spoiler visualizarLara MTS 28/01/2024
Sobre Persuasão, da Jane Austen
Este livro é, às palavras do Frederick, "meio agonia, meio esperança".
A decisão de criar uma narrativa, que parece muitas vezes volátil, em torno de uma protagonista tão sóbria, tão terna, tão dotada de lucidez e desprovida de atitudes maiores é, sem dúvida, um desafio.
Anne Elliot é o motivo pelo qual você vai gostar ou não de Persuasão. Para mim, foi uma experiência cheia de dualidade; ter uma personagem como a Anne, tão centrada e tão ressignada, é, em partes, um alívio, uma representação e um deleite; mas é também uma agonia lenta, um sofrimento contido na espera de que algo venha a acontecer, de que algo parta dela - mesmo sabendo que, diante da sobriedade e veracidade da personagem e do enredo, ela está fazendo tudo que lhe cabe.
Anne Elliot e Frederick Wentworth são personagens muito reais. Acho que por isso o livro pode ser meio indigesto, às vezes você deseja que tudo aconteça com mais ardor, você teme que eles sejam afastados um do outro, você teme que as imposições e convenções sejam maiores que essa chama que há entre os dois - tão viva, mas tão abafada.
Além disso, quando, ao final do livro, eles podem, finalmente, falar com sinceridade um ao outro... é simplesmente lindo. Faz pensar como seria se fossem maduros assim há oito anos e meio, e também faz entender que nunca seriam maduros assim se as decisões fossem diferentes há oito anos e meio.
Foi, para mim, um bom livro e uma boa introdução à Jane Austen, na dose certa de sobriedade, acidez, sofrimento, paixão e reflexão.