Tibúrcio 13/12/2018
Biografia x ficção
Quem me conhece sabe da verdadeira paixão que tenho por Frida Kahlo. Meu trabalho enquanto artista reflete muito isso.
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O primeiro contato que tive com Frida foi ainda na adolescência. Suas cores e imagem foram como imã em mim. Apesar da arte ainda ser um hobby, as cores dela já me tomavam o coração.
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O filme Frida, de Julie Taymor foi um empurrão para adentrar à vida de Frida. Aliás, Salma Hayek a fez brilhantemente.
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Kahlo já influenciava minha arte quando fui apresentado a O Segredo de Frida Kahlo, do escritor mexicano Francisco Haghenbeck. O livro é uma biografia que mistura-se à ficção.
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Depois de sofrer um grave acidente de bonde e morrer pela primeira vez, Frida encontra-se com sua madrinha, a Morte, com quem faz um acordo. Ela voltaria a viver, mas em troca deveria prepara todos os anos, no dia dos mortos, uma oferenda para lembrar o pacto.
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Enquanto o ritual cumpre pontualmente, sua existência se desenvolve. Frida conhece Diego Rivera com quem compartilhará a vida. Juntos irão saborear a traição e também o amor pela arte.
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Frida é intensa quando ama e deseja. Entrega-se por completo, mas tem uma vida emprestada. Seu corpo doi e se destroça lembrando que sua Madrinha arranca-lhe a alma, pedaço por pedaço, aproximando ainda mais o reencontro inevitável entre elas.
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O livro tem uma linguagem simples e objetiva. Francisco sabe como envolver o leitor trazendo-o para dentro da história e saboreando cada página junto à Frida.
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CURIOSIDADE: O livro traz receitas retiradas do caderno de receitas de Frida que ela chamava de "Livro da erva Santa". Aliás, esse caderno foi encontrado na Casa Azul - onde Frida viveu e hoje é um museu dedicado a ela - tornando-se um valioso achado que seria exibido na exposição em homenagem à Frida no Palácio de Belas Artes. A existência deste caderno confirmava a paixão e o tempo que ela dedicava a erguer seus famosos altares dos mortos, entretanto, no dia em que a exposição foi aberta ao público, o caderninho desapareceu.