A arte de fazer um jornal diário

A arte de fazer um jornal diário Ricardo Noblat




Resenhas - A arte de fazer um jornal diário


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Luis 01/05/2014

Os papéis de embrulhar peixe.
A cada segunda feira em um dos espaços nobres da imprensa brasileira, a página 02 de “O Globo”, é publicada a coluna de Ricardo Noblat.
Extensão natural de sua febril atividade na internet, o trabalho semanal do veterano jornalista é uma referência para entender a pauta da sempre surpreendente e complexa política nacional. Sua autoridade de anos dentro de redações das mais diversas matizes, concede à “A Arte de Fazer um jornal diário” (Contexto, 2002) o status de guia fundamental para quem já milita ou pretende ocupar uma das cada vez mais raras vagas nos jornais do país.
Embora à primeira vista se pareça com um manual frio, que exala objetividade ao ditar regras fundamentais na atividade de apurar, escrever e editar as informações de relevo público, o livro, na verdade, é bem mais que isso. Trata-se de uma grande reflexão sobre o jornalismo em geral, e o escrito em particular.
Noblat não se furta de promover uma severa auto crítica ao destacar que em sua grande maioria, os jornais são escritos de jornalistas para jornalistas, e não, como seria lógico supor, para o leitor. Também não ignora o velho sofisma que orbita em torno da dicotomia entre “interesse público” e “interesse do público” que muitas vezes serve como desculpa para ações que, à pretexto de fornecer ao povo aquilo o que ele (supostamente) quer, presta um verdadeiro desserviço ao jornalismo de qualidade, chafurdando no sensacionalismo e relegando a segundo plano o que deveria ser a matéria prima de um jornal. Não por acaso, pululam aqui e ali, publicações que trazem como principal atrativo selos para troca dos mais diversos artefatos (panelas, talheres, brinquedos, etc). Notícia ? É só um detalhe.
Publicado em 2002, já portanto em plena era do domínio digital, embora ainda não tão pronunciado como agora, o autor de cara já enumera uma série de dados que até então pareciam anunciar o crepúsculo dos chamados “jornalões”: a queda vertiginosa das receitas de publicidade (que migravam para a internet), o desinteresse dos leitores e elevação do preço do papel, fatores mortais que decretaram o fim de muitos veículos. Passados 14 anos, pouco desse árduo cenário se modificou, embora os jornais sigam ainda com certa relevância, sobretudo quando se trata de interpretar o noticiário além do factual, fartamente explorado pela TV e pelos meios digitais. De mais a mais, é preciso se reinventar para permanecer. O próprio Noblat, ao destacar o trabalho à frente do “Correio Braziliense” nos anos 90, dá pistas de como fazer.
Desnecessário dizer que a leitura de “A arte de fazer um jornal diário” é obrigatória em qualquer faculdade de comunicação digna desse nome. A grande surpresa, talvez, é constatar que o livro, ao aprofundar a discussão sobre o papel da imprensa na sociedade contemporânea, vai muito além do nicho jornalístico tornando-se ferramenta fundamental para o pleno entendimento da realidade que nos cerca, sobretudo, a brasileira.
A obra termina com dois dos mais belos exemplos de que o olho do repórter e seu talento narrativo lapidado por intenso treinamento sempre fazem a diferença em favor do texto de excelência. Noblat republica duas reportagens célebres de sua longa carreira e que versam sobre momentos diferentes do mesmo personagem, o lendário Frei Damião: “O exorcista do Nordeste”, de 1974, relata as suas andanças pelos sertões do Brasil, já o “O último Santo do Nordeste”, conta o enterro do religioso que atraiu milhares de pessoas, em 1997. Teoria e pratica conjugadas em um livro essencial na nobre e dura tarefa de manter vivo e saudável o mais icônico produto da imprensa escrita. Ainda que seja para embrulhar peixe na feira.
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Bel 14/08/2018

Basicão
O livro não é muito aprofundado no que é fazer um jornal diário em si, mas sim em como fazer jornalismo num geral. É interessante para quem está começando, até porque apesar da publicação ser de 2004, ele continua bastante atual, com previsões até que bem acertadas do período em que estamos vivendo.
Parte da nota deve ser culpa minha que não li o livro nos primeiros semestres do curso. Entretanto, eu também esperava algo que me ajudasse na hora de produzir um jornal diário, algo mais específico, mas é um livro que eu interpreto como mais geralzão.
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Sebastião Junior 02/09/2018

A habilidade e experiência de Ricardo Noblat
Noblat prende o leitor em uma narrativa espetacular. Texto simples e direto, de fácil entendimento. Como muitos dizem, é "uma bíblia para qualquer estudante de jornalismo". Os fatos citados como invejável conhecimento de causa, impressionam, instruem e impressionam. Um profissional que passou por toda dificuldade que um foca possa vir a encontrar em sua trajetória profissional. O autor tenta previnir os leitores destes acontecimentos, mas é realemnete difícil, os mesmos são necessários para a construção do jornalista. É importante, também, sua insistência sobre o tema da ética. Jornalista tem certeza de ser Deus, e isso é perigoso. Livro excelente para quem busca uma explicação menos didática sobre o que é ser um jornalista.
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Henrique Fendrich 26/10/2020

Lido no primeiro ano da faculdade de Jornalismo, quando a maioria ainda tinha a ilusão de que estava destinada ao jornalismo impresso e que, por meio dele, conseguiria mudar o mundo. Pouco me lembro do conteúdo, então nem vou avaliar com estrelas.
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Trapp 02/08/2022

Aprendendo
É um livro bem interessante para quem está começando na faculdade de jornalismo. Em alguns momentos, o autor te ofende e faz trocadilhos sem graça(o que eu realmente acho irritante), mas a leitura pelo conhecimento é muito válida.

Um questionamento muito interessante é sobre o jornal impresso e como ele se perde cada vez mais. Hoje, é raro encontrar uma edição física de um jornal, o que sinceramente é uma pena. Mas ao mesmo tempo, é importante que as redações se modernizem e acompanhem a nova forma de dar notícias.

E indo além do formato, mas também na estrutura. Um simples lead não é mais capaz de segurar um leitor. O jornalista precisa se reinventar o tempo todo para conseguir atrai os olhares para sua matéria.
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ânela 19/11/2022

Li pra prova
Bom é uma boa leitura pra quem tá estudando jornalismo, tem algumas partes que eu achei enrolação demais? Sim, mas no geral bom livro.
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Gustavo 06/01/2012

Vida longa aos jornais!
Como fazer jornais responsáveis e informativos e como mantê-los em circulação com a forte concorrência da TV e da internet? O jornalista Ricardo Noblat usa sua experiência de 35 anos para responder essa pergunta no livro “A arte de fazer um jornal diário”, editora Contexto, 2003.
O livro começa com uma conversa entre um leitor e um jornalista numa banca de jornal. O leitor faz várias perguntas ao jornalista, perguntas que os leitores em geral fariam se tivessem a oportunidade de conversar com algum. O jornalista se esquiva, se sente incomodado e foge das perguntas. Noblat mostra nesse diálogo, como os jornais fazem pouca coisa para atender as reclamações dos leitores. Para o autor: “É o conteúdo que vende jornal. Somente uma mudança radical de conteúdo, aqui (Brasil) e em qualquer outro lugar, será capaz de prolongar a lenta agonia dos jornais” (p.17). Segundo a obra essa mudança consistiria em renovar os assuntos, interagir com os leitores, antecipar notícias que ainda estão por vir.
Além da exposição de “problemas técnicos”, Noblat faz uma reflexão ética, mostra a importância dos jornais como formadores de uma consciência crítica na sociedade. Em razão dessa importância, para ele os veículos de comunicação não devem ficar concentrados em poucos grupos. Devem ainda, publicar somente o que é de interesse público, e não devem copiar o que é mostrado na TV, que na maioria das vezes está preocupada apenas com a audiência.
De uma forma mais didática, mas não menos interessante, a obra trata de questões básicas, corriqueiras do jornalismo. Questões como relacionamento com as fontes, apuração, “faro jornalístico”. Exemplos simples e divertidos facilitam o entendimento e tornam a leitura muito mais “leve” e prazerosa.
Há também grande destaque para a escrita. O autor dá dicas valiosas, principalmente para os menos experientes, de como escrever um bom texto jornalístico. Apesar de afirmar não haver receita para escrever bem, Noblat aconselha evitar adjetivos e chavões, ser direto, claro e reescrever pois sempre é possível melhorar algo. Escrever como se fala, desde que certo, é outra dica interessante presente no livro. Os exemplos dizem mais que qualquer explicação: “Desconforto Hídrico (usar seca), Reposição Tarifária (usar aumento), Suspensão temporária de liberdade (usar prisão)” (p. 85).
No fim da obra o autor aproxima ainda mais os leitores do ambiente dos jornais. Para isso, conta os bastidores de uma extensa reportagem por ele feita e mostra detalhadamente o processo de reforma do jornal Correio Brasiliense, que segundo especialistas e dados estatísticos, após a reforma, passou a ser o jornal mais respeitado do Brasil. Uma linha do tempo recheada de imagens encerra o livro, e leva o leitor a uma viagem pelas datas que marcaram a vida da imprensa.
A maneira com que o autor trata todas as questões, muitas vezes se colocando entre os próprios leitores e fazendo uma autocrítica, conquista a confiança e a simpatia de quem lê a obra. Enfim, “A arte de fazer um jornal diário” é um ótimo livro para estudantes e recém-formados na área de jornalismo. É um ótimo livro para qualquer pessoa bem informada, que goste de ler. É um ótimo livro para “despertar” a importância da informação naqueles que não gostam de ler. É, sem dúvida, uma boa pedida, que agrada a gregos e troianos. Com o perdão destes últimos jargões. Noblat reprovaria.
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