Zelinha.Rossi 25/07/2017
A excelência da obra “O físico” se encontra principalmente no que ela nos apresenta a respeito dos aspectos socioculturais e religiosos do Oriente e Ocidente durante a Idade Média. Pela segunda vez me deparo com uma obra a respeito da época. O primeiro contato foi em “História do Rei Transparente” mas, naquela obra, me deparei com uma época de apogeu das artes, da ciência e da literatura, enquanto que nesta tive contato com o obscurantismo de um tempo devido às limitações impostas pelas diversas religiões a um maior avanço principalmente no âmbito da ciência, mais especificamente no da medicina (tema central do livro), como a proibição da dissecação dos corpos, que tanto engessou o desenvolvimento do tratamento dos doentes por impedir aos médicos um melhor conhecimento sobre o corpo humano.
É muito interessante acompanhar a trajetória de Robert Cole em busca da melhoria de seus tratamentos, perceber os conhecimentos rudimentares da época e os primeiros contatos com doenças que, embora bastante conhecidas atualmente, na época eram um mistério quanto à forma de contágio e tratamento, e verificar o grande contraste entre Oriente e Ocidente no que se refere às escolas para formação de médicos e aos hospitais, ambos muito mais desenvolvidos no primeiro e muitas vezes inexistentes no segundo. Melhor ainda é segui-lo em viagem atravessando a Europa e a Pérsia e chegando até a Índia, não só pela percepção das modificações das paisagens como também pelos contrastes entre os costumes. Também foi uma grande experiência conhecer melhor sobre as crenças e as constantes rivalidades entre o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Por tudo isso, a obra vale muito a pena.
O único ponto negativo, para mim, foi o romance um tanto quanto folhetinesco entre Rob e Mary (e na própria saga de Rob), onde tudo sempre se encaixava com perfeição, como um quebra-cabeças. Mas, essa crítica pode ser pura chatice minha e não deve de forma alguma atrapalhar os pontos altos da obra.