JanaAna90 12/03/2023
O descortinar da verdade
Começo dizendo que, para quem nunca leu o Corcunda, esse não é um livro infantil, a Disney me enganou quanto a isso e pode ter te enganado também; é um livro para adultos, denso, forte e que mexe com nossas convicções, preconceitos.
Um livro ambientado na idade média e como tal nos traz alguns dos horrores e belezas vividos nesse período.
Todo o livro descreve uma Paris, que para mim foi totalmente estranha, mágica, trágica, medonha, enfim vários sentimentos contraditórios despertados.
A história, e isso foi uma surpresa, não fala somente sobre Quasímodo(O Corcunda de Notre Dame), conta a história de Esmeralda (A Bela), de Gringoire (um escritor, filosofo, poeta, arruinado), de Claude Frollo (esse odiei desde o inicio), Phoebus (outro que tive raiva, cara fútil e imbecil) e tantos outros que têm suas histórias entrelaçadas com o grande herói Quasímodo.
Neste livro Victor Hugo no inicio nos conta a história de forma bem humorada e divertida, acredito para nos levar ao céu, do riso, da graça e da diversão. Porém, como a vida não é só feita de riso, v tem também as desgraças e essa vem com toda força e fúria, nos tira o chão, nos faz odiar a humanidade, nos faz repensar sobre nossa própria humanidade.
É a partir de Paris que o autor nos lembra de acontecimentos da Idade Média que mancharam a história da humanidade do qual temos que nos lembrar e nos envergonhar, como julgamentos armados e mentirosos contra mulheres, o quanto a justiça está mais comprometida em acusar do que descobrir a verdade, a pena de morte, o descaso com as vidas e a negação de direitos iguais e humanitários; em alguns momentos me lamentei ainda estamos vivendo assim, só que com uma outra roupagem.
O que Victor Hugo faz aqui nesse livro é fantástico e surpreendente, tem as divagações desnecessárias, tem (para mim), mas não diminui a grandiosidade dessa obra, que é um clássico maravilhoso.
Não poderia deixar de comentar o quanto a humanidade com seus preconceitos pode destruir a vida de uma pessoa e mudar completamente de uma alma pura e linda em uma alma agressiva, solitária e doente. Em pensar que a rejeição do diferente ainda perdura até nossos dias é cruel. Só lendo para entender a dimensão do que digo.
O final é algo tão forte, emocionante e contado de uma forma que me senti fazendo parte da história como testemunha presente nos locais em que os fatos estavam acontecendo. E a medida que os fatos foram se desenrolando no final, ficava eu aqui gritando milhões de NÃO, como se tudo aquilo fosse demais pra pessoa e pra mim ler aquilo tudo. Porque a história parecia surreal e tão real que me desnorteava.
Victor Hugo, destruiu minha imagem do Corcunda de Notre Dame e substituiu por um Quasímodo, Esmeralda, Claude, Gringoire, Phoebus, Gudule que ficaram eternizados em meu coração como favorito e que buscarei revisitar algum dia.