spoiler visualizarJoao.Trevisan 17/07/2023
Dá pra entender o motivo de ser um clássico.
Além do enredo apresentado no livro, VH nos presenteou com praticamente uma ode à cidade de Paris, e acima de tudo à Catedral, apesar de alguns capítulos que demonstram isso serem totalmente enfadonhos.
O cenário é descrito de um modo que o leitor se sente transportado para as páginas dos livros, e faz com que ele se sinta uma personagem suja, daquela suja cidade da idade média. O narrador não poupa esforços para nos fazer entender toda a podridão da Paris da época, os conchavos, as tramas. Também não tem pudores ao descrever de modo pouco elogioso o personagem titulo.
Me incomoda que a Esmeralda seja tão bobinha, coitada, e ler tudo o que ela passou trás tristeza, e ao mesmo tempo me fez pensar que ela merecia algumas das coisas que passava. Toda a história da sua mãe, meu deus, aquilo foi chocante de ler.
VH fez parte do movimento modernista, mas a crueza com que eram retratadas algumas passagens me fez pensar que estava lendo algum livro do realismo, algumas passagens são realmente chocantes, não só pela forma como são narradas, mas também pelos eventos que o são. VH não teve medo de chocar a sociedade, e fazer isso em uma obra onde ele aponta para toda a descaracterização que a cidade e seus monumentos vem sofrendo, faz perceber o quanto essa perda da identidade é também algo que pode chocar e que deve ser repensado.
O final do livro é triste, e uma pá de cal em qualquer esperança, e nos deixa uma imagem de melancolia, de tristeza, de amor.