Mugano 21/02/2022
Conheci o livro pelo álbum (que gosto muito) de mesmo nome da banda Saturnus. Descobri que tinha o filme e o achei razoável. Então tive a oportunidade de comprar o livro e, quando o li, senti uma grande decepção.
Foi a primeira obra que li do Paulo Coelho. Não querendo passar uma má impressão do autor e de seu toque artístico, mas provavelmente não lerei outra obra sua nós próximos 20 anos, de tão traumatizado que fiquei com sua escrita.
Não é uma escrita difícil. É fluida, fácil e direta, mas também monótona, generalista e previsível. Se você prestar atenção, todos os personagens são iguais, e todos são a voz do próprio Paulo Coelho. Isso é horrível pois resulta em uma falta de originalidade e diálogos previsíveis. Compreendo que o livro retrata o ponto de vista do autor - que já fora internado várias vezes e se acha no domínio de abordar o tema "loucura". Não vou discutir esse mérito, a liberdade criativa é livre, mas acredito que não funcionou.
Se você gosta de livros de autoajuda, provavelmente vai gostar de "Veronika decide morrer". É um livro que fala o que você quer ouvir (ler). E isso é extremamente repetitivo, basicamente em todo o livro você encontra sugestões de como ser feliz ao se importar consigo mesmo e ignorando o julgamento alheio - que chato!
Outra coisa que não gostei é a ausência de conflito. Simplesmente não tem! O livro inteiro tenta apenas mostrar a situação psicológica dos personagens (os Paulos Coelhos, como gosto de dizer) e o que eles fizeram a respeito. Só isso.
Gostei apenas do arco do Eduardo, um personagem esquizofrênico. Não sei dizer, mas foi o único que me cativou. Pena que foi curto.
Ah, sobre os personagens, acredito que o autor falhou miseravelmente em tentar desenvolve-los. Enfim, a falta de carisma.
Bom, não é um livro grande, talvez você queira tentar a leitura. Para mim, foi um sufoco. Levei mais de 20 dias porque me dava gosto ruim na boca ao pegar o livro rosa. Mas resisti e fui até o fim.
Spoiler:
Fiquei extremamente raivoso, absurdamente puto e cheguei a jogar o livro na parede com o final.
Primeiramente porque eu queria mesmo que a Veronika morresse. Guria chata kkkk não peguei amor nenhum por ela.
Segundo, e acho que foi um pecado, ou melhor, um crime do Paulo Coelho, foi colocar a solução para a vida de Veronika o amor. Calma, vou lhe explicar porque eu mesmo acho que o amor é a salvação da alma - mas o amor próprio!
Veronika foge com Eduardo e deposita nele a sua perspectiva da vida que lhe resta. Ela enxerga nele a salvação, pois aprendeu a amar outro (e não apenas ficar por ficar como fazia antigamente). A questão é que ela não aprendeu a se amar.
O maior amor que devemos ter é o próprio, independentemente das circunstâncias. Porque o amor no outro um dia se vai, seja pela vida, seja pela morte, e você vai ter que conviver com isso. Amar a si mesmo, ou melhor, aprender e manter o aprendizado do amor próprio é a melhor ou uma das melhores coisas que você fará para seu psicológico, para sua saúde mental. Quando Veronika deposita no outro esse amor, ela continua dependente emocionalmente. E sua felicidade, seus anseios e suas alegrias vão ficar na mão de Eduardo. Isso é a pior coisa que achei no livro e sinceramente eu tava o tempo todo pedindo para que o final não fosse assim. Mas foi e o joguei na parede. Que livro merda. Caso tenha chegado até aqui, e tenha você concordado ou discordado da minha opinião, deixo a sugestão de leitura: Um aprendizado ou o livro dos prazeres, da Clarice Lispector. Livro erroneamente atribuído à lição de aprender a amar (o outro) dada por leitores desatentos. Na verdade, é uma verdadeira lição de aprender a amar a si mesmo e ter consciência disso. Abraços e beijos, até a próxima.