choro com a lembrança de um amor recente que também perdi.
A deixar registrado que John Friedmann morre em um terrível e infeliz acaso. Ele, a caminho de um dia comum de trabalho, para em uma banca para comprar um jornal e, enquanto faz isso, acontece um atentado terrorista a bomba em um prédio próximo, ao que ele é soterrado e morto pela queda dos escombros.
Quero ressaltar também que John e o pai, Daniel Friedmann, jamais voltaram a se falar. Quando John decide ficar com Alice, Daniel começa a se tornar beligerante em relação a eles a ponto de dizer que, continuasse John com aquele namoro, esqueceria que ele era seu filho. E assim foi. E quanta dor e arrependimento ficaram com aquele homem por ter feito isso. Ele perdeu os últimos anos de vida do seu filho. O que começa com uma escolha (de não falar) termina com a impossibilidade eterna de jamais poder fazê-lo novamente. E a dimensão disso deve ser tão grande que dor, amargura e culpa assim jamais devem curar.
E eu creio que o velho Daniel se dá conta dessas coisas depois da morte de seu filho. Me entristece aqui ainda o fato dele e de Alice jamais terem conseguido conversar, embora compartilhassem da mesma agonia da perda. A bem da verdade ela tenta e desiste de ligar para Daniel algumas vezes. Depois, ela viaja até onde ele mora e até chega próxima de encontrar com ele pessoalmente (antes de desistir e sair correndo da biblioteca em que estavam). E, depois, ficamos sabendo de que ele a viu e tentou alcançá-la. O que não conseguiu devido a velhice. E de que posteriormente tentou ligar para a casa dela para conversar. O que não conseguiu porque a essa altura ela já estava em coma.
No final, ele faz uma visita a ela no hospital, enquanto ela ainda está em coma, e esse é o único contato de que temos notícia de ter acontecido. Uma pena. Umas boas conversas, ou amizade, entre eles talvez pudesse ajudá-los a, de alguma forma, conseguir superar a morte de John e a seguirem adiante com as suas vidas. Afinal, quem melhor do que um para compreender a dor do outro?
Ainda sobre o livro, fato é que as histórias secundárias também me agradam. Primeiro, a história de Elspeth Raikes, a avó paterna de Alice. Elspeth se faz numa senhora doce, cuidadosa e gentil; ou seja: o papel típico da avó. Como ela convida seu filho Ben e sua nora Ann para morarem em sua casa, acaba sendo também uma segunda mãe para Alice e suas irmãs. É para ela que Alice recorre em suas constantes brigas com Ann. E é ela quem lhe dá vários conselhos importantes e que tem o dom de acalmar o gênio forte de sua neta certas vezes.
Elspeth se apaixonou por seu falecido marido Gordon Raikes enquanto estava noiva de outro homem. Seu casamento durou apenas dois anos, já que seu marido (a exemplo de seus pais) era missionário e morreu de malária enquanto viajava pela África. Elspeth estava a essa altura com dois filhos pequenos para criar e foi acolhida por seus sogros. Criou os meninos com a ajuda deles na casa onde permaneceu até sua morte, na cidade de North Berwick. Elspeth morreu provavelmente de motivos relacionados a idade. Não está muito claro no livro.
Outra parte interessante de sua vida é que foi deixada por seus pais em um colégio interno durante o tempo em que eles viajavam como missionários (coincidência seu marido e pais serem missionários). Esse tempo foi longo. É por esse motivo que ela não acompanha Gordon em suas viagens e que permanece como dona de casa durante toda a sua vida, desapontando Gordon, que desejava colocar seus filhos em internato. Uma das frases que acredito explicar essa escolha é a que Ann usa, enquanto conversam sobre esse assunto: “Quem manda os filhos para o internato não deve ter filhos, para início de conversa”.
Ann Raikes também passou boa parte de sua vida em um internato. Seu pai era um músico e sua mãe o acompanhava em turnês. Ela, porém, tem uma personalidade mais forte, com algum tom de amargura no seu jeito de ser. Ann não ama o seu marido, Ben, e acaba se casando com ele tão somente por comodismo ou qualquer coisa parecida com isso. Ela acaba se mudando com ele para North Berwick e morando na casa de sua sogra. É ali que tem três filhas. É nessa cidade, também, que começa a ter um caso. Ann trai Ben durante toda uma vida. E depois descobrimos que Alice, sua filha do meio, é fruto desse caso.
Um dos pontos chave para a trama está no fato de que Alice descobre esse caso e descobre ser filha de um outro homem. Um tempo depois da morte de John ela acaba indo a Edimburgo e, ao ir ao banheiro, vê sua mãe sentada com um homem na Estação de trem. Ao perceber que ela evidentemente tem algum relacionamento romântico com aquele homem, e ver os seus traços físicos nele, entende tudo sem precisar confrontar sua mãe ou qualquer pessoa. Consternada ela volta a Londres e logo depois disso ela é atropelada (ou tenta se matar?) e entra coma. Esse acontecimento, aliás, é narrado logo no começo do livro e toda a trama no tempo presente do livro se passa com Alice em coma.
Em algum ponto da história o meio irmão de Alice, Andrew Innerdale, se apaixona e se torna obcecado por ela, causando um grande tormento para Ann e Elspeth (que a essa altura já descobriu o caso de Ann e a paternidade de Alice), que se apavoram com a possibilidade da nossa personagem principal acabar tendo algum tipo de relacionamento romântico com Andrew. Entre conversas e proibições cada uma tem seu modo de lidar com alguma forma de evitar aquele acontecimento. No final, descobrimos que nada aconteceu entre eles.
O relacionamento de Ann com sua filha é um ponto importante da trama. Não há dúvidas de que ela é uma mãe que ama suas filhas. Aliás, em algum momento da trama fica claro que boa parte das ações dela são baseadas nesse amor materno, embora demonstrado de uma maneira estranha, por vezes. Mas o relacionamento dela com Alice é muito complicado, por vezes. Ann acaba demonstrando algum tipo de superproteção que acaba sufocando e afrontando a personalidade forte de Alice. Aliás, talvez esse relacionamento perturbado entre elas se deve ao fato de que são duas mulheres bastante intensas.
O livro, pelo que eu vejo, é uma história sobre sofrimentos. O de Ann de estar com um homem que não ama por toda uma vida, e de não poder estar com o que ama. O de Ben por saber que a mulher o trai, que uma das filhas não é sua filha biológica, e saber que não é amado tal como ama. O de Elspeth por se tornar viúva tão cedo e, depois, descobrir que sua nora não ama seu filho e que o trai com outro homem. O de Alice quando, no auge da felicidade, perde seu marido. O de John por não conciliar seus dois amores (o pai e a esposa). O de Daniel com perda do filho sem que possa falar com ele uma última vez.
Dito tudo isso, ainda digo que o final me frustra. Ele me frustra ao ponto de, ao me dar conta de que faltam duas páginas para acabar, me pegar pensando: “mas não é possível que acabe assim!”. E acabou. Finais abertos precisam ser muito bem construídos para que não me deixem um sabor amargo na boca. Quando penso em finais abertos de que eu gosto, lembro do livro Verity, de Collen Hoover, e do filme Ilha do Medo. Maggie O’Farrell não me entrega nada disso. O livro deixa muitas coisas inacabadas e isso é, para mim, desnecessário.
A saber: 1) aqui não sabemos se aquele cabelo foi o fim do relacionamento de Mario com Alice. O cara manda cabelo dele pelo correio e não tem nada depois? 2) aqui não sabemos a verdade sobre o atropelamento. Ela tentou se matar? Foi um acidente? Embora haja uma pequena sugestão de que ela pensa em se matar em algum momento antes do atropelamento, isso não fica claro. 3) aqui não sabemos sequer se ela sai ou não do coma, se desligam os aparelhos, ou se ela tem uma vida infeliz ou feliz depois disso. E isso estraga o final.
Todavia não estraga a obra. É uma obra densa, dura e difícil de ler. É uma obra que emociona em vários de seus momentos e que trata de temas importantes no decorrer de suas páginas. É um livro para se ter muitas reflexões e para despertar variados sentimentos. E, aliás, um livro que me faz chorar sempre tem um espaço especial em minha estante, em minha memória e em meu coração.
Pra terminar, deixo algumas frases ou passagens que foram marcantes:
"O amor não muda com a morte."
“O que a gente deve fazer com todo o amor que sente por alguém que não existe mais? O que acontece com todo esse amor que restou?”
"Não há como frear coisas nas quais você não quer mais pensar."
“Os fins de semana são piores; ela tem todo o tempo diante de si. A morte de John deixou tudo sem sentido, e por mais que ela tente preencher seu tempo – com livros, filmes, amigos – tudo lhe parece irrelevante e trivial.”
"Quer devorar o tempo, quer que os dias, semanas e anos passem voando para poderem fazer tudo agora. Mas ao mesmo tempo quer congelar o tempo: conhece bastante o amor para saber que é cego, que não existe nenhum amor sem sofrimento, que não se pode amar ninguém sem ter uma ponta de medo de como a coisa pode terminar."
"Ela dá duas respiradas profundas e sente as ondas doentias e familiares do sofrimento passarem pelo seu corpo... espero que você nunca tenha que descobrir na vida que coração partido dói fisicamente".
"Meu coração sabia, minha cabeça sabia, meu corpo sabia. Ele nunca mais voltaria. Fiquei ali sentada... entorpecida... eu me sentia oca, como se meu corpo não tivesse nada mais que fumaça dentro... Só tinha consciência daquele buraco, daquele buraco absurdo onde devia estar meu coração."
"O passado revela-se em qualquer lugar". (Michael Donaghy)