spoiler visualizarnanda :) 19/12/2023
O Segredo de Frida Kahlo: Diego Rivera, me encontra na rua para ver o que faço com você!!
“Cristina escolheu uma saia vermelha e uma de suas lindas blusas de istmo, daquelas com fitas vermelhas e verdes entrelaçadas. Mas ao ver que Frida a olhava, perguntou-lhe que vestido gostaria de usar. ‘Vista em mim o que você tiver escolhido, pois terá sido escolhido com amor. E já não há amor mais aqui. Você sabe que o amor é a única razão para se viver.’
Frida tinha razão, embora tivesse se feito rodear das coisas que amava, dos objetos que aprisionavam o amor e dos amigos que amava, nela já não havia amor. O amor ficou escasso, foi se perdendo, até ficar numa lembrança.”
Comprei esse livro na Bienal do Livro de 2022, e esse era o último livro que eu precisava ler para finalizar os que comprei. Além disso, era o último livro na minha estante que eu ainda não havia lido.
Eu gostei dessa história. Aqui, a vida de Frida Kahlo é contada em forma de romance, onde vemos ela como essa personagem que o autor pode mostrar seus sentimentos e pensamentos. Além disso, a história é comandada pelo caderninho de receitas da Frida, relacionando cada receita a um momento de sua vida.
Admito, achei a ideia da história mais interessante do que a execução. Na prática, as receitas acabam cortando muito o ritmo de leitura, aparecendo no final dos capítulos e literalmente te ensinando como fazer o prato. Porém, não sei como a história funcionaria sem esses elementos, então, a medida que vai se lendo o livro, o leitor se acostuma.
Isso também acontece com a escrita, que é bem floreada e tendendo a poética. Principalmente nas primeiras 50, 75 páginas, é bem difícil engatar na escola, já que você tem que se acostumar com a escrita do autor. Depois disso, a leitura vai ficando até que bem fluída, e, no fim das contas, eu gostei da escrita.
Porém, acho que fez com que eu gostasse desse livro foi a personagem da Frida. Aqui, ela é representada muito bem, exatamente como eu a tinha em minha cabeça com base nas coisas que sei dela. O livro não tem um tom biográfico, o que me agradou muito, mas, no fim das contas, você acaba aprendendo muitas coisas sobre a vida da Frida. Um ponto também que me agradou bastante que não focou apenas nas tragédias da vida dela, e sim na sua pessoa, em seus amores e aventuras.
Apesar de um pouco desconexos, eu também gostei bastante da forma que os capítulos foram divididos, cada um focado em um momento da vida da artista. Sinto que isso ajudou a lembrar melhor dos elementos da história, e para o livro manter o tom que não é uma história qualquer; é a vida de alguém.
Acho que o ponto chave dessa história, porém, é a forma como a Frida lida com a morte. Não sei dizer se é algo do autor ou se era algo dela, mas, juro, as metáforas sobre a vida e a morte nesse livro são simplesmente fenomenais. Ver que, durante toda a sua vida, a morte acompanhou a Frida, ver esse aspecto que ela vivia “dias emprestados” e por isso sofreu tanto… Achei uma forma muito bonita de lidar com esse aspecto da vida dela, e ficou muito marcado em mim.
Em resumo, gostei bastante da história, e também não tenho muito que posso reclamar sobre a narrativa; afinal, como é que eu vou reclamar da vida de alguém? Porém, sim, eu reclamo do Diego Rivera. Ver que a Frida sabia que ele não era bom para ela, mas mesmo assim ela continua com ele, me deixou muito brava, de verdade. Que cara chato! Frida, você merecia alguém melhor!