Resenhas - Madame Bovary

Márcia 05/05/2024

Madame Bovary, um clássico inesquecível.
Não tenho como falar de Madame Bovary sem lembrar de mim aos 19 anos, quando li o livro pela primeira vez. Foi a obra que mais me impactou na vida, juntamente com a Insustentável Leveza do Ser. Madame Bovary foi a leitura desse mês do @comf.bookclub e eu tinha que relê-lo. Tinha que relê-lo para reencontrar aquela adolescente de 19 anos cheia de sonhos; tinha que relê-lo para sentir novamente a sensação que a obra me provocou; tinha que relê-lo para entrar novamente no mundo de Ema Bovary e revisitar o porquê de ela ter me marcado tanto.

Emma Bovary: era linda, mas se recusava a ser boa. Tampouco era uma mulher valente e virtuosa que no final sai triunfante. Era uma mulher educada em convento, mas sem pendores religiosos. Tudo muda quando começa a ler romances e aprende que poderia escapar do mundo real para a ficção. Aprende sobre encontros à meia-noite, noivas roubadas, paixão e glamour. Aprende que o amor romântico era o equivalente a uma dose de adrenalina que valia a pena ser vivido. Então, começa a depositar no casamento expectativas de ascensão social e de uma vida agitada ao lado do marido. Porém, esses anseios são frustrados, pois o senhor Bovary gostava da monotonia de sua rotina e não tinha outras ambições além de sua carreira como médico de província. Isso desperta em Emma uma rebeldia e insatisfação com seu casamento, o que a faz se lançar em um consumismo desenfreado e em uma vida repleta de traições e mentiras, na tentativa de driblar todo o tédio que sentia.

Ema e eu nos encontramos no questionamento: sobre o lugar de submissão das mulheres dentro de suas relações conjugais e perante a sociedade. Ema estava em 1851; eu, em 1987, mas também com meu entorno querendo me amordaçar. Porém, às custas de muita luta e dor, rompi os grilhões que me prendiam e saí para o mundo; saí para mim, para os livros, para a universidade, para ser quem sou hoje. Ema Bovary sucumbiu e sua saída foi o arsênico. Quando cheguei nessa parte, estava sentada em um trem da CBTU a caminho da capital (SP), para onde eu fugia da periferia e do horror que me rodeava. Naquele momento apoteótico, tomei a decisão de que eu IA VIVER. E saí para lutar, incansavelmente, até hoje, aos 55 anos.

Waldemur 02/05/2024

Triste
É um livro bom, confesso que esperava mais do livro, talvez por isso tenha me decepcionado tanto. Carlos não merecia tudo que passou, mesmo após tudo ele nunca deixou de amar ela.

Rodrigo.Bittencourt 01/05/2024

Bom livro
O livro é bom, porém meio maçante em certos momentos. A temática e os personagens (alguns pouco explorados) são interessantes considerando-se um contexto romântico, mas falta algo que prenda o leitor à história

Jaque 28/04/2024

É preciso sentir a obra
Me peguei pensando no porque eu ter me afeiçoado tanto a Ema, talvez por ser uma sonhadora, talvez por gostar de ler e fantasiar, mas na real era pelo desejo inconfundível de viver, de sentir.

Viver sentindo, as vezes passamos pela vida só existindo e não sentimos as coisas, e o desejo por sentir uma nova paixão, uma aventura, um passeio, uma nova realidade e o desejo de estar se movimentando.

Então era isso Ema assim como eu queria ter mais, viver mais, não se deixar empacar no cotidiano, no monótono, no mesmo.

Recomendo muito essa obra, leiam e sintam todo desejo, toda angústia, todos os sentimentos...

Cá 27/04/2024

Emma é uma mulher simples que vivia no interior da França, casou-se com Charles Bovary, que era Oficial de Saúde (porque não conseguiu ser médico), tinha autorização para clinicar em casos simples e foi assim que se conheceram, Charles foi tratar de seu pai.
Charles era casado na época, mas logo ficou viúvo, se encantou por Emma, sempre achava um pretexto para ir até a fazenda do pai dela e dessa forma acabaram se casando. Ele era acomodado e sem muitas aspirações, porém, era apaixonado por ela.
Emma, no entanto era uma sonhadora, lia muitos romances e queria que sua vida fosse como a das heroínas de seus livros. Esse seu desejo por essa vida aumenta quando o casal é convidado para um baile e ela fica toda deslumbrada ao valsar com um Visconde. Ao retornar à sua realidade, sua aversão ao marido aumenta gradativamente e dessa forma Emma se envolve em relações extra conjugais.
Flaubert conduz o desenrolar dos fatos de forma bem realista, mostrando que até os “romances” fora do casamento podem se tornar enfadonhos, mostrando que a realidade entre amantes nem sempre é um mar de rosas. Quais serão as consequências desses relacionamentos?

Taynara75 27/04/2024

Tudo seria paixão, êxtase, delírio
Essa foi uma das melhores leituras que fiz nos últimos meses. Flaubert nos faz entrar nos personagens e saber exatamente o que eles estão sentido.

Beatriz.Moreira 24/04/2024

"A sua vontade, como a aba do chapéu preso por um cordão, flutua a todos os ventos, há sempre algum desejo que a arrasta e alguma conveniência que a detém."

Constantemente agoniada, o que mais uma pessoa pode querer? O que Emma queria?
Não é uma resenha e a filosofia da resposta está escrita e eu sinto sono

Wislen.Silva 20/04/2024

Não gostei muito
Apesar de ser um clássico a história não me agradou, o Carlos não mereceu o que a Ema fez com ele. E apesar de tudo ele nunca parou de ama-la.

SammyaLC 18/04/2024

Um romance singular que traz uma ótica muito interessante sobre as raizes do adultério em uma sociedade que relegam as mulheres ao isolamento doméstico e a falta de perspectivas de realização pessoal fora de um ideal romântico. No entanto, não compreendo como muitos consideram esse livro feminista, visto o quanto ele se empenha em traçar um visão pejorativa de sua protagonista.
Madame Bovary é uma mulher patética, frívola e egoísta, possuidora de certa ingenuidade desconcertante em relação ao mundo, que ao deparar-se com o tédio da sua vida de casada, agarra-se a um ideal de felicidade ilusória propaganda pelos romances que lia.
Emma, embora complexa, é um mulher com uma vida privilegiada - amada pelo marido, com boa posição social e confortos financeiros consideráveis - que aparentemente não é feliz, simplesmente porque escolhe ser infeliz. Narcisista, ela desvaloriza sua família e a bondade com que é tratada, apresentando-se injustificadamente cruel e rescindida com o marido e a filha.
Além disso, Bovary não só escolhe amantes deploráveis, que não correspondem verdadeiramente aos seus sentimentos e desejam se aproveitar dela, como mesmo as suas paixões soam falsas, pois Emma parece mais apaixonada pelo que ela imagina deles do que pelos homens que eles realmente são, havendo uma distonia entre o amor que ela sente e a forma que eles a tratam.
Assim, Flaubert faz questão não só de puni-la pela sua conduta e excessiva vaidade, mas parece lhe dar uma quantidade excessiva de agência, quase inverossímil para realidade de sua época, apenas para destacar que ela é a única responsável por sua própria tragédia e minar a simpatia que poderíamos dirigir a ela. Unidimensional, ela permanece a mesma do começo ao fim do romance.
Apesar disso, a leitura é imersiva, e traz muitos personagens secundários interessantes. Contudo, para mim, o ponto alto da obra é a inestimável e intricada interdependência apresentada entre o consumismo de Emma e seus sentimentos.

JAQUELINE.ARGOLO 16/04/2024

Citação
Melhor definição que o posfácio de Maria Rita Kehl, não há: "O enredo da vida de Emma Bovary é o mesmo de tantas mulheres contemporâneas suas, literárias ou reais. Inconformadas com a mediocridade da vida doméstica e do casamento, alimentadas pelas fantasias extraídas dos romances ?para moças? que lhes caíam nas mãos, muitas buscavam tornar suas vidas mais interessantes através do único recurso a seu alcance: uma aventura extraconjugal."
Assim, Madame Bovary é a história das aventuras amorosas de uma pequena burguesa provinciana cujo desfecho é trágico.

Ana Helena 14/04/2024

Emma Bovary sou eu!
De certo, se não todos, quase todos sabem a história de Emma Bovary mesmo que nunca tenha lido este livro. Sabem que Emma lera muitos livros de romance e por isso acaba agindo de forma impulsiva e vive diversas aventuras amorosas extraconjugais.
A verdade é que Emma é muito mais do que essa narrativa superficial conhecida e é fato que seu romance trouxe tanta reflexão que foi até motivo de processo judicial antes ainda de ser publicado como livro, em razão da tamanha ofensa para um sociedade patriarcal ter um livro onde a grande estrela é uma mulher e adúltera.
Vale a pena a experiência e mais ainda se entregar para saber quem foi Emma, quem foi Charles e quem foi Rodolphe o cretino e Léon o tosco! Recomendo não só a leitura, mas todos os textos de apoios que nos ajudam a ver como foi tão importante a obra para seu tempo e como trouxe avanços para a vida da mulher.

Milena.Firmeza 09/04/2024

Esse eu pensei que ia abandonar, mas depois que comecei não consegui largar! Tem declaração de amor, traição e morte. Em alguns momentos fiquei um pouco desanimada, mas é um livro muito bom, e também é muito engraçado. Definitivamente não dá pra ficar entediado lendo esse aqui!

AnaPAssis 07/04/2024

Incrível!
Eu já havia assistido à adaptação de Madame Bovary, com a Mia Wasikowska interpretando Emma Bovary.

Me surpreendi com o quanto o filme é fiel ao livro, e ao mesmo a obra literária entrega tanto mais!

A história é narrada de uma forma que conseguimos entender o que cada personagem está sentindo, pensando, planejando...

Demorei quase um mês para concluir, mas valeu a pena...

Super recomendo!

Milena 06/04/2024

Sempre quis ler esse livro pois lembro da minha professora de literatura falando dele quando ainda estava no ensino médio.

Achei uma leitura difícil, as vezes com muitos detalhes que faziam com que eu me perdesse no contexto.

E como a linguagem não é cotidiana ao mesmo tempo que entendi o que os personagens falavam não sei se consigo explicar o que li kkk meio confuso.

Mas pelo que absorvi da história Emma era frustada com seu casamento e com a vida, sempre querendo mais amor, mais aventura, mais emoção, mais riqueza. Quis tanto que se meteu em dívidas e em traições até que ficou tão apavorada e desiludida que se envenenou com arsênico ? fiquei chocada, não lembrava que ela se matava.

Após a morte dela que o marido foi descobrir as traições e morreu pobre e de desgosto.

Quem mais sofreu no fim foi a filhinha deles que foi passando de família em família até ter que viver como funcionária ?

No geral é um livro bom e triste. Acho que é aquelas histórias que precisam ser relidas para cada vez entender um nuance do que aconteceu

Pedro.Henrique 06/04/2024

Madame Bovary c'est moi
É incrível como Flaubert consegue escrever a história de uma personagem tão falha, com seu egoísmo, sua inconstância, seus devaneios irrealizáveis, falta de controle, mas tão identificável. Sofremos, amamos e sonhamos com Emma. Somos Emma. A capacidade que Flaubert possui de criar belas imagens com palavras incomparável. Se rechaçava a classificação como autor realista, sem dúvida isso se justifica pelo caráter intenso, emotivo, poético. Isto apesar dos sonhos de Emma se confirmarem como devaneios inalcançáveis com sua morte, tão lenta e dolorosa, brutalmente descritiva, até grotesca. Madame Bovary é incontornável.