Ana 15/07/2023
"Quem não deseja a morte do seu pai?"
Publicado em 1880 pelo escritor Russo Fiódor Dostoiévski, esse é considerado um dos maiores clássicos da literatura Russa e ocidental. É o último livro do autor e ele tinha planejado escrever outros contando a saga dessa família, mas infelizmente não teve tempo, falecendo alguns meses depois. Isso é importante de se ter em mente já que o livro deixa algumas pontas soltas. Aqui temos uma família totalmente disfuncional. Um pai, Fiódor Pavilovitch Karamázov, um senhor bufão, desagradável, desrespeitoso, mulherengo, egoísta e hedonista ao extremo. A sua única preocupação é satisfazer suas vontades mundanas e vis. Acaba se casando duas vezes e é um péssimo marido para ambas. Contribuindo inclusive para a morte de uma delas. Junta dinheiro a partir do dote delas e de negócios escusos. Tem 3 filhos. Dmitri, da primeira esposa, Ivan e Aliosha, da segunda. Não se importa com eles que são criados separados por servos e parentes distantes. Tem um outro personagem, Smerdiakov que dizem ser filho bastardo de Fiódor com uma mulher com comprometimento cognitivo. A história gira em torno de um embate entre Fiódor e Dmitri. Dmitri acredita ter direito a uma herança que pertencia a sua mãe, além disso acontece uma situação constrangedora que é eles se apaixonarem pela mesma mulher, que tem má fama na cidade e gosta de manipular os outros.
A narrativa é muito atrativa e mesmo quando estamos acompanhando as personagens secundárias, a construção delas é tão crível, bem construída e complexa que não fica entendiante. A sensação que dá é que algo muito ruim vai acontecer a qualquer momento.
Aborda questões filosóficas, psicológicas, éticas, morais, entre outras. Envolve a crença ou não em Deus e as consequências disso. "Se Deus não existe, então tudo é permitido." Ivan não chega a falar exatamente isso, mas várias vezes fala quase isso. Defende um ponto de vista ateu, pois enxerga um mundo cruel onde pessoas inocentes sempre sofrem. Dimitri é o mais parecido com o pai, só com um pouco mais de consciência moral, Ivan é o intelectual e com aspirações revolucionárias, Aliosha é gentil, compreensivo e tem uma aura quase santa. A leitura foi uma jornada incrível, envolvente e reflexiva. Eu amei e com certeza lerei outras vezes.