Felipe99 24/01/2023
Mar Morto, de Jorge Amado ?
Em ?Mar Morto? acompanhamos a vida dos moradores da beira do cais da Bahia, principalmente a vida dos mestres de saveiros, marinheiros e pescadores, que tem a morte à espreita e temem o dia que irão se afogar nas ondas verdes do mar, que é seu destino. Suas mulheres temem ainda mais esse dia, pois perderão suas noites de amor sob a luz amarela da lua e ficarão desamparadas tendo que se submeter a situações nada agradáveis.
Apesar dessa vida difícil no cais, ninguém cogita a possibilidade de sair dali. Eles levam para o lado do destino que não pode ser desfeito, e pelo amor que sentem pelo mar. Enxergam a verdadeira essência de suas vidas ali, entre a brisa que sopra no rosto, entre as perigosas aventuras sobre o mar tempestuoso, as canções de tristeza que são cantadas nas noites de luar, as noites de amor dentro de saveiros sob a luz da lua amarela, o cheiro de maresia.
Guma é filho e sobrinho de mestres de saveiros e tem seu destino traçado pelo mar. Guma se apaixona por Lívia, e Lívia por ele. Só que ambos têm vivências diferentes, Guma filho do mar e Lívia uma mulher que desconhece os mistérios do mar. Lívia sempre vive angustiada, pois teme o dia em que Guma vai junto com Iemanjá para as terras misteriosas de Aiocá, para onde vão todos os bravos marinheiros que se afogam no mar verde.
A grande reviravolta do livro (um dos momentos mais lindos, se não, o momento mais lindo do livro) acontece no final, quando Lívia se encontra em uma situação, tendo que mudar todo aquele destino.
Mar morto é meu primeiro contato com a escrita de Jorge Amado, e amei demais. Gostei de como ele trouxe várias histórias dentro de uma só. Fazendo o leitor conhecer diversos personagens icônicos como Rosa Palmeirão (minha favorita). Ele constrói muito bem seus personagens, não apenas joga eles na narrativa. Consegui me teletransportar para aquela Bahia dos anos 30. Sua narrativa poética, lírica e trágica me trouxe várias sensações como, sentir a brisa do mar, sentir angústia nas noites de tempestades, sentir a forte presença de Iemanjá e escutar a potente voz de Dorival Caymmi cantando ?é doce morrer no mar...?