Como um romance

Como um romance Daniel Pennac
Daniel Pennac
Daniel Pennac




Resenhas - Como Um Romance


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DIRCE 30/05/2013

Tunel do Tempo
Resenha feita em 10/2010 (ocasião da leitura)


Por me encontrar de dieta literária estou seguindo na direção de livros de poucas páginas e , assim sendo, a sugestão da minha amiga Paulinha ( para que eu lesse "Como um Romance" do escritor Daniel Pennac) foi de pronto acatada.
Sobre o assunto abordado no livro, vou me limitar a dizer que ele trata do desinteresse dos jovens pelos livros, já que sempre me vejo tentada a comentar o que senti durante à leitura a fazer uma resenha como manda o "figurino".
Bem, a abordagem feita por Penacc me fez sentir dentro de um túnel do tempo com diversas paradas ao longo da minha vida de ledora: me vi extasiada diante das letrinhas que formavam meu nome, encantada com os momentos das leituras de parábolas na sala de aula, divertindo – me à beça com o Almanaque do Jeca Tatu (que acompanhava o Biotônico Fontoura - risos) , suspirando com as fotonovelas (em branco e preto) e..., Vivi, os artistas eram italianos, pois me recordo do nome de um deles ( a menos que eu esteja enganada): Gian Maricarleto, ah! essas revistas eram lidas na sala de espera do dentista e elas também ajudavam a aplacar o pânico do aterrorizador e implacável motorzinho – sim, é esse mesmo: esse que até hoje fazem muitos pacientes tremerem. Porém, mesmo com todo o temor diante do aterrorizador e implacável motorzinho, sempre havia a torcida para que o tratamento não fosse concluído antes de ter chegado ao final da história. Sim, passei pelas Sabrinas, pelas Julias, por José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo ( viajei para a Ilha de Paquetá ao me recordar de " A Moreninha" ) Camilo Castelo Branco, Jorge Amado, Harold Robb, Paulo Coelho etc...etc..etc...e também, por, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Vitor Hugo, Dickens etc...etc...etc...
Mas...(como já disse antes) há sempre um mas, eu, no decorrer da leitura conclui que ainda não me tornei uma leitora, sou apenas uma ledora, haja vista que ainda não fui insensivelmente empurrada pelo meu desejo a frequentar apenas os considerado bons livros. Mas eu chego lá: estou traçando o mapa do meu gosto e, quem sabe ainda serei uma leitora de Proust, Thomaz Maan, Stendaaaal, etc...etc...
Quem sabe eu venha a subir e respirar na casa do amigo do Pennac – O Balzac.
E...Viva os livros.


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Resenha editada em MAIO DE 2013 (ocasião da releitura)

Bendita seja, pressa nossa de cada dia! Bendita seja, pois devo a você a forma inesperada com que fui levada a releitura dessa pequena GRANDE obra: "Como um romance", uma releitura deliciosa e sobre a qual me debrucei de amor a ponto de me sentir compelida a editar a resenha, por mim feita por ocasião da leitura, a fim de me redimir da injustiça que cometi ao avaliar o livro. Naquela ocasião, eu considerei o livro muito bom - 4 estrelas, portanto, e eu não o inclui entre os meus favoritos. Que INJUSTIÇA! Um livro tão rico que aborda um tema tão comum no nosso Patropi- o desinteresse pela leitura, suas causas (não, não é devido o baixo poder aquisitivo e aos altos preços dos livros) e como revertê-las -, de forma tão apaixonante, delicada, bem humorada, com citações de obras e de autores por meio de diálogos e comentários esclarecedores, insinuantes e persuasivos é nada mais nada menos que Ó -TI-MO e, portanto, merecedor de 5 estrelas.
E como não incluir entre os favoritos um livro que deveria ser obrigatório nas escolas, porém, não aos alunos e sim aos professores. Justiça, faço agora: esse livro que tive de parar de adjetivar, pois percebi que os adjetivos se multiplicariam mais e mais fará parte dos meus favoritos.

PS.: Marta, você tem razão: a quadrilha amorosa, feita no resumo de Guerra e PAZ, deixa qualquer um rendido.
Amandha Silva 16/12/2010minha estante
Ai ai Dirce.
Mas um para a lista sem fim...


Marta Skoober 02/06/2013minha estante
Dirce, que bom que gostou!
Muito, muito bom isto de uma nova versão para a releitura. Como sempre suas resenhas são maravilhosas...


Ladyce 11/07/2013minha estante
Agora vou ler, por sua causa... Ai ai ai ai ai.... sempre me levando para mais leituras... rs... depois digo o que achei dele bj


Paula 19/09/2013minha estante
Que bom que você releu esse livro, Dirce. Sou completamente apaixonada por ele.

beijo grande,
Paulinha


DIRCE 20/09/2013minha estante
Ladyce, posso apostar que você irá se identificar com o livro. Se não me falha a memória, Daniel Pennac é contra compactar uma obra clássica. Ele diz que é o mesmo que tentar tirar algo da Obra Guernica de Picasso.


DIRCE 20/09/2013minha estante
Paulinha,
Somos então apaixonadas pelo livro.
Saudades imensa.
bjs


DIRCE 23/02/2017minha estante
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Alice Nunes 17/06/2022

Reflexão do início ao fim
Após uma indicação preciosa e uma árdua busca esse livro chegou até mim. Refleti muito sobre a minha trajetória como leitora desde os primeiros livros, as grandes pausas e o retorno literário dos últimos anos.
Mas sobretudo refleti sobre o meu papel como professora e como tenho trazido esse tema para a sala de aula. Já estava atenta a essa relação mas o livro me deu mais ferramentas pra repensar minha prática. Amei demais!
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Claire Scorzi 03/03/2009

Só pelos "Direitos Imprescritíveis do Leitor" o livro já mereceria uma leitura com releitura atenta e prazerosa. Quando se junta isso à avalanche de citações literárias, a narração de episódios engraçados e emblemáticos sobre o amor aos livros (como aquele do soldado que se oferecia para limpar as latrinas no quartel, só para passar horas lendo sem interrupção!), "Como um Romance" só pode se tornar um livro saboroso para qualquer amante da leitura. Pennac vai misturando experiência pessoal (sua iniciativa como professor, lendo em voz alta para seus alunos adolescentes), fantasias, devaneios, sonhos, e por fim seu "decálogo de leitor": um ótimo livro sobre amar livros e amar lê-los. Sobre despertar tal gosto nos outros.
O único senão está em alguns capítulos iniciais, que soam algo enfáticos e cansam. Mas depois, é só prazer.
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Dávila 11/06/2022

Um romance para leitores ou quase.
Daniel Pennac cria uma ode aos poderes do leitor , leitura e do livro ao mesmo tempo que proclama o direito dele de circular pelo mundo da leitura; xeretando estantes de bibliotecas e livrarias, lendo e tendo o direito de não querer ler se não for da sua vontade.
Importante as reflexões (na narrativa e não como recurso pedagógico moralizante) que ele levanta sobre a apavorante escolarização da leitura, mas reconhecendo que um professor ou bibliotecário como mediador de leitura são capazes de fazer a diferença na aproximação entre os jovens e os livros, esses objetos fascinantes.
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@livrodegaia 13/05/2021

“O tempo para ler é sempre um tempo roubado”.

Assisti uma live há alguns meses onde um dos participantes citando Daniel Pennac disse que “o tempo para ler é sempre um tempo roubado”. Achei a frase tão genial que na mesma hora fui pesquisar sobre esse tal Daniel e onde poderia encontrar a citação. Foi assim que descobri “Como um romance”, um ensaio sobre a leitura publicado no Brasil em 1993 pela editora Rocco (tradução de Leny Werneck).

Pennac, escritor francês, expõe seu ponto de vista (e vasta experiência como professor) em capítulos curtos, explorando o tema com uma narrativa própria de um romance (daí o título do livro). Ele conta histórias enquanto faz sua análise crítica.

O autor refaz o caminho percorrido pelo leitor, da infância à vida adulta, identificando erros e acertos do seu relacionamento com a literatura.

Na escola aprendemos a ler, mas onde aprendemos a GOSTAR de ler? Se a intimidade com a leitura se perdeu (ou pior, se nunca existiu), como reencontrá-la (ou encontrá-la)? A televisão e a tecnologia são mesmo as grandes responsáveis pela aversão aos livros? Qual o papel dos pais e dos educadores nisso tudo?

O autor começa explicando que “o verbo ler não suporta o imperativo”, ou seja, o que costuma ser imposto não é atrativo. Ele destaca a importância do contador de histórias, de como ler em voz alta, especialmente na tenra idade, é fundamental para estimular a imaginação e despertar a curiosidade.

Ao final, enumera e discute o que chama de DIREITOS IMPRESCINDÍVEIS DO LEITOR:
1- O direito de não ler;
2- O direito de pular páginas;
3- O direito de não terminar um livro;
4- O direito de reler;
5- O direito de ler qualquer coisa;
6- O direito ao bovarismo;
7- O direito de ler em qualquer lugar;
8- O direito de ler uma frase aqui e outra ali;
9- O direito de ler em voz alta;
10- O direito de calar.

Apesar de ter estranhado o estilo da narrativa durante as primeiras páginas, gostei MUITO do ensaio. É o tipo de livro que eu gostaria de sair distribuindo, porque é um hino no que se refere ao incentivo à leitura. É estranho ele não ser amplamente divulgado... Meu exemplar está todo grifado e eu certamente irei panfletar sempre que tiver a oportunidade.

P.S. O livro é um terreno minado. Pennac é mestre em soltar spoilers de clássicos da literatura. Cuidado onde pisa! rsrs
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Mandark 28/04/2021

Escrito para mudar vidas.
"É que o prazer de ler estava bem perto, sequestrado num desses sótãos adolescentes por um medo secreto: o medo (muito, muito antigo) de não compreender. Eles tinham simplesmente esquecido o que era um livro, aquilo que ele tinha a oferecer. Tinham se esquecido, por exemplo, que um romance conta antes de tudo uma história. Não se sabia que um romance deve ser lido como um romance: saciando primeiro nossa ânsia por narrativas."

Um livro transformador. Cometeu, em minha franca opinião, alguns deslizes no final, mas nada que tirasse os méritos dessa obra que carrega tanta beleza. Quem lê Pennac com certeza nunca mais será o mesmo.
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regifreitas 14/06/2020

COMO UM ROMANCE (Comme un roman, 1992), Daniel Pennac; tradução Leny Werneck.

Falando em leitura e formação de leitores, a obra de Pennac já é um clássico na área. Uma verdadeira declaração de amor aos livros e à leitura!

Em um misto de romance e ensaio literário, o autor - aproveitando sua experiência como professor - discorre sobre as atitudes que, voluntária ou involuntariamente, acabam afastando os jovens dos livros, principalmente durante o período escolar. Ele defende, sobretudo, que a leitura deva ser permeada pela liberdade de escolha.

É nesta obra que o autor lança os seus famosos "Direitos imprescritíveis do leitor".
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Toni 19/06/2014

Por uma pedagogia da leitura
Verdade seja dita: a grande maioria dos professores não tem a menor ideia de como enfrentar uma legião de alunos que lhe responde peremptoriamente: não, não gostamos de ler. Alguns podem tentar convencê-los do papel da leitura na ampliação do conhecimento de mundo deles; outros talvez apelem para a necessidade de ler romances para ser aprovado em exames de admissão; um mais ingênuo talvez arrisque dizer que Não gostam porque não conhecem, e aquela parcela pragmática pode ser que resuma, Escreve melhor quem lê mais. Há até mesmo o mais radical de todos, aquele que dirá, Pois lerão, de qualquer maneira, ou ainda, o que é bem pior, De qualquer maneira lerão. E caso haja lido Antonio Candido, é possível que um deles dê início a uma inspirada preleção sobre a importância da narrativa no desenvolvimento do homem e do papel humanizador da literatura na vida em sociedade.

De uma maneira ou de outra, falta-nos aos professores de língua e literatura, uma pedagogia da leitura, um passeio às origens de nosso desejo por histórias e ao derradeiro momento em que perdemos nossos filhos ao encanto da televisão, da internet, e hoje, dos smartphones e tablets. Uma sensibilização que nos faça perceber que o encanto pela leitura, o fascínio pela narrativa, a necessidade de fazer de conta desaparecem na criança a partir do momento em que começamos a exigir-lhes a glosa, o comentário, o sentido do texto, e compreender com essa pedagogia que "os livros não foram escritos para que (...) os jovens os comentem, mas para que, se o coração lhes mandar, eles o leiam". Lembrar que aquele temerário Que-quis-dizer-o-autor, além de não ser o fim da obra em si (afinal, o fim da obra é a própria obra e sua comunicabilidade com o leitor), amiúde rouba à criança e ao adolescente todo o prazer de uma intimidade recém-descoberta entre autor e leitor, precocemente interrompida por um incessante balbucio de datas, nomes e temas impostos pelo programa letivo.

Esse é o ponto de partida do professor e romancista Daniel Pennac ao escrever "Como um romance": que "o verbo ler não suporta imperativos". Nesse sentido, o autor impõe uma só condição para reconciliarmos nossos alunos com a leitura: "não pedir nada em troca. Absolutamente nada. Não erguer uma muralha fortificada de conhecimentos preliminares em torno do livro. Não fazer a menor pergunta. Não passar o menor dever. Não acrescentar uma só palavra aquelas das páginas lidas. Nada de julgamento de valor, nada de explicação de vocabulário, nada de análise de texto, nenhuma indicação biográfica... Proibir-se completamente 'rodear o assunto'". Pennac propõe a leitura-presente – o dar a ler –, uma forma de tratar a curiosidade como a curiosidade deve ser tratada, despertando-a de sua lassidão, combatendo-lhe o sono dos eletrônicos, valorizando o único contexto que nesse momento de encantamento deve ser trabalhado: o de cada leitor, daquela sala de aula cheia de nãos.

Escrito com uma tinta extremamente sensível e irremediavelmente irônica, "Como um romance" é um brilhante ensaio capaz de provocar alunos, professores e pedagogos. Uma leitura tão revigorante que urge periódica revisitação: a bem dizer, um remédio ao desencanto da sala de aula, de uso obrigatório para todos os professores que continuam a sonhar em fazer a diferença.
Débora 25/10/2021minha estante
Uau, que resenha!!!????


Toni 26/10/2021minha estante
Obrigado. =D




Yvanna 19/05/2009

Relação de amor entre o leitor e o livro
O título já nos mostra um trocadilho. A primeira expectativa do leitor é a de que o livro poderia ser construído como um romance (ficção), mas, em seguida, Daniel Pennac aborda a relação do leitor com o livro, com a literatura, que seria como um romance.
A relação desde a infância, com as histórias ouvidas antes de dormir, seguindo em direção a alfabetização, a escola e as leituras obrigatórias, a idade adulta. Como lidar com as leituras obrigatórias, como lidar com as primeiras impressões, com os conceitos antigos já estabelecidos na cabeça dos jovens? Como lidar com a era da imagem, do cinema, das novelas, da televisão, das sensações prontas? Pennac fala de uma maneira descontraída de como isso acontece e de como lidar com isso.
Daniel Pennac é um apaixonado pela literatura, tem uma visão apaixonada, deslumbrada e encantada dos livros. Propõe que o leitor, desde muito pequeno, seja deixado livre, que a leitura seja sempre um presente, para que se cultive, assim, um romance entre ele e o livro.
Delicioso de ler.
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tbbrgs 29/08/2022

Como um romance
Em Como um romance, Daniel Pennac discorre sobre como a paixão pela leitura é algo intrínseco a todo ser humano a partir do momento em que aprendemos a ler. Explica também como essa paixão é perdida ao longo da vida com a obrigação da leitura que as escolas impõem aos jovens e aponta como o professor é a ponte para que esses jovens possam se reconectar e se reconciliar com sua paixão esquecida. Além disso, o autor enumera dez direitos imprescritíveis de todo leitor: o direito de não ler, de pular páginas, de não terminar um livro, de reler, de ler qualquer coisa, ao bovarismo, de ler em qualquer lugar, de ler uma frase aqui e outra ali, de ler em voz alta e de calar. O livro, em suas 167 páginas, tem uma linguagem simples e a leitura flui rapidamente. É muito fácil nos identificarmos ao longo da leitura, pois Pennac descreve muitos tipos de leitores, desde aqueles que fomos quando éramos crianças, quando éramos vorazes e líamos de tudo; aos teimosos adolescentes obrigados pela escola a ler o que não queríamos; até ao leitor finalmente reconciliado com sua paixão, que pode ter muitas facetas, tantas são as facetas do livro. Recomendo a leitura, caso você esteja procurando por algo mais leve e descontraído.
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lauraods1 05/03/2023

Um ensaio sem neuras sobre o hábito da leitura
O livro é um ensaio sobre o hábito da leitura em geral, fala sobre o que tem afastado a leitura das crianças e jovens de uma forma geral: seria a tecnologia (tv, games...) ou na verdade seria o tratamento dado aos livros como o de obrigação nas escolas, impondo a leitura como dever ao invés de prazer.

O autor, Daniel Pennac faz em 167 páginas uma sequência de observações geniais, sinceras e necessárias que desmistificam o hábito da leitura e o livro em si, colocando a leitura no seu lugar de hábito qualquer e acessível, e o livro como objeto simples e inanimado como qualquer outro, que pode e DEVE chegar a todas as pessoas em todos os lugares como precisa ser: sem frescura, elitismo ou moralismo, apenas pela vontade de se abrir um livro e ler quando quiser e como quiser.
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Sabrine Amalia 09/11/2020

...
Quando o livro te permite ser o tipo de leitor que desejas.
Não se limite, não se iluda com suas obrigações leitoras.

Leia...
Ou não.
Se dê esse direito, se dê os demais direitos.
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Shirley.Peixe 08/08/2023

Interessante
Gostei dos pontos de vista do autor, do entendimento sobre o significado da leitura e o resgate da mesma, do desafio da prática diante dos estímulos audiovisuais, e obviamente achei interessante a lista dos "direitos do leitor".
A minha única ressalva são spoilers de alguns livros (comigo não cola essa história de que não há problema em revelar acontecimentos de obras clássicas, porque eu não tenho obrigação, conhecimento, nem tempo de ter consumido tudo).
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Paula 20/09/2013

Para ser lido, relido e compartilhado
Encontrei esse livro por acaso em uma das minhas andanças pelas livrarias. Reconheci o autor, de quem já havia lido um livro muito inspirador sobre ser professor (Diário de Escola, Rocco, 2004), e esse livro aberto na capa me chamou a atenção.

Com base em sua experiência como professor e romancista, Pennac fala de forma poética sobre o mundo mágico da leitura, mundo este que ele ama tanto quanto nós.
Neste ensaio muito sensível, Pennac mostra que muito da magia da leitura se perde quando o livro deixa de ser o objeto de encantamento de nossa infância, quando pedimos aos nossos pais que contem e recontem as histórias de que gostamos, e passa a ser a leitura obrigatória do programa escolar.

Só pelo que lemos nesse livro já dá para sentir que Pennac é desses professores que inspiram e encantam os alunos pela paixão que ele compartilha e demonstra. É lendo para seus alunos adolescentes, que dizem num primeiro momento não gostar de ler, que Pennac os faz perceber que todos os grandes escritores, que eles julgavam incapazes de entender, contam uma história. E que, para entendê-la, é necessário voltar ao despudor da primeira infância, quando queríamos tudo descobrir.

"E se, em vez de exigir a leitura, o professor decidisse de repente partilhar sua própria felicidade de ler?" (página 73)

"Não se força uma curiosidade, desperta-se", e é lendo esses romances de grandes autores como Tolstói, Calvino, Dostoiévski, Gabriel Garcia Márquez, John Fante, entre outros, que ele desperta o desejo de ler nos alunos, que não conseguem esperar até a próxima aula para saber como aquela história continua e correm para as livrarias e bibliotecas para terminar de ler o livro. E um livro leva a outro, e a outro, e a outro... O universo mágico da literatura é reencontrado e eles agora podem continuar a descobrir os seus próprios caminhos entre os livros.

"O homem constrói casas porque está vivo, mas escreve livros porque se sabe mortal. Ele vivem em grupo porque é gregário, mas lê porque se sabe só. Essa leitura é para ele uma companhia que não ocupa o lugar de qualquer outra, mas nenhuma outra companhia saberia substituir. Ela não lhe oferece qualquer explicação definitiva sobre seu destino, mas tece uma trama cerrada de conivências entre a vida e ele. Ínfimas e secretas conivências que falam da paradoxal felicidade de viver, enquanto elas mesmas deixam claro o trágico absurdo da vida. De tal forma que nossas razões para ler são tão estranhas quanto nossas razões para viver. E a ninguém é dado o poder para pedir contas dessa intimidade." (página 150)

Achei esse livro apaixonante quando o li pela primeira vez em 2009, e hoje relendo-o pela terceira vez, ele se faz ainda muito atual e acredito que sempre será. Os direitos do leitor, que ele lista no livro, foram libertadores para mim, principalmente o direito de não terminar o livro (porque sempre me sentia culpada quando a leitura não fluía e eu não queria abandonar o livro na metade) e o direito de calar, que é libertador no sentido de que não devemos explicações sobre o que lemos para ninguém. Gostaria de ter lido esse livro mais cedo, ainda na escola, e gostaria que todos os professores tivessem que ler esse ensaio para que a abordagem em sala de aula fosse diferente. Para que a literatura não ficasse sendo uma coisa chata e obrigatória para muita gente que não teve a sorte de ter um professor que os inspirasse.

E, a propósito dessa releitura hoje, entre os direitos do leitor, Pennac lista o direito de reler:

"Reler o que me tinha uma primeira vez rejeitado, reler sem pular, reler sob um outro ângulo, reler para verificar, sim ... nós nos concedemos todos esses direitos.
Mas relemos sobretudo gratuitamente, pelo prazer da repetição, a alegria dos reencontros, para pôr a prova a intimidade.
"Mais", "mais", dizia a criança que fomos...
Nossas releituras adultas têm muito desse desejo: nos encantar com a sensação de permanência e as encontrarmos, a cada vez, sempre rica em novos encantamentos." (página 137)

Um livro para ser lido, relido e compartilhado.

Daniel Pennac. Como um romance. Porto Alegre: L± Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2013/09/como-um-romance_19.html
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João Henrick 23/03/2010

O tempo da leitura é um tempo roubado!
Escrevendo de maneira simples, Daniel Pennac fala do prazer da leitura, onde faz citações de obras que leu durante a sua vida. Ele também expõe as leis da leitura, em que uma delas é o respeito ao leitor que deve ler aquilo que deseja. Daniel Pennac diz nesta obra que o tempo da leitura é um tempo roubado. Concordo com o seu pensamento, pois nesta vida que temos com tantas tarefas pendentes e a quantidade sempre crescente de atividades para serem cumpridas a todo instante, reservar um tempo para ler um bom livro com prazer é algo que poucos conseguem. Indico este livro para leitores iniciantes, avançados, pessoas que trabalham com a leitura como professores, bibliotecários e contadores de histórias, pois as palavras que o Daniel dedica ao hábito de ler são mágicas.
Suellen 23/02/2011minha estante
Eu li esse livro em uma disciplina da Educação na Unb chamada Leitura e educação.
Muito ótima disciplina por sinal!




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