Fernanda631 15/11/2022
O Corcunda de Notre-Dame
O Corcunda de Notre-Dame foi publicada por Victor Hugo em março de 1831. Considerado o maior romance histórico do autor.
Se você é fã da Disney, provavelmente já assistiu à animação O Corcunda de Notre-Dame. Mas a história de Esmeralda, Phoebus, Frollo e Quasímodo é inspirada no livro homônimo de Victor Hugo, e já devo lhe informar que a história do filme e do livro são muito diferentes, já lhe deixo informado. Embora algumas cenas sejam bastante parecidas, é claro que o livro é bem mais complexo e intenso.
Por causa da animação da Disney, muitos leitores começam esperando uma narrativa cheia de encantos e belas histórias. No entanto, engana-se quem espera que esta seja uma história feliz, e espere que o autor vá cutucar algumas feridas e causar algumas reflexões. Seus mais profundos sentimentos virão, com certeza, à tona.
A história tem como centro a tragédia do corcunda Quasímodo e da cigana Esmeralda. O desfecho se dá na grandiosa catedral com arquitetura gótica e, também, nas construções de Paris. A história é admirável e ao mesmo tempo triste, com amores platônicos e até impossíveis de seus personagens. O enredo da narrativa da obra se dá diante da paixão arrebatadora do Arquidiácono Claude Frollo pela cigana Esmeralda. Um sentimento patológico disposto a qualquer tipo de insanidade, inclusive infringir leis e cometer crimes.
Tendo como cenário principal a Catedral de Notre-Dame, a obra contribuiu para uma maior valorização do local, assim como da arquitetura gótica e dos monumentos do período do Pré-Renascimento.
O início traz o carnaval na cidade de Paris e as distrações do povo nas ruas. Inúmeros personagens são apresentados, como o arquidiácono, os mendigos, guardas, bispos, estudantes, comerciantes, poetas, políticos da França e da Áustria, os flamengos, os ciganos, os beatos e etc. A descrição da cidade é quase uma obra arquitetônica, construída aos poucos, bem como a própria catedral de Notre-Dame. É como se Victor Hugo esculpisse cada cantinho da cidade.
Passada em Paris, durante a época medieval, a narrativa tem lugar na Catedral de Notre-Dame, a principal igreja da cidade durante o período. É lá que Quasímodo, uma criança que nasceu com deformações no rosto e no corpo, é abandonado pela família. Quasímodo é um homem cuja imagem foge dos padrões e assusta as pessoas da época. Vive preso na catedral, já que é atacado e desprezado pelos outros e visto como uma ameaça. Pelo contrário, se revela um homem gentil e bondoso, disposto a virar herói para salvar a mulher que ama.
O personagem cresce se escondendo do mundo, que o maltrata e rejeita, e se torna sineiro da catedral, a mando do arcebispo Claudde Frollo. Na época, a capital parisiense estava repleta de cidadãos em situações extremamente precárias, muitos dormiam nas ruas e pediam dinheiro para sobreviver.
O local não possuía nenhuma força policial, sendo apenas patrulhado por alguns guardas do Rei e membros da nobreza que encaravam os mais desfavorecidos com desconfiança, como um perigo social.
Entre a camada da população que era discriminada, estava Esmeralda, uma mulher cigana que ganhava a vida dançando em frente da igreja. Frollo vê Esmeralda como uma tentação para a sua carreira eclesiástica e ordena que Quasímodo a sequestre.
O sineiro acaba se apaixonando pela moça, que é resgatada por Phoebus, agente da guarda real que ela passa a amar.
Se sentindo rejeitado, Frollo mata o seu rival e incrimina a bailarina, que é acusada de assassinato. Quasímodo consegue levá-la para dentro da igreja, onde estaria segura devido à existência de uma lei de abrigo. No entanto, quando seus amigos decidem invadir o edifício e leva-la embora, Esmeralda é capturada novamente.
Quasímodo chega tarde demais e assiste à execução pública de Esmeralda no topo da catedral, com Frollo. Furioso, o sineiro joga o arcebispo do telhado e nunca mais é visto na região. Muitos anos depois, o seu corpo é encontrado no túmulo da amada.
O livro possui páginas densas, com inúmeras descrições de ruas, janelas, vitrais, colunas, rios, alamedas, casas, igrejas e tudo o que você puder imaginar. O autor explica como as construções foram criadas, quem foram seus idealizadores, os políticos que as modificaram, quais foram as principais transformações causadas pelo tempo e pelo homem.
É perceptível que O Corcunda de Notre-Dame não é apenas uma história: Victor Hugo empresta a literatura para fazer um ode à arte gótica e medieval. Utiliza os personagens e a cidade de Paris para revelar seu ponto de vista sobre as más decisões políticas e discutir questões sociais.
Victor Hugo teve o talento e a perspicácia na composição desse romance. Na obra “O Corcunda de Notre-Dame” ele reuniu heróis e vilões como já é esperado em uma obra, mas também colocou ciganos e nobres, religiosos e vagabundos, padres e leigos de maneira que tudo estava interligado. Com isso Victor Hugo faz os leitores passarem por variadas emoções que vão do grotesco ao maravilhoso, do profano ao sagrado, da ansiedade à comoção.
A obra do autor tem um valor que transcende os anos em que foi escrita e segue encantando muitas pessoas. A força das imagens ao longo dos capítulos nos traz com toda intensidade sensações similares às dos personagens fazendo com que fiquemos cada vez mais imersos na narrativa, não só por sua beleza, mas pela força que têm.