caiohlp 04/08/2022
Ode ao ordinário
O Vermelho e o Negro é mais que um dos melhores romances de época existentes na literatura, é um instrumento de análise da mesquinhez humana, das hipocrisias arraigadas nas entranhas da sociedade, é o retrato falado das convenções mais indecorosas, do egocentrismo exacerbado. Sthendal entende cada minúcia necessária para projetar o leitor nessa escabrosa trama, nada nesse livro é por acaso e nenhum grupo se salva do vexame, de maneira perfeita as denúncias dão ritmo à atemporal corrupção mundana, cuja marca profunda é a repetição histórica. No consórcio, entre as mordazes críticas e os pormenores do amor, o livro pós napoleônico, propriamente histórico, ganha um caráter universal, que o garante, obviamente, entre as melhores obras já escritas pela humanidade. É com esse toque de perícia e lirismo, que o autor cria um protagonista marcante e singular, daqueles que ressoam por séculos e abrilhantam o hall dos inesquecíveis, homenagem essa mais que justa para ambição de nosso Julien, que por gerações brilhará e muito além de Verrières e Besançon.