mariannBR 07/09/2011
Livro Ruim, Conteúdo Bom
"O Monge e o Executivo", de James C. Hunter conta a história de um executivo, chamado John Daily, que está enfrentando problemas com os empregados da fábrica em que trabalha, com sua mulher, com seus filhos e com o time de futebol que ele treina voluntariamente. Em outras palavras, está falhando em todas as lideranças que assumiu em sua vida.
Após anos e anos de sonhos e estranhas coincidências, apresentados de maneira bastante superficial e desnecessários ao desenvolvimento do enredo, somados a uma indicação e uma curiosidade em conhecer um famoso e admirado executivo que está “desaparecido” há alguns anos, John acaba concordando em ir passar sete dias em um mosteiro.
Lá, John, junto de mais cinco companheiros – um pregador, uma diretora, uma técnica, uma enfermeira e um sargento – aprende lições importantes para qualquer um que deseja algum dia ser um bom líder e, vou mais além, para qualquer um que queira ter bons relacionamentos de qualquer tipo. E quem ensina é o famoso executivo que John desejava conhecer, que resolveu virar monge após a morte de sua esposa, Leonard Hoffman.
O livro possui um conteúdo bem interessante, com idéias e valores essenciais para qualquer pessoa que viva em sociedade, mas que são deixadas de lado a cada dia. Fala sobre a importância de respeito, bondade, generosidade, compromisso, entre outros, para que se possa alcançar a verdadeira liderança, aquela em que as pessoas escolhem servir ao invés de serem obrigadas a isso.
O grande, problema do livro, no entanto, é a pobreza da escrita. Ao mesmo tempo em que Hunter sabia muito bem sobre o que queria falar, ele aparenta não ter a menor idéia de como colocar isso num livro. E pouco ou nenhum talento para escrever.
Os diálogos são forçados, muitas vezes parecendo roteiro de uma peça para crianças de até sete anos, cheios de repetições e reafirmações óbvias. Forçados também são os personagens. Eles sempre falam exatamente o que se é esperado que fale para dar continuidade ao assunto, como se fosse pré-ensaiado, seja de maneira positiva, como a diretora, a enfermeira e o pregador costumavam fazer, seja de maneira contrária, como o sargento.
O sargento, Greg, é o personagem mais estereotipado do livro e fica óbvio que foi colocado ali apenas para ter alguém que discordasse de tudo e gerasse debate. O problema é que, se houvessem dez bons argumentos que Greg poderia ter utilizado, ele usava um décimo primeiro fraco e que poderia facilmente ser derrubado. Dessa forma, os debates, importantes para pessoas que a princípio não concordasse com o conteúdo do livro, eram fracos, vazios e com pouco poder de convencimento.
Outro problema, que mostra a pouca habilidade de James C. Hunter é que até a metade do livro, ele vai colocando suas idéias e prendendo a atenção ao livro. Depois disso, ele começa a se repetir, querendo reforçar, e fica extremamente cansativo. Apenas pro final é que ele volta acrescentar conteúdo à sua obra.
De um modo geral, "O Monge e o Executivo" é muito útil para quem quer aprender sobre lideranças. Desde que o leitor se atenha ao que é dito no livro e ignore a forma como é dito, é um livro que realmente irá mudar o leitor, a maneira como ele vê o mundo e suas prioridades. Há livros mais interessantes no mercado que se referem aos mesmos valores e comportamentos, mas provavelmente esse é o mais direto, por isso, mais indicado para quem prioriza evolução, deixando o entretenimento para segundo plano.