haasscreams 19/01/2024
Não à toa, um dos preferidos de Assis
Li em algum lugar que é o livro menos machadiano de Assis, e faz sentido, mas obviamente não significa que seja ruim, muito pelo contrário. É uma história envolvente, com personagens cativantes e enredo bem construído e viciante.
A forma como as emoções das personagens, suas peculiaridades e segredos são tratados é impecável. Helena é a perfeita mulher do século XIX, assim como Estácio é um perfeito cavalheiro de família abastada de Corte brasileira. A construção da relação deles como irmãos é linda, ainda que desconfortável com a iminência de uma interesse incestuoso. Acrescido a esse drama velado, temos os reais interesses amorosos de ambos, que são complicados à sua maneira.
Ainda, os personagens secundários são muito bons. D. Úrsula e sua elegância, o padre Melchior e sua sabedoria (na verdade acho que ele tirava tarô, não é possível que tudo aquilo seja observação e iluminação divina) e também o dr. Camargo. Se Machado fosse dado a escrever histórias com vilões, seria Camargo. Frio, calculista e ambicioso, é um grande antagonista, que com suas maquinações, surpreende não só aos personagens, mas aos leitores.
Achei incrível a forma que a história gira em torno de vários problemas que culminam em uma única causa; Helena. Todos os mistérios e reviravoltas vêm e vão a ela, e enfim convergem à casa de alpendre e bandeira azul.