Lucas1429 31/12/2023FidedignoPosso falar muitas coisas sobre o vermelho e o negro, mas buscarei ser mais sucinto.
Vale a pena? Sim. Demais. Uma obra psicológica, poética, cheia de trechos memoráveis passando pela mente dos diversos personagens.
É fácil de ler? Não chega a ser um Saramago de difícil, mas a mudança na mente dos personagens às vezes pode atrapalhar se não estiver bem focado na obra.
Vou viciar e ler feito um louco? Dificilmente. É uma obra pra se consumir como vinho, bebericando aos poucos e aproveitando seus inúmeros sabores e aromas. É um livro lento, as coisas acontecem aos poucos. Não se aventure com rapidez.
Vou gostar? Depende.
Eu gostei. Em sua vagarosidade, fui apresentado a Julien Sorel, nosso herói, advindo de um carpinteiro (assim como Jesus, e seu nome tbm começa com J), Julien se vê inserido em um mundo de hipocrisias e normas que lhe são alheias, mas, às vezes fascinantes. Sem ser aristocrata ou nobre, tenta provar para todos que tem a alma digna de um Napoleão. Sabe a Bíblia decorado e, por isso, vai galgando passos para subir na carreira. De preceptor a padrezinho, sonha com bispados e fortunas. O amor lhe aparece e é o grande vilão, ou talvez o maior ponto da trama.
Sua dedicação, altivez e determinação lhe causam ascensão e ruina. É fiel aos seus pensamentos do início ao fim. Não se dobra às circunstâncias, mesmo quando se vê rodeado e à mercê de todos aqueles que desprezava, mas que nunca deixou que lhe desprezassem.
Fica um trecho que eu gostei muito:
"O conde Altamira contou-me que, na véspera de sua morte, Danton dizia com sua voz grossa: É estranho, o verbo guilhotinar não pode se conjugar em todos os tempos; pode-se dizer> serei guilhotinado, serás guilhotinado, mas não se diz: fui guilhotinado" Cap. XLII