LuizaLuize 31/05/2024
Não traiu!
Desde o início do relacionamento Bentinho se prova um homem ciumento e obsessivo. Desconfiando até de olhares que Capitu direciona as pessoas que transitam pela estrada.
Com o falecimento de seu "amigo" de longa data, ele conclui que houve um caso entre sua esposa e o defunto, pois ao presenciar as lágrimas de Capitu ele vislumbra um sentimento obsceno, que o leva à conclusões infundadas. Analisando tudo de forma imparcial, é notável os sentimentos de Bentinho por Escobar. Acredito fielmente que, o que ele vislumbra entre as lágrimas de Capitu seja um reflexo de seus próprios sentimentos. As similaridades notadas em Ezequiel, o seu filho, tratam-se de uma manifestação de seu luto, no qual ele persiste em personificar o falecido no seu descendente para lhe suprir a dor da perda.
Diante disso, concluo que sua persistência em acreditar que foi traído seja uma forma de justificar tanto o seu amor por Escobar, quanto sua rejeição por Capitu, mulher que até o final provou-se fiél à um homem que dúvida de sua fidelidade.
Minha experiência com a leitura: foi o meu primeiro contato com Machado de Assis, e admito que a narração não me cativou. Acredito que o livro cumpriu o seu objetivo como obra, e reconheço sua singularidade. Mas não é algo que me fascinou. Provavelmente eu sou simplória demais para compreender a genialidade, mas isso é algo que apenas releituras futuras poderão confirmar.