Ariel

Ariel Sylvia Plath




Resenhas - Ariel


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Bruna Jéssika 04/10/2020

Resquícios da redoma de vidro
Li Ariel em paralelo com A redoma de vidro, o que para mim deu um significado mais intenso, por vezes mais amargo. Os meus poemas favoritos da obra são "Daddy" , "Lady Lazarus" e "Medusa".
Tudo que circunda Ariel é intenso e doloroso.
O prefácio para essa edição escrito por Frieda Hughes me fez chorar do início ao fim.
"Eu não queria que a morte da minha mãe fosse comemorada como um prêmio."
Que Sylvia seja lembrada não por sua trágica morte, mas por sua vida e por sua exultante obra que carrega em si um significado vivo e pulsante.
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yomaeli 17/08/2020

"Sou habitada por um grito
Toda noite ele voa
À procura, com suas garras, de algo para amar"

Ariel tem uma marca muito específica na arte de Plath, visto que foi produzido e organizado por ela pouco tempo antes de se suicidar. Uma obra preparada e com todas as coordenadas de página e ordem para sua publicação. Porém, o marido de Plath acabou fazendo mudanças, tirando de Ariel seu nascimento como a autora previra. Apesar dessa manipulação inadequada de suas criações, ainda vemos aqui muita mágoa, dor e solidão.

Confesso que o que mais gostei do livro foi o prefácio, no qual podemos saber sobre a Sylvia, suas dificuldades, a irritação de sua filha com a espetacularização de sua morte, o adultério de seu marido e a história também trágica da amante. Conhecemos não só a artista, mas a mulher por trás da poesia. No entanto, pelo menos aqui, sua arte não me tocou inteiramente.

Uma história de vida interessante, com algumas poesias bem problemáticas em suas essências (vide as que falam sobre judias), coisa que percebi que muitos leitores preferem não ver, mas acredito que toda obra merece ter uma análise mais profunda partindo do contexto social de quando se lê. O jeito, agora, é descobrir se Plath me prende com sua prosa.
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Gabrielle Cabo 31/07/2020

Sensível e íntimo
Eu conheci as obras da Sylvia por meio do famoso trecho sobre a figueira, presente em A redoma de vidro, o único romance publicado pela autora, e a minha experiência foi intensa e extremamente dolorosa. Em Ariel, eu senti as mesmas sensações do início ao fim. Sylvia tem uma tremenda sensibilidade com as palavras, e deixa incrédula qualquer pessoa interessada em poesia.

Nessa coletânea de 40 poemas, Sylvia descreve desde atos corriqueiros até traumas familiares, maternidade, suicídio e problemas de um casamento, todos majestosamente pensados, criando uma obra completa e repleta de significados. Com eles, é possível adentrar um pouco a mente de uma mulher complexa, longe de ser considerada perfeita, que passa por diversos problemas psicológicos e coloca em palavras todas as suas angústias, satisfações e melancolia.

Alguns poemas são de difícil entendimento, porém a edição da editora Verus conta com um material de apoio muito bem trabalhado que serve de ótima contextualização para a leitura. Dentre os meus poemas favoritos, estão "40 graus de febre", "Corte", "Lesbos", "Papai" e "Rival". Considero a obra essencial para os interessados na Sylvia Plath.
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Mila 28/07/2020

A obra mais íntima que já li
Se a lua sorrisse, pareceria com você.
Você também deixa a impressão
De algo lindo, mas aniquilante.
Laiza 18/10/2023minha estante
Você teria o pdf dele?




mari 15/07/2020

Decidi ler este livro de poemas porque me identifiquei de certa forma com ''A redoma de vidro'', da mesma autora. Muitas das características desse romance estão presentes nos poemas de Sylvia - como a melancolia, a depressão e fragmentos de sua própria vida.
Porém, o que eu não esperava era o antissemitismo escancarado na maioria de seus poemas. Eu fiquei realmente muito desconfortável lendo. Todo o preconceito da autora é refletido de forma explicita na maioria do seu trabalho. E, como se o antissemitismo não fosse suficiente, há também muito racismo nos poemas. Eu não me importo que o conteúdo escrito era ''comum na época'', continua sendo extremamente nojento (pelos deuses, por que eu nunca vi ninguém falar sobre isso? Ela é uma autora tão aclamada!)
No romance ''A redoma de vidro'', há também algumas passagens racistas que eu considerei como um problema mas levei em conta a época porque esse romance havia falado comigo de certa forma e virado uma hiperfixação, enfim... Eu não imaginava que a autora fosse TÃO podre assim. Em Ariel ela usa a 'n word' (hm, foda-se que na década de 60 era comum. Foda-se que as pessoas brancas tornaram uma palavra tão ofensiva algo “normal”. Por mais que tentem justificar, continua sendo absurdamente repugnante e não deveria ser aceito em época alguma), além disso, ela muitas vezes se compara com uma judia (?) de uma forma tão ofensiva que eu só conseguia revirar os olhos.
Eu realmente queria ter gostado desse livro, de verdade, mas não dá pra ignorar coisas tão podres como essas. Há poemas que eu realmente gostei aqui, a leitura estava sendo 5 estrelas até eu me deparar com esses absurdos. Se não fosse por isso, eu teria gostado muito, mas não dá para separar o autor da obra quando a obra possui os traços preconceituosos do próprio autor.
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Lena 22/05/2020

Ariel é uma daquelas obras que é necessário sempre se fazer uma revisita. A cada leitura, um significado e uma descoberta diferentes. Cada vez mais se aprofundando na carne de Sylvia Plath e mergulhando no seu enxame.
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Amanda Thais 05/03/2020

Nunca tinha lido Sylvia Plath, será que comecei bem?

Foi interessante saber um pouco da história desse livro polêmico, não é um livro fácil de ser lido e interpretado.
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Stefânea 09/02/2020

Prefiro o romance
"Se a lua sorrisse, pareceria com você. Você também deixa a impressão de algo lindo, mas aniquilante. Ambos são bons em roubar luz alheia."

São bons poemas, mas não me identifiquei. A maioria deles eu nem entendi totalmente. Vi muito de "A redoma de vidro" em partes dos poemas. Acho que a prosa da autora é muito mais para outros, enquanto os poemas são mais intimistas e profundos. Não gostei muito...
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Giovanna Lu 06/02/2020

A tocante poesia de Sylvia Plath
Esse foi meu primeiro contato com a autora e optei por sua poesia ao invés de me jogar de cabeça em "A redoma de vidro". Tinha muitas expectativas e elas não foram desapontadas; na verdade, a obra era exatamente o que eu imaginava.
As poesias são bastante cruas e tocantes, com temas sensíveis (que podem levar pessoas fragilizadas a espaços ruins mentalmente) que retratam a vida e sofrimentos da autora.
Li a versão em inglês e depois a tradução para o português, uma vez que a poesia é um território muito difícil de levar para outros idiomas; obviamente tive mais facilidade em minha própria língua, mas a versão em inglês é inegavelmente mais pura; certos fragmentos são impossíveis de traduzir com total fidelidade.
É um ótimo livro, realmente ótimo; traz poesias muito bem realizadas, e fez com que meu ânimo para conhecer outras obras da autora aumentasse ainda mais.
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Retalhos e Prefácios 30/07/2019

O legado de Sylvia
Não é segredo que sou apaixonada por Sylvia Plath. Além de já ter falado sobre ela algumas vezes aqui, minha foto de perfil nesta rede social é, justamente, em posse de seu único romance (também já resenhado por aqui). Apesar de eu considerar "A Redoma de Vidro" uma obra incrível e me sentir imensamente próxima dela, é indiscutível que "Ariel" é o melhor trabalho da escritora.

Se no Romance temos personagem e autora se confundindo perfeitamente na trama todo o tempo, em Ariel temos a poeta totalmente entregue, nos entregando um trabalho extremamente visceral.

Sylvia deixou o manuscrito de Ariel completamente organizado em cima de uma escrivaninha antes de cometer suicídio. No entanto, seu ex-marido, o também escritor Ted Hughes, o publicou 2 anos depois com alterações: retirou poemas que considerou "ofensivos", acrescentou outros... Ted alterou a ordem dos poemas e deu novo sentido narrativo ao que Sylvia havia deixado.
E então, 41 anos após esta primeira publicação, Frieda, filha de Sylvia e Hughes, leva uma nova edição de Ariel às prateleiras, exatamente como sua mãe gostaria que fosse.

Com um prefácio muito esclarecedor da própria Frieda e apresentação de Rodrigo Garcia Lopes, esta edição bilíngue e fac-similar honra a memória da poeta!

"Se a lua sorrisse, pareceria com você.
Você também deixa a impressão
De algo lindo, mas aniquilante.
Ambos são bons em roubar luz alheia.
A boca da lua se lamenta ao mundo; a sua é insensível,

e seu maior dom é fazer tudo virar pedra.
(...)"
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Mariana Dal Chico 07/06/2019

“Ariel” de Sylvia Plath me acompanhou no projeto #cafécompoesia durante alguns meses. Minha edição é bilíngue, com fac-símiles dos originais, publicada pela editora verus e conta com apresentação de Rodrigo Garcia Lopes e prefácio de Frieda Hughes.
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O manuscrito de Ariel foi deixado completo e organizado por Sylvia pouco antes de seu suicídio, mas ele foi publicado dois anos depois com um arranjo diferente, onde Ted Hughes eliminou alguns poemas por os achar ofensivo e acrescentou outros que não faziam parte do original.

Na apresentação do livro, Rodrigo chama atenção para a forma como Ted mudou a ordem dos poemas dando um novo sentido narrativo, enfatizando que o suicídio teria sido inevitável, quando na verdade o último poema escolhido por Plath tem um tom mais esperançoso que o escolhido por Hughes.

41 anos após a primeira publicação, Frieda - filha de Plath e Hughes -, tomou a iniciativa de publicar Ariel exatamente da forma como sua mãe gostaria de que ele tivesse sido conhecido pelo público.
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Os poemas não são fáceis de ler conter uma carga emocional pesada, temas como morte, doença, ferimento, loucura, tortura, mas por outro lado, também falam da vida, maternidade, e exploram a mulher que está em conflito com a pressão da sociedade que quer encaixa-la dentro de um molde de família tradicional, com sua profissão e com sua verdadeira personalidade.
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Alguns poemas me acertaram em cheio como “Lady Lazarus”, “Corte” (onde a autora usa uma imagem que todo leitor conhece e faz com que ele sinta sua dor e aflição naquele momento), “Olma” (Tenho medo desta coisa escura/Que dorme em mim;/O dia todo sinto seu roçar suave e macio, sua maldade), “Praia de Berck” (depois da leitura desse poema precisei de uns dias para respirar antes de voltar à leitura), “Um presente de aniversário”, “Papai” (meu preferido, já perdi a conta de quantas vezes o reli e ele não perdeu sua potência e capacidade de me atingir a cada nova leitura) e “A chegada da caixa de abelhas”
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Foi uma leitura visceral, que marcou minha alma e fecho o livro com a certeza de que nunca terminarei de lê-lo, há muito a ser explorado e a vontade de revisitar meus poemas preferidos apenas cresce.

Ariel entra para lista de livros da vida e deixo aqui um aviso, se você é um leitor sem base literária teórica, não fique acanhado diante de uma obra tão celebrada quanto essa, comece a leitura de coração aberto e preocupe-se apenas com o seu sentir.

Instagram @maridalchico

site: https://www.instagram.com/p/BybHOCOgcc0/
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Annie - @queriaseralice 06/05/2019

Plath maravilhosa
“Se a lua sorrisse, pareceria com você.
Você também deixa a impressão
De algo lindo, mas aniquilante.
Ambos são bons em roubar luz alheia.
A boca da lua se lamenta ao mundo; a sua é insensível,⠀

E seu maior dom é fazer tudo virar pedra. (...)”⠀

Meu primeiro contato com a escrita da poeta Sylvia Plath foi através de seu romance semi-autobiográfico, A redoma de vidro. A forma como ela escreve sobre si de maneira indireta é um tanto intensa e, especialmente em tal livro, pulsante.⠀

Sua história de vida é repleta de altos e baixos. Momentos felizes e lindos, mas também momentos tristes e dolorosos.⠀

Sylvia cometeu suicídio em 1963, aos 30 anos, logo após o primeiro mês de publicação de A redoma de vidro. Mas antes disso escreveu milhares de textos, relatos em diários e poesias, muitas poesias.⠀

Em Ariel, publicado em 1965, é possível conhecer um pouquinho mais sobre a autora, já que ela escreve um gênero específico de poesia – a nomeada poesia confessional.⠀

Diversos versos causam espanto pelos assuntos abordados, entre eles a morte de seu pai e a infidelidade conjugal.⠀

É possível ler e absorver ainda, mas apenas nas entrelinhas, um pouco de seu sofrimento psíquico – carregado de melancolia, tristeza e solidão.⠀

Ariel não é um livro fácil de ser lido e interpretado, mas como todas as obras dela, merece muito reconhecimento. Recomendo demais! Principalmente aos amantes do gênero.⠀ 💙

site: https://www.instagram.com/p/BvNT_VVDm4B/
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Cheiro de Livro 14/09/2018

Ariel
“A notoriedade de Ariel advinha de ter sido o manuscrito deixado sobre sua escrivaninha quando ela morreu, em vez de ser simplesmente um manuscrito extraordinário” destaca Frieda Hughes, filha de Sylvia Plath, em sua introdução à edição restaurada de Ariel, publicada originalmente em 2004 e traduzida no Brasil por Rodrigo Garcia Lopes e Cristina Macedo para a editora Verus. Considerando toda a construção mítica que se fez ao redor de Plath e sua morte, não se pode dizer que Hughes esteja errada.
A coletânea de poemas Ariel foi publicada pela primeira vez em 1965, dois anos após o suicídio de Plath. Ela estava se separando do marido, o também poeta Ted Hughes, depois de descobrir um caso extraconjugal dele. Em seus poemas, ela traz a público diversas questões pessoais, como os problemas de seu casamento, sua constante luta contra o transtorno mental, seu ressentimento por Hughes e sua dificuldade em superar a morte prematura do pai. Após sua morte, foi alçada à categoria de ícone feminista, cujo brilhantismo foi aniquilado antes do tempo pela opressão patriarcal. Hughes, tido pelo público como seu algoz, foi publicamente criticado e midiaticamente perseguido pelos admiradores da autora até a morte deste. Na lápide da poeta, consta o nome “Sylvia Plath Hughes” porém não é incomum encontrar seu sobrenome de casada riscado.

O manuscrito contendo quarenta poemas cuidadosamente organizados foi encontrado em uma pasta preta sobre a escrivaninha da poeta no dia em que morreu. Ariel estava pronto para publicação, porém Hughes modificou consideravelmente a organização da coletânea, excluindo 13 poemas que considerou particularmente agressivos ou ofensivos para pessoas que ainda estavam vivas, e incluindo outros no lugar.

Na sequência de Hughes, os poemas de Ariel são marcados por um desgaste passional, por uma energia vital consumida no processo criativo levando à auto-aniquilação. Há um tom de resignação, sugerindo a inevitabilidade do suicídio de Plath, e um excessivo enfoque no término do relacionamento. A organização original da poeta, no entanto, lida com uma série de outras questões e sentimentos além da crise em seu casamento, trazendo uma mensagem de renovação e recomeço: inicia com a palavra “amor” no poema “Canção da manhã” e finaliza com “primavera” em “Hibernando”. A própria Plath declarou em entrevista à BBC que imaginava Ariel como um sintoma de seu renascimento.

Plath estava plenamente consciente da qualidade excepcional do que estava produzindo no que seriam seus últimos anos. Mesmo antes do fim de seu casamento, sua poesia já adquiria a voz potente carregada de urgência que marcaria os poemas de Ariel. Nesta coletânea estão alguns de seus trabalhos mais extraordinários, como o poema título que descreve o ritmo acelerado e a experiência quase transcendental de uma cavalgada montando a égua Ariel, a “leoa de Deus”. Ou o brutal “Papai” em que o eu lírico disseca seus conflitos mal-resolvidos com a figura paterna/masculina. Ou o quase profético Lady Lazarus, que parece descrever com perfeição o destino póstumo da própria poeta: uma mulher que renasce após a morte num espetáculo público, saída das cinzas e devorando homens como ar.

Nesta edição restaurada e bilíngue vemos pela primeira vez a coletânea Ariel tal qual foi idealizada por sua autora. A edição traz também o fac-símile do manuscrito original, que permitem acompanhar o processo criativo de Plath. Traduzir poemas não é tarefa fácil e inevitavelmente o ritmo, as rimas, aliterações e jogos de palavra muitas vezes se perdem. Mas Rodrigo Garcia Lopes e Cristina Macedo fazem um trabalho excepcional mantendo a essência da poesia de Plath e transmitindo com maestria o turbilhão de emoções que transborda de cada verso.

site: http://cheirodelivro.com/ariel-sylvia-plath/
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@retratodaleitora 29/08/2018

Arrasador
Vamos iniciar esse texto com uma frase famosa do escritor Ernest Hemingway (1899-1961) sobre a escrita: “There is nothing to writing. All you do is sit down at a typewriter and bleed.” Tudo o que lhe resta fazer, quando você senta frente a uma máquina de escrever, é sangrar. E Sylvia Plath sangra em sua escrita; sangra porque não há nada em seus textos que não carregue nem que seja um pouco de tristeza, desalento, enfermidade e tragédia, tudo o que a levou a última decisão que tomaria, e pela qual se tornaria conhecida, mais ainda que pelos seus melancólicos escritos: seu suicídio aos 30 anos de idade.

A relação conturbada com o marido infiel, o aborto que sofreu (e que é um tema recorrente em vários de seus poemas), a depressão, os conflitos na família, a morte do pai... Como não sangrar no papel todo tormento pelo qual passou? Sylvia escreveria também, em um de seus diários “let me live, love, and say it well in good sentences”. Não há dúvidas, conhecendo um pouco de sua biografia, de que ela viveu intensamente; não deveria ser uma surpresa, então, encontrar em sua poesia essa intensidade, essa vivacidade e essa inquietude presente em todos os poemas que compõem "Ariel".

Desejei esse livro por muito tempo! O título ficou um bom tempo esgotado e só agora, com uma nova edição da Verus Editora, finalmente tive a oportunidade de realizar a leitura, e da melhor forma possível quando o assunto é uma coleção de poemas: em edição bilíngue, com o texto original de um lado e a tradução (de Rodrigo Garcia Lopes e Cristina Macedo) no outro. Sempre que encontro um poema cujo texto original é em outra língua, faço uma pesquisa e questão de ler as duas versões, mesmo que não entenda aquele idioma. A forma, a cadência... Muito é perdido na tradução de poemas, como bem sabemos. Acabamos lendo a interpretação dos tradutores sobre aquele texto. E isso torna a leitura menos válida? A resposta é não, não torna a leitura menos válida, de forma alguma. É preciso entender que a tradução e a revisão de um livro, independente do gênero, enfrenta certas dificuldades, e que o poema, por possuir a forma de versos e harmonia que manifestam sentimentos e tendem a emocionar o leitor, muitas vezes não só pelas palavras, mas a forma como foram derramadas naqueles versos, o som da união entre uma e outra... é uma dificuldade ainda maior. Eu, pessoalmente, prefiro quando a tradução se mantém o mais fiel possível ao texto original, quando é possível mantendo o ritmo etc, e os tradutores de Ariel fizeram um trabalho realmente muito bom.

Não há nada como a leitura de um bom poema em certos momentos da vida.


"Ariel" teve um começo difícil, sendo publicado por Ted Hughes com algumas alterações do manuscrito original deixado por Plath em cima de sua escrivaninha no dia de sua morte, na ordem que ela queria que fosse publicada. Muitos poemas ficaram de fora dessa primeira publicação; poemas que falam da infidelidade de Ted, sobre alguns amigos e sua família e que Hughes, para "se preservar", colocou-os de lado até que, depois de sua morte, os direitos sobre as obras de Plath passaram para sua filha, Frieda Hughes, que estava mais do que disposta a reunir novamente os textos de sua mãe da forma como a mesma tinha desejado antes, respeitando a ordem dos poemas e a vontade de Sylvia.

Um dos poemas excluídos por Ted da coleção foi Mulher estéril (Barren Woman), entre muitos outros. Com a apresentação intitulada O Caso Ariel, escrita pelo Rodrigo Garcia Lopes e o prefácio de Frieda Hughes, é possível compreender mais a fundo a importância dessa publicação e, mais além, a recuperação de um documento que teve tantas alterações ao longo do tempo e que por muitos anos foi contra o que a própria escritora queria. Mesmo após sua morte, Sylvia foi calada; teve seus gritos de vingança e dor abafados em uma gaveta fechada por muito tempo. Essa leitura, tanto dos textos de apoio quanto dos poemas em si, são essenciais para um entendimento maior dessa personalidade arrasadora que foi a Sylvia Plath.

Esse é um livro muito bonito, com fac-símile dos escritos originais e, no final, a presença de diversos rascunhos do poema-título, Ariel, em diversas fases de sua "preparação" para o que conhecemos hoje.

Leitura recomendadíssima!

(Post completo com fotos da edição no link abaixo)

site: http://umaleitoravoraz.blogspot.com/2018/08/resenha-ariel-de-sylvia-plath.html
Sun's daughter 29/08/2018minha estante
Depois dessa resenha, vou ter que ler com certeza! Obrigado.


@retratodaleitora 30/08/2018minha estante
Espero que goste da leitura!!! ^^




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